sábado, 4 de abril de 2009

Tejo que levas as águas... *




Assistir a um telejornal, quando a redacção, mesmo sem entrar em grandes pormenores, resolve dar uma volta por alguns dos nossos “casos” da actualidade, é uma provação que não desejo a ninguém que tenha acabado de comer. Só muito a custo se consegue segurar uma refeição no estômago, assistindo ao desfile de, por exemplo:

Mesquita Machado, presidente da autarquia de Braga, que exibe uma fortuna que de maneira alguma poderia ter justificação na sua actividade enquanto presidente da Câmara, fortuna essa que já “sobra” para vários membros da família mais chegada, todos eles com ainda menos explicações possíveis para o património que são “obrigados” a pretender que ganharam, de alguma maneira, trabalhando.

Saber que ao fim de oito anos de investigações, a polícia desiste de tentar saber de onde lhe vem a fortuna. Por falta de provas. Por falta de meios. Por exaustão... pelo menos se pensarmos nos anos em que a tal “investigação” esteve parada, possivelmente para descansar de tão grande actividade.

Mais uma absolvição de não sei o quê que terá feito Pinto da Costa, não porque não o tenha feito, mas porque não foi possível provar, porque as provas que havia não estavam dentro das normas “não sei das quantas” e não puderam ser aceites, há gravações onde se diz tudo tim tim por tim tim, mas as gravações não podem ser aceites porque “tal e coisa”... com os eternos basbaques na rua a gritar “Vitória! Vitória!”, sem saberem o que estão a vitoriar...

Um primeiro ministro que, sabe-se agora, reuniu com o ladrão compulsivo (Oliveira e Costa) na época em que este já tinha tomado de assalto o BPN, opinando, ou intermediando uma venda do grupo económico (SLN) proprietário do Banco Português de Negócios, ao Grupo Carlyle, do nosso conhecido amigo de Soares, o crápula ex dirigente da CIA, Frank Carlucci, o qual há pouco tempo também havia comprado nada mais nada menos do que o Freeport, peça central da “campanha negra” que envolve exactamente o mesmo primeiro ministro...

Até que chegamos ao “maluco da aldeia” essa figura mítica que se pode encontrar por todo o país e obviamente, também em Oeiras, “aldeia” onde dá pelo nome de Isaltino de Morais.

O carácter verdadeiramente alucinado das “justificações” que o homem dá para cada uma das coisas de que está acusado, faria chorar as pedras da calçada, se estas fossem dadas a chorar a rir. Não vale a pena enumerar as “pérolas” que vão desde o “Quem é que não assina sem ver?”, até ao “Toda a gente fazia o mesmo!...”

A minha preferida, hoje, foi a que resultou do depoimento da sua antiga secretária, sobre quem ele teria feito alguns inglórios “avanços”. Para explicar as grandes somas de dinheiro vindo “não sabia de onde”, que passaria pela sua conta bancária, a senhora acabou por confidenciar que Isaltino lhe entregou o dinheiro porque estava a meio de um processo de divórcio e não queria que “a outra parte” soubesse que ele possuía tanto dinheiro, declaração logo a seguir “validada” pelo autarca, quando disse que ela falara verdade no tribunal.

Ou seja: para tentar explicar os depósitos numa conta bancária da secretária, ele prefere assumir publicamente que no processo de divórcio ter-se-á comportado como um verdadeiro canalha. E acha normal... E ninguém, na verdade, fez muito caso do “pormenor”.

E os basbaques que no Porto vitoriavam Pinto da Costa, nem precisam de se deslocar a Oeiras para reeleger Isaltino como próximo presidente da Câmara, porque em Oeiras, como um pouco por toda a parte, existem basbaques iguais e em número mais do que suficiente!

Resumindo, assim não há jantar que caia bem!



11 comentários:

salvoconduto disse...

Não há rio que consiga lavar tantas trafulhices. Não te caiu bem? Estás tramado, porque amanhã há mais do mesmo. Agora é a vez do Costa, o ministro da justiça, no caso Freefort...

Abraço e bom fim de semana.

São disse...

Se já está com o aparelho digestivo com problemas, é melhor prepar-se porque ainda vai tragar dose maior...
Bom fim de semana, também para a Maria.

Maria disse...

Hoje o mar de Peniche levou-me todas as (m)águas...
Nestes dias aqui percebo como é bom saborear um jantar - hoje coelho com ameijoas - sem TV à frente.
Tem uma desvantagem: sinto-me completamente ignorante porque não sei o que se passa "no país e no mundo" há três dias... não fossem os blogues...
Mas é bom para lavar a cabeça por dentro.

Abreijos

Antuã disse...

Ouvir rádio ou ver televisão à hora de jantar é bom para quem queira manter a linha.

Anónimo disse...

Pois. O pior é que enervo-me e ainda como mais. Mas eu já sei o que fazer, de vez em quando desligo o televisor. Assim, sempre evito de o partir à pedrada.

Campaniça

duarte disse...

Há que manter o corpo bem alimentado e preparado pró que der e vier...
abraço do vale(atarefadíssimo)

Cs disse...

Este é o esgoto que vai desembocar no pobre rio.

BlueVelvet disse...

Lido assim,tudo junto, ainda custa mais.
Não há de facto estômago que aguente.
Abreijinhos

Aurora disse...

Está na altura de aconselhar a malta a ler ou reler o «Conde de Abranhos» do Eça e ver ou rever a trilogia «O Padrinho».

Fernando Samuel disse...

A foto ilustra bem o texto - e não há Tejo que chegue para levar tanta coisa...

Um abraço.

samuel disse...

O tejo... mais a nossa "ajuda", talvez vão lavando o que for mais premente...