sábado, 18 de julho de 2009

As súbitas paixões





"Era um general tão estúpido, tão estúpido... que até os outros generais deram por isso!"
(Autor desconhecido, de um Século anónimo)

"A cultura é tão importante, tão importante... que até Sócrates e Cavaco deram por isso!"
(Adaptação aos nossos tempos, da citação anterior)

Antes de mais, devo declarar que acho Guimarães um espanto de cidade, com um Centro Histórico precioso de tão bonito e que ir ser Capital Europeia da Cultura lhe assenta como uma luva.

De qualquer modo, o que me traz aqui hoje, é o espanto que causam estas súbitas paixões pela cultura manifestadas tanto pelo Senhor Presidente do Conselho, como pelo Senhor Presidente da República.

Claro que, infelizmente, o primeiro está apenas a prolongar quanto pode o sketch teatral do arrependimento por não ter investido o suficiente na dita cultura nos últimos quatro anos (o famoso e quase único erro que “admite”) e a aproveitar a época eleitoral para atirar uns milhões para cima de alguns protegidos e gradas figuras do meio artístico internacional. Já no caso ainda mais deplorável do segundo e como se pode ver por algumas das suas algo extemporâneas “declarações de amor” à cultura, estas só acontecem porque alguns dos seus assessores lhe devem ter soprado ao ouvido que “essa coisa da cultura” é uma actividade que dá lucros, pode criar muitos postos de trabalho e que em muitos casos, tem um retorno dos investimentos que faria inveja a muitas empresas e empresários da treta que andam por aí.

Tirando isso, deixem-nos apaixonar-se à vontade e investir na cultura! Pode ser que alguma parte dos milhões, mesmo que pequena, caia em campo fértil e frutifique...

11 comentários:

Maria disse...

Pode ser...
Mas estou de acordo com o que dizes, o primeiro está a queimar os cartuchos que ainda lhe restam numa operação de charme, a ver o que ainda pode safar.
O segundo, bem, só espero que os assessores que tem não lhe digam que faz parte da nossa cultura comer bolo rei de boca aberta...

Abreijos
e até já

salvoconduto disse...

A parte que cai para a cultura nada terá a ver com a que cai para empresas e empresários será sempre obscena, veja-se o que aconteceu aqui com o Porto 2001!

Até cá deixaram uma casa da música que custou cinco vezes mais do que o previsto. É fartar vilanagem!

Por falar em música, diz à tua companheira que gostei de a ver hoje na RTP Memória. Virtudes do zapping!

Abraço.

Miguel Jeri disse...

Ora bem, evolução da verba do Orçamento de Estado para a cultura:

(...) "0,37%, em 2006, 0,32%, em 2007, valor que se repete em 2008, e 0,27% em 2009 (...)"

Dados retirados daqui (sessão a que assisti, bem participada e que foi uma excelente iniciativa do sector intelectual do Porto do PCP)

Abraços

Fernando Samuel disse...

Dizem eles: quando ouço falar em cultura, levo logo a mão à... carteira...

Um abraço.

irlando disse...

Entrou qualquer coisa no olho.

Antuã disse...

Que cultura?

Miguel Jeri disse...

Pelo Castendo tomei conhecimento desta colecção de desenhos "Caricaturistas contra o Golpe nas Honduras"

Fica aqui o link. Vale a pena dar uma espreitadela.

O Puma disse...

Grande parelha

samuel disse...

Ainda bem que gostaram deste belo par de jarras tão "culturais"!

Saludos generalizados!

duarte disse...

não concordo. tem havido estrume que chegue para as culturas!...
abraço com os pés no estrume.

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

Cultura? Penso que este (des)Governo, só a teve no capítulo das intenções; nada mais. E se nos lembrarmos, nas demais áreas vitais que em campanha eleitoral de Fevereiro/2005, este ainda 1º M, prometeu quase tudo?. Que vemos?. Só não disse que aquilo (na altura) eram palavras que ele estava a deitar pela boca fora ...
Agora em novo estilo (pró americano; já cá estão a trabalhar na "matéria") as suas "aparições públicas, pré campanha Eleitoral", pautam-se pelas mesmas promessas de 2005 !!!. O tempo parou, ou o Engº SÓcrates, pensa que os Portugueses sofrem todos de amnésia?. Lá sofrer sofrem, e bem, face ao estado de pantanas em que está o país, a nível económico e social.
Por favor, poupe-nos ...