domingo, 25 de julho de 2010

Aguaviva – Porque faz bem ouvir...



A minha proposta musical de hoje é um mergulho no passado, mais exactamente, ao princípio dos anos setenta do Século XX. Qualquer tentativa de alindar esta proposta com grandes “testemunhos” e adjectivos seria inútil. Primeiro, porque a maioria de vós tem estas músicas na memória, tanto quanto eu. Segundo, porque os poetas são Rafael Alberti e Blas de Otero… e não há nada que eu possa acrescentar a isso. Terceiro, porque quem canta é o grupo “Aguaviva”, que foi (digo eu…) o melhor grupo musical de Espanha… até onde eu me lembro.

Fiquem com estas duas grandes canções, em que as palavras originais dos poetas sofreram ligeiras adaptações, para melhor se casarem com as melodias... e se tiverem a minha idade, regressem aos nossos vinte e poucos anos.

Bom domingo!


En el principio (Me queda la palabra)
(Blas de Otero)

Si he perdido la vida, el tiempo, todo
lo que tiré, como un anillo, al agua,
si he perdido la voz en la maleza,
me queda la palabra.
Si he sufrido la sed, el hambre, todo
lo que era mío y resultó ser nada,
si he segado las sombras en silencio,
me queda la palabra.
Si abrí los labios para ver el rostro
puro y terrible de mi patria,
si abrí los labios hasta desgarrármelos,
me queda la palabra.


Balada para los poetas Andaluces de hoy
(Rafael Alberti)
¿Qué cantan los poetas andaluces de ahora?

¿Qué miran los poetas andaluces de ahora?

¿Qué sienten los poetas andaluces de ahora?

Cantan con voz de hombre, ¿pero donde están los hombres?

con ojos de hombre miran, ¿pero donde los hombres?

con pecho de hombre sienten, ¿pero donde los hombres?

Cantan, y cuando cantan parece que están solos.

Miran, y cuando miran parece que están solos.

Sienten, y cuando sienten parecen que están solos.

¿Es que ya Andalucia se ha quedado sin nadie?

¿Es que acaso en los montes andaluces no hay nadie?

¿Qué en los mares y campos andaluces no hay nadie?

¿No habrá ya quien responda a la voz del poeta?

¿Quién mire al corazón sin muros del poeta?

¿Tantas cosas han muerto que no hay más que el poeta?

Cantad alto. Oireis que oyen otros oidos.

Mirad alto. Veréis que miran otros ojos.

Latid alto. Sabreis que palpita otra sangre.

No es más hondo el poeta en su oscuro subsuelo.

encerrado. su canto asciende a más profundo

cuando, abierto en el aire, ya es de todos los hombres.


“Me queda la palabra (En el principio)” – Aguaviva
(Blas de Otero/Aguaviva)



“Poetas andaluces de ahora” – Aguaviva
(Rafael Alberti/Aguaviva)

15 comentários:

Anónimo disse...

Lembrar os Aguaviva, e já agora o Manolo Dias o Patxi Andion e o Paco Ibanez todos da mesma época....

Mário disse...

"Creo en ti, patria. Digo
lo que he visto: relámpagos
de rabia, amor en frío, y un cuchillo
chillando, haciéndose pedazos
de pan: aunque hoy hay sólo sombra, he visto
y he creído."

Blas de Otero

"Decidme de una vez si no fue alegre todo aquello
5 x 5 entonces no eran todavía 25
ni el alba había pensado en la negra existencia de los malos cuchillos."

Rafael Alberti

(Extractos)


Obrigado

samuel disse...

Anónimo (00:16):
Pois... mas hoje são mesmo os "Aguaviva".
Aliás, se fosse para lembrar os outros todos, o post nunca mais acabava, pois esses três, evidentemente magníficos, estão muito longe de ser todos. :-)))

samuel disse...

Mário:
Obrigado, eu!
"Conviver" com estes nomes é um prazer... partilhar a mesma profissão, há quase quarenta anos, é um privilégio.

Maria disse...

Não faz três horas estava em Montejunto a cantar, com um grupo, os poetas andaluces... que coisa...

Abreijos.

Justine disse...

Poetas andaluzes de hoje e de sempre! Fazem parte de nós, estas duas:))
Bom domingo, eu fico cantarolando!

trepadeira disse...

Sólo gracias e un saludo.
mário

Graciete Rietsch disse...

Como eu me lembro desse Grupo e dessas Canções!!!!!!!
Fizeram -me, de facto, regressar a um tempo em que eu, mais nova, ainda vivia cheia de confiança.
Mas o espírito de luta e a esperança, mantenho intactos e ouvir esses poemas e esses cantores dá-me ainda mais mais força.

"As palavras são armas"

Um beijo.

samuel disse...

Mário (das 00:40):

Esclarecida a "não relação" com o outro Mário... o que mostra que, não havendo tantos Mários como Marias... mesmo assim há vários. :-)))

Abraço.

Fernando Samuel disse...

Belas, belíssimas recordações.

Um abraço.

Mário disse...

Samuel, sem dúvida demasiados, enquanto os houver de apelido soares.

Daniel disse...

Este é um dos momentos altos da poesia e da balada espanholas.
Fiz-te uma quadrazita, Samuel, como insignidicante agradecimento,que aqui deixo:
Cantigueiro, cantigueiro,
Canta cantigas de amor.
Porque o amor verdadeiro
Não sofre nem causa dor.

E, porque os poetas andaluzes cantamm em Castelhano, aqui fica também a adaptação possível:
Viajero, viajero,
Canta canciones de amor.
Porque el amor verdadero
No sufre ni da dolor.
Um abraço.
Post scriptum - Olha que "Pelo sonho é que fomos" é digno destes poetas.
Daniel

Camolas disse...

Intemporais, ou melhor grandes temporais de música e poemas. Belo casamento!!!

duarte disse...

só conheço agua viva faz 15 anos.
Foi no Algarve, em Lagoa, que ouvi pela segunda vez esta música e letra , que nunca mais esquecera.
de vez em quando(como agora) , lá a ponho a tocar.
abraço do vale

Mário A. Ferreira disse...

Que sensação tornar a ouvir estas músicas que como as baladas do nosso grande Zeca Afonso me transportam ao tempo em que acreditava que algo ia mudar. Tendo por casualidade estar a cumprir serviço militar em 25/4 tantas ilusões...que tristeza ao final destes anos ver como isto está