quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

José Afonso (Eu engano-me na letra, mas o Vitorino e o Samuel dão uma ajuda...)





No dia 29 de Janeiro de 1983, já vão 26 anos, à hora a que publico este texto, o Zeca estava nos bastidores do Coliseu dos Recreios de Lisboa, preparando-se para entrar em palco e dar o seu derradeiro concerto.

O “meu” Zeca particular e intransmissível é outro. Está vivo, nunca está doente (excepção feita a umas sinusites teimosas), pratica judo, canta como ninguém, faz-me acreditar que em 1973 já estávamos a um passo da liberdade, ilumina os meus vinte e um anos, faz cantigas que ficaram na História, à minha frente e com a minha modesta “ajuda” técnica, faz-me gravar o meu primeiro disco e leva-me para cantar com ele em locais incríveis e proibidos...

Como sou uma perfeita negação na arte do culto da imagem e uma desgraça na gestão de “carreira”, até há bem pouco tempo nem sequer uma fotografia tinha em que estivesse com ele.

Um amigo, em boa hora, resolveu oferecer-me esta grande imagem, recordação de um “Canto Livre” realizado num quartel da região de Lisboa, em 1975, com Zeca Afonso, Vitorino e um estreante (eu mesmo, o guedelhudo da ponta esquerda). O amigo em causa, era militar nesse quartel e foi um dos que se “arvorou” em cantor e foi connosco para cima do estrado, cantar a Grândola.

Todos achávamos que o mundo e a vida estavam apenas a começar, que a reacção não passaria, que a noite não voltaria às nossas ruas e que iríamos ter o Zeca a cantar connosco para sempre...

Pelo menos nesta parte do Zeca, acertámos!

20 comentários:

anamar disse...

E está a fazer anos que partiu...
Abracinho!

Clube Europeu ESJAL disse...

Muito bom o que aqui escreveu. Vou, com sua licença, colocar um link do meu post, de hoje, para aqui.

João Carlos disse...

Pegando nessa parte de que o mundo e a vida estava apenas a começar fez-me lembrar um comício na Fábrica Portugal no Sabugo e naquela parte em que o companheiro VASCO disse que

"ou estamos com a revolução ou com a reacção, não há meias tintas...
eu ainda estou com a revolução.
Fiquei emocionado com essa memória!

jrd disse...

TOdos julgávamos que o mundo e a vida estavam apenas a começar: Os que cantavam e os que escutavam. Todos!
Abraço

Anónimo disse...

Boas amizades e recordações o tempo jamais leva!

Cloreto de Sódio disse...

Afazeres, uns bons, outros manhosos, afastaram-me durante algum tempo da leitura dos seus textos, sempre espantosamente verdadeiros. Pois ponha lá a minha assinatura neles todos. Sinto-os como meus. Se não for abuso. Um abraço.

Anónimo disse...

Bons e inesquecíveis tempos, até na idade. Pena o Zeca e o Adriano já se terem ido.

Abraço.

Nocturna disse...

Que saudade Samuel !
O que nós sonhámos !! Este país poderia vier a ser um lugar mais justo, com falhas é claro, mas com governantes que estariam atentos às vozes dos que tinham coragem para lhes dizer o que não estava bem. Nem nos meus piores pesadelos eu podia imaginar que iria viver o que estamos a viver hoje.
Que fazer ?
O pior é esta amargura de saber que as próximas eleições não vão mudar nada.
Não me obriguem a vir para a rua gritar ...
Um abraço nocturno e desanimado

samuel disse...

Anamar:
Será lembrado por todos nós, estou certo.

Swt:
Obrigado!
E era preciso pedir?

João Carlos:
E cada vez mais estarão!
São memórias marcantes...

Jrd:
E ainda não foi dita a última palavra!

Caim:
Pelo menos, estas!

Zero à Esquerda:
Primeiro limpo a baba... depois, sim senhor, fica lá aposta a assinatura ☺

Salvoconduto:
Está na altura de se fazer mais para não desperdiçar a sua memória, sobretudo, sem ser em dias marcados, uma vez por ano...


Abreijos colectivos.

Fernando Samuel disse...

E não é pouco importante, essa parte em que acertámos...


Um abraço.

Hilário disse...

Samuel,

Que belas recordações!

Que cheiro a Liberdade!

Um Abraço

Anónimo disse...

Bons tempos amigo, bons tempos.

Abraço

samuel disse...

Nocturna:
E continuamos a sonhar! O que faz falta... é que venham mais cinco, hoje, amanhã, depois...

Fernando Samuel:
Vai dando um grande alento na jornada.

Hilário:
Dá força para o que por aí vem...

Ferroadas:
Grandes!...


Obrigado pelas visitas.

fj disse...

o guedelhudo da ponta esquerda... e... bem mais magro!
Ehehehe!!
Abraço

bela foto...uma boa recordação. aproveito e faço copy :)))

Cristina Loureiro dos Santos disse...

Saudades do Zeca... Do Adriano...
Mas concordo consigo, Samuel, Eles continuam a encantar-nos com as suas vozes lindas e as suas mensagens de esperança sempre actuais. Mas quando me aperta a nostalgia também me lembro desses tempos em que tudo ia ser possível a curto prazo apenas porque queríamos. Mas eu sou optimista, um dia vai ser, e não é só retórica.

Um abraço, o seu blog continua excelente.

Cristina Loureiro dos Santos

samuel disse...

fj:
Vieram uns kilitos, mas em compensação, foram-se os cabelos :-)))
A recordação, essa não se altera nem envelhece.

Cristina Loureiro dos Santos:
Vai ser! Se não, estaríamos a fazer aqui exactamente o quê?
Obrigado!


Abreijos colectivos.

duarte disse...

sempre ,samuel,sempre...
Estamos ,estaremos com essas vozes presentes
E que tremam os bandidos , sacanas , fascistas e outros pseudo-socialistas
O eco dessa voz liberta
soltará amarras
partindo pedras
rachando fragas
e voltaremos a cantar zeca
abraço do vale

Maria disse...

E depois de andar aqui horas às voltas o que é que eu posso dizer?
Que tenho saudades, que continuamos aqui, que isto há-de fazer sentido, um dia, sei lá...

Abreijos depois do vendaval

Silvestre Raposo disse...

Olá Samuel quem te enviou a foto fui eu, não me "arvorei" de cantor, estou em palco a cantar porque fui um dos que organizou aquele espectáculo,assim como os outros que estão em palco.Também organizamos os espectáculos que se seguiram naquele Quartel a EPSM em Sacavém.Estamos em palco a pedido do Zeca e o espectáculo não foi em 1975, mas sim em 3 de Maio de 1974. abraço.

augusta disse...

23.02.2021.
aqui estou. lendo o Samuel.
Lembrando o Zeca!