quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Perguntar, pode-se, digo eu...







Ponto prévio: Aborrecer Sua Excelência o Senhor Presidente do Conselho de Ministros, seja em que circunstância for, é uma coisa má, além de muito feia!

Animados pelo espírito desta ideia fundadora de qualquer “democracia” que se preza, os representantes da nossa justiça, decidiram levar a julgamento oito cidadãos portugueses. A saber, uma estudante do ensino secundário, três activistas utentes de transportes e quatro sindicalistas. Ao que parece, para além de cometerem sem nenhuma espécie de pudor o que foi referido no ponto prévio, fizeram-no, pasme-se, sem prévia autorização!

O "crime" foi cometido em 2006. Pouco tempo depois, foi mandado arquivar pelo Ministério Público, só que entretanto, alguém que pelos vistos manda mais, ordenou que fosse reaberto, que os "criminosos", meses e meses depois dos acontecimento, fossem identificados e levados a julgamento.

Sim... já se sabe que manifestações, só com aviso prévio e licença do Governo Civil... mas os réus afirmam que aquilo foi uma manifestação espontânea, que se fosse uma coisa organizada pelos sindicatos não teria (como teve) apenas umas dezenas de pessoas a contestar Sócrates... que existe o direito à manifestação... que a liberdade de expressão é sagrada...


Estou quase devidamente esclarecido. Digo “quase” porque há duas coisas, menores, sem dúvida, que me estão a atazanar. 
Dado que nestas aparições de Sócrates, paralelamente às eventuais manifestações de contestação há quase sempre (como foi o caso na “manifestação” em causa) um grupo de cidadãos que apoia, ovaciona e dá vivas ao chefe do Governo, gostaria de saber:

1. Em que dia é que esses cidadãos deram entrada no Governo Civil de Braga, com o pedido de autorização para a sua manifestação de apoio a José Sócrates e quando é que essa autorização foi dada?

2. Se nada do citado no ponto anterior se tiver verificado, porque é que nenhum desses apoiantes e admiradores do Primeiro Ministro está ( como estão os contestatários) a ser julgado pela prática do acto de “manifestação ilegal”, ou para lhe chamar o mesmo que os acusadores,  "crime de desobediência qualificado"?

7 comentários:

Anónimo disse...

Palpita-me que ainda vais de cana...então não sabes que as manifestações de apoio ao sr. Sousa estão tomaticamente legalizadas para todo o território nacional com excepção claro para aquela faixa de céu por cima da casa do sr. Silva.

Vê lá se t'inxergas!

Maria disse...

Por enquanto, pode-se perguntar. Por enquanto...
Um dia destes tentas entrar no "Cantigueiro" e o blogue foi-se...

Abreijos

Anónimo disse...

O Sr. Sousa,com S de Salazar, é uma figura veneranda que só tolera manifestações de apoio. tudo o resto é subversivo, terrorista e criminoso.

Nocturna disse...

Perguntar, pode-se... mas não sabemos,até quando.
Aplaudir Sua Excelência,não precisa autorização,até devia ser OBRIGATÓRIO.
Até quando, esta situação ?
Ao que nós chegamos ! ao que nós deixámos as coisas chegarem !!
Não há direito à esperança para os portugueses ?
um abraço nocturno e desanimado.

cicuta disse...

E a actuação da Polícia em Almada em que cidadãos (umas duas dezenas de cidadãos) numa zona pedonal são agredidos pela Polícia para deixar passar os carros e uma Senhora foi hospitalizada com um traumatismo Craniano, com a justificação que os carros estavam a passar devagar, numa zona em que só podem passar a 10 Km hora.
A preocupação da Polícia em apagar as fotografias nos telemóveis e maquinas fotografias das pessoas que assistiram deixa-me extremamente preocupado.
Leiam relatos no Gaia.
Perante os cidadãos cumpridores a Polícia está a tornar-se muito corajosa

Fernando Samuel disse...

Não estás a ver a «coisa», samuel: é que para aplaudir o chefe não é preciso autorização, era o que faltava...

Um abraço.

Dona Sra. Urtigão disse...

Obra até então desconhecida de Kafka ?