Ao fim de 36 anos confirmou-se o que já se sabia. Víctor Jara foi torturado, esmagaram-lhe as mãos, vararam-no com dezenas de balas.
Ao fim de 36 anos voltamos a lembrar o Estádio Chile cheio de trabalhadores, intelectuais, estudantes, militantes de partidos de esquerda e democratas em geral, que aos milhares ali foram encerrados, para dia após dia serem torturados e assassinados, enquanto se instalava definitivamente a ditadura militar de Augusto Pinochet, idealizada, cozinhada e levada a cabo a partir dos gabinetes da CIA e da Casa Branca.
Ao fim de 36 anos o seu país tentou sarar essa ferida, dando-lhe um funeral de Estado, acompanhado por milhares de chilenos. Não o que merecia, pois o que Víctor Jara merecia era continuar vivo, ou, a ter já morrido, que tivesse sido de morte natural, rodeado pela ternura da sua família e amigos e não vítima de assassinos.
Ao fim de 36 anos proclamou-se o que já se sabia. Víctor Jara era um homem íntegro e bom!
Manifesto
(Victor Jara)
Yo no canto por cantar
ni por tener buena voz
canto porque la guitarra
tiene sentido y razon,
tiene corazon de tierra
y alas de palomita,
es como el agua bendita
santigua glorias y penas,
aqui se encajo mi canto
como dijera Violeta
guitarra trabajadora
con olor a primavera.
Que no es guitarra de ricos
ni cosa que se parezca
mi canto es de los andamios
para alcanzar las estrellas,
que el canto tiene sentido
cuando palpita en las venas
del que morira cantando
las verdades verdaderas,
no las lisonjas fugaces
ni las famas extranjeras
sino el canto de una alondra
hasta el fondo de la tierra.
Ahi donde llega todo
y donde todo comienza
canto que ha sido valiente
siempre sera cancion nueva.
"Manifesto" - Víctor Jara
(Víctor Jara)
14 comentários:
Há trinta e seis anos no Chile hoje nas Honduras, a mesma gente.
Abraço.
Perante estas tuas palavras eu calo-me. Mas canto. Com Victor Jara!
Obrigada, Samuel.
Abreijos
deixei isto no tempo das cerejas mas qt mais gente souber melhor:
«Benditos carrascos
Alberto Gonçalves em crónica numa revista elogiou a actuação dos carrascos de Vitor Jara - que ao terem-lhe partido a mão com que tocava guitarra fizeram um grande favor à música.
Este tipo escreve no jornal Diário de Notícias (antes esteve no Correio da Manhã) e na revista Sábado embora tenha da crítica musical o conceito seguido por Khomeini - um tirano em que em regra a Cofina e os jornais de Marcelino costumam malhar.
Gonçalves vem na senda de outros epígonos medíocres de Miguel Esteves Cardoso e faz parte de um grosso leque de comentadores que aposta mais na graçola parva do que na inteligência - uma gente que nasceu à sombra d'O Independente, jornal que pode nunca ter deixado a verdade estragar uma boa história mas mudou o jornalismo em Portugal.
Possivelmente, e tal como eu, o nazi Gonçalves nunca ouviu sequer o Vitor Jara. Mas achou que tinha um piadão elogiar a tortura de outro ser humano.
Tenho um nome para esta gente - e acho que as mães que a formaram até merecem o epíteto - mas não vale a pena subir o nível com eles. ns
»
Apesar da raiva demencial dos nazis do nosso tempo, Victor Jara continua vivo em cada um de nós.
É isso que os enfurece e amedronta.
Campaniça
E o Vítor continua a luta ao nosso lado.
Obrigada camarada por esta magífica homenagem a Victor Jara que tão bem cantou o Mundo Novo. E, plagiando Álvaro Feijó, eu digo
"Se os homens quisessem
E os homens vão querer"
Um abraço.
Esta homenagem é, também, para os que homenageiam Victor Jara e o tomam como indispensável e imperecível referência.
Um abraço muito forte para os que não mudam de trincheira segundo os ventos...
Os que querem de facto um mundo melhor continuarão, sempre do mesmo lado fazendo justiça aos que deram a vida por um povo, como foi o caso de Vitor Jara.
É preciso não deixar esquecer, e o teu post é a homenagem merecida. Obrigada,amigo!
E abraços grandes
Hoje no Chile familiares e descendentes de Pinochet ocupam quadros superiores de empresas privadas estratégicas! só para informar...
Ainda assim é bom, de vez em quando, vermos confirmado o que só nós dizíamos...
Um abraço.
Que não venham agora dizer que a sua musica transcendia barreiras politicas.
Que não tentem pegar neste simbolo do movimento revolucionário sul-americano e transformá-lo em mais uma marca para ser explorada em nome de uma democracia que representa apenas a vontade de alguns poderosos.
Salvoconduto:
Sempre os mesmos...
Maria:
Cantaremos!
Anónimo:
Dediquei um post aqui a essa besta, a 5 de Maio de 2008, na altura em que o escreveu. Não merece mais!
Campaniça:
Sobretudo porque não conseguem entender...
Antuã:
Sempre!
Graciete:
É preciso e urgente que queiram!
Do Zambujal:
Felizmente ainda há muitos destinatários para esse abraço!
Gabriela:
Porque é o que está certo!
Justine:
Beijo!
Membro do Povo:
Como cá...
Fernando Samuel:
Devem pensar que depois de tantos anos... já não os compromete tanto...
JMJ:
Não faltarão tentativas.
Abreijos colectivos!
Samuel, acho que disse tudo.
Mas eu, na verdade, acho que Victor Jara continua vivo nos nossos corações, em todos os corações das pessoas íntegras e boas.
A sua música e a sua voz estão sempre connosco, não se calam. E a sua luz continua a brilhar. E ainda bem, porque nos fazem sentir que ainda continua a haver esperança para o mundo.
:**
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