O senhor Daniel Bessa, ex-ministro de Guterres, seguindo o exemplo de muitos outros ex-ministros, por esse mundo fora, que passeiam por colóquios, conferencias e jantaradas várias, o grande saber e talento que quase sempre não revelaram enquanto estavam nos governos, foi dizer umas coisas a Aveiro.
A dada altura, no que a princípio pareceria um toque de humor, mas afinal era a sério, afirmou que a famosa gaffe de Manuel Pinho, na China, quando tentou atrair investimento para Portugal “gabando-se” dos baixos salários portugueses como se de uma vantagem se tratasse, em vez de gaffe, foi afinal uma das coisas mais acertadas que disse.
Aqui, o senhor Bessa tomou o freio nos dentes e saiu disparado. Não só essa afirmação de Pinho foi acertada, como essa ideia deve tornar-se num “desígnio nacional”. O país deve, segundo ele, fazer um “controlo férreo” dos custos, portanto, dos salários. Logo a seguir mete os pés pelas mãos, “lamentando” o facto de, devido ao baixo poder de compra dos portugueses, a procura interna estar estagnada. Mostrando que afinal não é tão inteligente como se diz, esquece-se de que a esmagadora maioria das empresas portuguesas produz exclusivamente para o consumo interno.
Não será preciso ser astrofísico para perceber que todo e qualquer aumento do poder de compra dos portugueses se reflectirá directa e imediatamente no dia a dia dessas empresas e nos seus balanços... mas não para o senhor Bessa! Esse aconselha as empresas a manter os salários e todos os custos de produção (exceptuando os ganhos dos gestores, certamente) ao nível mais baixo que for possível... e dedicarem-se à exportação. Aconselha mesmo algumas empresas a deslocalizarem alguns sectores da sua produção para países com ainda mais baixos salários, abandonando o país.
A menos que esteja a falar para meia dúzia de grandes empresas, que representam muito pouco para Portugal, tanto em número de postos de trabalho, como em receitas para o Estado, mais dois ou três casos excepcionais de PMEs realmente viradas para o mercado externo, este argumento do ex-ministro é tão pedestre que se torna bastante difícil classificá-lo de maneira educada.
Os senhores ex-ministros Pinho & Bessa que me desculpem a comparação, mas lembram-me os grandes relvados dos jardins, sempre “minados” de poias. Quando pensamos que conseguimos evitar uma, é exactamente no movimento de nos desviarmos que acabamos por pisar a outra.
10 comentários:
"Pedestre" é um bom adjectivo: qualificativo do género masculino, singular. Como se dizia no meu tempo.
Já as "poias" são muito substantivas...
Porque é que eles não se calam?
Abreijos
Sim - e é perfeitamente normal, ético e visa uma estratégia nacional, apregoar que aqui se paga mal - autoriazando, assim, quem cá vem a continuar a pagar mal!
Era aí que o Pinho devia ter saído! Isto dos chifres? Brincadeira de garotos perante estas alarvidades!
Beijos
É por ter "bestas" destas, os animais que me desculpem, que somos o "rabo" da europa. Dinheiro gera dinheiro, e se os salários aumentassem a economia interna rejuvesnecis, o poder de compra aumentava e a procura de produtos também. Assim, com gente desta que ora estão no governo, ora fora, mas com os pés lá dentro estamos sempre tramados. Tenho esperença que nas próximas legislativas se lixem mais um bocadinho. O povo não é parvo como eles julgam.
-Sem tirar nem pôr o capitalismo está num beco sem saída.
-Se puxa o lençol para cima cobrindo a cabeça, mostra os joanetes...se faz o seu contrario fica com a careca à mostra.
-O mais engraçado é que ainda há quem dê ouvidos a estes "prof" de economia que se preocupam muito com as mil e uma maneiras de roubar que vive a vida a trabalhar.
Estes economistas da praça, fazem-me sempre lembrar o Mestre Alexandrino, com previsões que nunca acontecem e explicações para o que nunca sonharam.
Mas que são muito bem pagos, lá isso são !!!!
E se é chato pôr a pata na... poia!...
Um abraço.
Este Daniel não tem um S a mais? Não será Daniel Besta?
Não serão eles as poias?
Gostei do poias. Mas Samuel, as poias secam e até fazem bem à terra.
Estes bessas, pinhos, catrogas, talones e belmiros, etc., etc. não secam, secam-nos a todos e à economia. São uma máfia e uns sacanas cruéis que não exprimem tudo o que pensam.
Os seus desígnios são RASGAR os papéis que suportam os direitos dos trabalhadores, reinar no mercado especulação, da ganância e da liberdade total do comércio.
Os trabalhadores, todos os Homens, tem de organizar uma resposta a esta trupe de abutres e malfeitores.
Abreijos colectivos!
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