sexta-feira, 24 de julho de 2009

Sarita



Sarita

Sarita mora no musseque,
sofre no musseque,
mas passeia garrida na baixa
toda vermelha e azul,
toda sorriso branco de marfim,
e os brancos ficam a olhar,
perdidos no seu olhar.
Sarita usa brincos amarelos de lata
penteado de deusa egípcia
andar de gazela no mato,
desce à cidade
e sorri para toda a gente.
Depois, às seis e meia,
Sarita vai viver pró musseque
com os brancos perdidos no seu olhar!

António Cardoso (1933-2006)
(No reino de Caliban II - antologia panorâmica de poesia africana de expressão portuguesa)

15 comentários:

Kaotica disse...

Muito bonito este poema. Um hino à beleza da mulher negra. Um hino à beleza e à cobiça. Gosto de como termina, com uma certa ambiguidade. Quem leva quem no olhar? Existem belos poemas de literatura africana de expressão portuguesa. Boa onda!

Um abraço

anamar disse...

Lindo, Samuel!
:))

Aníbal C. Pires disse...

Demasiado lindo. Não resisti à tentação e apropriei-me dele para o "momentos".

Fica aqui a confissão da minha fraqueza e um abraço.

Daniel disse...

Uma das mulheres mais belas que vi na minha vida foi uma negra canadiana. Apeteceu-me dizer: "Black is beautiful". Mas receei ser mal interpretado.

Maria disse...

Lindo! Não conhecia.

Abreijo

salvoconduto disse...

Belo o poema, feio o musseque de Luanda, pelas últimas fotos que vi há poucos dias.

Abraço.

Mnauel Norberto Baptista Forte disse...

Bonito poema este.
Boa ideia. Um abraço.

Justine disse...

Que bem que sabe a beleza pura. E negra. Do poema e da foto!

Anónimo disse...

Um dos meus poetas angolanos preferidos.

Alex Campos

um abraço

irlando disse...

Além do poema,que é lindo.Obrigado pela fotografia Samuel.

Fernando Samuel disse...

António Cardoso é um dos GRANDES...

Um abraço.

LuNAS. disse...

Um veradeiro quadro à beleza, este post! magnífico!

Mar Arável disse...

Um hino

Abraço

AnaMar (pseudónimo) disse...

Desconhecia tal beleza poética.
lindo!

samuel disse...

Ainda voltarei ao António Cardoso, um dos grandes, como diz o Fernando Samuel.

Abreijos!