sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Amália Rodrigues e as outras “estrelas”



Ainda não está claro para mim se Amália Rodrigues foi mais beneficiada ou mais fustigada pelo seu “fado”. Uma vida passada entre aplausos sinceros ou calculistas, amigos reais ou “amigos” interesseiros, reconhecimento mundial e tentações suicidas, diz-me que foi de tudo um pouco. Como diria Ary, um dos seus grandes poetas, “Fadista é certo mas de cetineta / fulgurante demais para alguns olhos...”

O que sei é que muito acima dos enormes sucessos e das pesadas injustiças que viveu e suportou, foi uma artista e criadora inimitável e incomparável, produtora de um caudal de lucros e rendimentos que já alimentou muitos e, pelos vistos, continuará a alimentar outros tantos mais, no futuro.

De tudo tem sido feito em sua “homenagem”, desde coisas boas e honestas, até produtos aberrantes, feitos por gente que confessa não gostar sequer de fado, para além de terem conhecido o trabalho e a própria figura de Amália propositadamente para “cozinhar” às três pancadas as “homenagens”, que depois um marketing selvagem se encarrega de transformar no “supra-sumo da batata frita”.

Vendo esta velha ilustração de 1953, uma imagem rara de Amália, que poucas vezes apareceu a dar a cara em publicidade, ocorreu-me que na verdade não sei se “nove de cada dez”, mas seguramente a maioria dos seus imitadores e “homenageadores”, possuem apenas uma coisa que se podem gabar de ter em comum com a enorme Amália: a possibilidade de (se quiserem) também usarem Lux.

8 comentários:

Fernando Samuel disse...

E para esses, terem essa possibilidade já é demais...

Um abraço.

Pisca disse...

Samuel
Andam por aí uns, diria chulos do fado, que vão juntando uma malta jovem, alguns com algum talento, mas na sua maioria com nomes daqueles com seis apelidos, de preferência da linha.
Aproveitam-se da vontade dos "piquenos", e como isto agora do fado está a dar, é ir a todas.
Depois engendram uns espectáculos de "homenagem", a quem já se foi ou está quase a ir, e aí estão eles.
Os próprios já só cantam em trio, ou seja, dois a segurar e ele no meio, mas lá se vai enganando meio mundo ou nalguns casos nem isso
Se querem nomes ? Procurem e estejam atentos
Claro a Amália então é um maná

São disse...

...será que merecem mesmo usar também Lux?

Bom fim de semana.

Clube Europeu ESJAL disse...

Disse bem.

Graciete Rietsch disse...

Amália foi além dos seus apoios salazarentos quando contribui generosamnte para auxílio dos presos políticos. E era uma maravilhosa cantora de fados que até aprendeu a escolher os seus poetas,
Beijos.

Joseph disse...

Muitas vezes não são os artistas a «colaborar» com os regimes opressores e fascistas mas sim estes a aproveitar-se do prestígio e valor, de reconhecimento popular, e não só, e a servirem-se para alcançar os objectivos políticos mais tenebrosos.Veja-se o que fez Hitler com Wagner.
Parece-nos que Amália teve também os seus actos de contrição.
Agora a «patologia» existente é um fenómeno que merece análise e uma atitude mais eficaz perante o oportunismo existente.

J.F.

vermelho disse...

Ou Rexona, para lavar a quina!
Abraço.

samuel disse...

Per tutti:
Por tudo o que se conhece da vida de Amália e de uma boa parte do que lhe fazem depois de morta, acho que por cada "Grande Amália!, se justificaria um "Pobre Amália!"...


Abreijos colectivos!