sábado, 20 de outubro de 2012

Manuel António Pina (1943 – 2012)


Sétimo Dia

Voltámos, um a um, da tua morte
para a nossa vida como quem regressa a casa
de uma longa viagem. Para trás ficaram recordações, países,
e agora é como se te tivéssemos sonhado.
A voz que, diante da escuridão, suspendemos
quando se desmoronou o mundo para o fundo de ti
erguêmo-la de novo para os afazeres diurnos
e para as horas comuns.
Ainda ontem estávamos sozinhos diante do Horror
e já somos reais outra vez.
A própria dor adormeceu no nosso colo
como um animal de companhia.
(Manuel António Pina, in "Atropelamento e fuga" - 2001)


Embora reconhecendo que, por vezes, caio momentaneamente em tentação... desejar a morte a alguém não faz parte do meu temperamento.

Mesmo assim, tendo que ver António Pina partir e conhecendo a estirpe de muitos dos que vão continuar a escrever e infestar os jornais e televisões diariamente... 

Rais parta isto!!!

8 comentários:

do Zambujal disse...

Vai fazer-nos. E custa ver partir quem, ainda que não o conhecessemos, tanta companhia nos fazia!

Um abraço

Maria disse...

Se pudessemos escolher... mas ainda bem que não podemos.
Fica a poesia, embora mais pobre.

Abraço.

trepadeira disse...

É,por vezes parece haver uma injustiça planeada,mesmo na morte.

Um abraço,
mário

São disse...

Ai nem imaginas como te compreendo.

Paz para ele e um abraço para vós.

Rogério G.V. Pereira disse...

...é que a morte, de esquecida, deixa o mal e leva o bem...

RC disse...

Também fiquei triste com este desaparecimento...

Graciete Rietsch disse...

Muito sinceramente lamento a morte de Manuel António Pina.
A vida é muito injusta.

Um beijo.

Maria da Luz disse...

A melhor coisa que podemos fazer é ler os seus livros é banal e muitos o dizem,mas nesta ocasião,faltam-me palavras,tivesse o talento,a capacidade de usar as frases certas,e
outra coisa escrevia.