Sarita
Sarita mora no musseque,
sofre no musseque,
mas passeia garrida na baixa
toda vermelha e azul,
toda sorriso branco de marfim,
e os brancos ficam a olhar,
perdidos no seu olhar.
Sarita usa brincos amarelos de lata
penteado de deusa egípcia
andar de gazela no mato,
desce à cidade
e sorri para toda a gente.
Depois, às seis e meia,
Sarita vai viver pró musseque
com os brancos perdidos no seu olhar!
António Cardoso (1933-2006)
(No reino de Caliban II - antologia panorâmica de poesia africana de expressão portuguesa)
15 comentários:
Muito bonito este poema. Um hino à beleza da mulher negra. Um hino à beleza e à cobiça. Gosto de como termina, com uma certa ambiguidade. Quem leva quem no olhar? Existem belos poemas de literatura africana de expressão portuguesa. Boa onda!
Um abraço
Lindo, Samuel!
:))
Demasiado lindo. Não resisti à tentação e apropriei-me dele para o "momentos".
Fica aqui a confissão da minha fraqueza e um abraço.
Uma das mulheres mais belas que vi na minha vida foi uma negra canadiana. Apeteceu-me dizer: "Black is beautiful". Mas receei ser mal interpretado.
Lindo! Não conhecia.
Abreijo
Belo o poema, feio o musseque de Luanda, pelas últimas fotos que vi há poucos dias.
Abraço.
Bonito poema este.
Boa ideia. Um abraço.
Que bem que sabe a beleza pura. E negra. Do poema e da foto!
Um dos meus poetas angolanos preferidos.
Alex Campos
um abraço
Além do poema,que é lindo.Obrigado pela fotografia Samuel.
António Cardoso é um dos GRANDES...
Um abraço.
Um veradeiro quadro à beleza, este post! magnífico!
Um hino
Abraço
Desconhecia tal beleza poética.
lindo!
Ainda voltarei ao António Cardoso, um dos grandes, como diz o Fernando Samuel.
Abreijos!
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