Sétimo Dia
Voltámos, um a um, da tua morte
para a nossa vida como quem regressa a casa
de uma longa viagem. Para trás ficaram recordações, países,
e agora é como se te tivéssemos sonhado.
A voz que, diante da escuridão, suspendemos
quando se desmoronou o mundo para o fundo de ti
erguêmo-la de novo para os afazeres diurnos
e para as horas comuns.
Ainda ontem estávamos sozinhos diante do Horror
e já somos reais outra vez.
A própria dor adormeceu no nosso colo
como um animal de companhia.
(Manuel António Pina, in "Atropelamento e fuga" - 2001)
Embora reconhecendo que, por vezes, caio momentaneamente em tentação... desejar a morte a alguém não faz parte do meu temperamento.
Mesmo assim, tendo que ver António Pina partir e conhecendo a estirpe de muitos dos que vão continuar a escrever e infestar os jornais e televisões diariamente...
Rais parta isto!!!
8 comentários:
Vai fazer-nos. E custa ver partir quem, ainda que não o conhecessemos, tanta companhia nos fazia!
Um abraço
Se pudessemos escolher... mas ainda bem que não podemos.
Fica a poesia, embora mais pobre.
Abraço.
É,por vezes parece haver uma injustiça planeada,mesmo na morte.
Um abraço,
mário
Ai nem imaginas como te compreendo.
Paz para ele e um abraço para vós.
...é que a morte, de esquecida, deixa o mal e leva o bem...
Também fiquei triste com este desaparecimento...
Muito sinceramente lamento a morte de Manuel António Pina.
A vida é muito injusta.
Um beijo.
A melhor coisa que podemos fazer é ler os seus livros é banal e muitos o dizem,mas nesta ocasião,faltam-me palavras,tivesse o talento,a capacidade de usar as frases certas,e
outra coisa escrevia.
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