Pergunto-me que raio habitará por estes dias os canis dos órgãos de informação, já que os cães, ao que parece, estão todos instalados nas redações. Passo a explicar.
Na noite de sábado, numa das várias “revistas de imprensa” difundidas pelas televisões, um “ricardo-qualquer-coisa e jornalista” comentava as primeiras páginas dos jornais de ontem, domingo. Fixei três pontos:
1. Passou a correr pela grande manchete do Correio da Manhã (link do DN) , onde se falava das quase seiscentas mil crianças que perdem o abono de família... apenas para garantir que o Governo teve o cuidado de “proteger” os mais desfavorecidos e os casos desesperados.
2. Passou a correr pela grande notícia do Público (sem link), que fala das muitas dezenas de “sedes” que os grandes grupos económicos portugueses têm vindo, sistematicamente, a instalar em outros países europeus e alguns “paraísos fiscais”, roubando milhões ao Estado português, com esta massiva fuga ao fisco. Para além de uma ligeira referência ao facto de os pequenos empresários e os trabalhadores, não poderem fazer nada do género e terem, portanto, que pagar os seus impostos, nem uma palavra de crítica a esta notícia. Apenas a opinião de que, perante o agravamento do cenário fiscal, em Portugal, «é natural» que as empresas desviem os seus capitais e impostos...
3. Logo a seguir, debruçou-se, desta vez muito interessadamente (pena não ter caído diretamente com os queixos!) sobre as nojentas declarações do cardeal patriarca de Lisboa, quando resolveu fazer um ataque sórdido aos sindicatos e a todos os que ousam lutar e protestar contra as medidas criminosas da troika e do governo Passos/Portas. Diz o destacado gerente da Igreja Católica Portuguesa que são essas pessoas que defendem os seus «interesses particulares»... e não aqueles que exploram todo um povo, sem contemplações. Chama-lhes "grupos de classe" e compreende-se a sua dureza de palavras, já que a "luta de classes" tem o condão de pôr os nervos em franja aos patrões do cardeal patriarca... tanto na Terra como no Céu.
Sobre as declarações do “pio” Policarpo, não há nada de novo. Fez o seu trabalho! Antes que o ruído de um ou outro padre ou bispo possa induzir alguém em erro quanto à verdadeira posição da Igreja Católica portuguesa, o cardeal põe os pontos nos is: estão do lado dos poderosos, como sempre estiveram.
Desta vez, o jornalístico comentador já não poupou nos elogios, dizendo que este apoio expresso da Igreja às medidas da troika e de Passos Coelho vem na melhor altura, para ajudar os cidadãos a melhor aceitarem e “entenderem” os sacrifícios que «todos temos que suportar».
Claro que o indigente comentador, quando vomitou este “todos temos que suportar”, nem se lembrou de que tinha acabado de falar (sem uma crítica, como já disse) nos multimilionários que fogem ao fisco com milhões e milhões... mas também... o que é que isso interessa? Os multimilionários são tão poucos... não é?
13 comentários:
O comentador e o comentado do ponto 3. são dois vómitos.
Abreijos.
Ora aí está!
Uma postura de classe. Assumida! Esse senhor (gajo) está contra a classe explorada que defende os seus interesses de classe, e está ao lado da classe exploradora e defende os seus interesses grupais.
Mas quem é que vai em grupos? Nós?
Ma Caldas, há objectos de culto apropriados. Com manguito e apito!
Grande abraço
Boa Malha
a lata destes gajos dá-me asco!
vovómaria
Li no CM, um "cardeal criticou as reenvidicações em tempo de crise...", segundo se pode concluir só devemos reenvidicar quando estivermos bem, por agora só nos resta ir para a porta da igreja mendigar caridade...
Ou seja, o revivalismo do velho Portugal de Cerejeira e Salazar em que a pobreza obrigava à sujeição.
"As igrejas são património do povo e deveriam passar para as mãos do estado para ajudar a pagar a crise" - gostava de ver se ele ficava calado!!!
Um abraço do altar
A roda tanto anda até que desanda,e já começa a chiar.
Um abraço,
mário
Da gente de sotaina não há nada de aproveitar.
O Policarpo está do lado oposto ao de Jesus.
Estes «ricardos-qualquer-coisa» estão cada vez mais na mesma... e estes policarpos-deus-os-guarde estão cada vez mais cerejeiras...
Um abraço.
Os "Cerejeiras" em flôr vieram mais tarde este ano,foi depois das troikas.Os escribas lacaiotes estão sempre na crista da onda dos 35 anos do nosso descontentamento com a roubalheira organizada!
Abraço
Deus tem cá uma paciência...
O Clero está novamente como em 1973,fazer a caridadezinha para encher os bolsos aos capitalistas é a política fascista que estes beatos aplaudem,porque também comem da mesma gamela.
BJS,
GR
Estamos, novamente no antes de 25/Abril/1974?!!!... Parece que sim! E, vejam frades e freiras a pavonearem-se com o seu ar de caridadezinha encoberta!!!...
Estou farta deles! Estou farta deles só mandam vir, a sua governança!!!.....
Saudações
Vicky
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