(Lura - fot. Nana Sousa Dias)
Lura nasceu em Lisboa em 1975. É uma dessas novas portuguesas com a cor do café na pele, somada (neste caso) à grande dose de “cafeína” na voz forte e açucarada.
Para poder cantar e compor em criolo, a língua falada pelos seus pais e avós cabo-verdianos, teve que fazer um profundo regresso às raízes. Tão bem o fez que hoje é, muito justamente, uma das grandes figuras da música de Cabo Verde.
Ouvir Lura é sempre um prazer. Neste vídeo, pela forma como “entendeu” a cancão, pela dignidade e contenção da sua interpretação em vez do “teatro” que seria a fatal tentação de muitos, é um prazer ainda mais especial... mais o calor extra de me fazer recordar as várias sessões de cantigas que partilhei com o grande angolano Rui Mingas, autor da música, a quem tantas vezes a ouvi, ao vivo, só com a sua viola.
Monangambé
(António Jacinto/Rui Mingas)
Naquela roça grande
não tem chuva
é o suor do meu rosto
que rega as plantações;
Naquela roça grande
tem café maduro
e aquele vermelho-cereja
são gotas do meu sangue
feitas seiva.
(Todo o poema, aqui)
Bom domingo!
“Monangambé” – Lura
(António Jacinto/Rui Mingas)
9 comentários:
Que bom ouvir neste final de dia agitado a voz quente de Lura, neste poema do António Jacinto.
E que saudades de ouvir o Rui Mingas!
Abreijos
Não foi há muito tempo que alguns tiveram o privilégio de ouvir o Rui cantar numa noite quente Luanda, aquilo deu quase até de manhã, e continua em grande forma.
Magia que sucede quando menos esperamos
Eu estava lá, acho que contei isto ao Samuel quando veio aqui aos meus lados
Excelentes «recordações», estas.
Bom domingo.
Abraço.
Vivi 5 anos na Angola colonial. Boa parte numa fazenda de Café (Nova Louzã).
Este poema e esta canção são o melhor testemunho da vida que os seus trabalhadores naturais levavam. Ainda assim, os homens, e particularmente os meninos, conseguiam ter momentos felizes. Que recordo com nostalgia da minha infancia ...
Nuno
Obrigado!
Arrepiante de belo. E de facto muito contida, digna, Lura é um expoente, que constrói o seu caminho sem estridências, vedetismos bacocos.
Obrigado, Samuel, pela partilha.
Luís
Lindo!!!
Muito obrigado por este momento.
Abreijos gerais...
Até arrepia!...
Enviar um comentário