quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Teixeira dos Santos – Descaramento, ou pouca vergonha?



Se existe coisa que se deva evitar, e sabem os deuses todos do Olimpo que eu tento (muitas vezes sem o conseguir), é falar de coisas, dando opiniões que, no caso de estalar a polémica, não se possam defender por falta de conhecimento profundo das matérias em discussão.

Assim, seria absolutamente suicidário pôr-me para aqui a tecer comentários “técnicos” sobre este Orçamento de Estado cozinhado com, ou melhor, pela direita, mais uma vez assente nos baixos salários e trabalho precário. Mais uma vez apontando para o costume: a incompetência dos governantes e a ganância (quando não mesmo os crimes) dos gestores vão ser pagas pelos trabalhadores.

Claro que num país formatado há séculos para viver de mitos e mentiras, formou-se um verdadeiro exército de trabalhadores e ex-trabalhadores, que apesar dessa sua condição, nem por isso deixam de alinhar com as posições mais reaccionárias que lhes vão sendo impostas. Só assim se entende que ontem, pela hora do jantar, estivesse a decorrer uma sondagem televisiva em que os resultados provisórios apontavam para mais de cinquenta por cento de inquiridos que achavam que SIM, que se devia congelar os salários dos funcionários públicos.

Como outros, este é um dos tais mitos que é muito difícil desinstalar dos cérebros “lavados” por décadas de propaganda. De que adianta dizer e mostrar que o salário médio da Função Pública nem deve passar muito dos 700 euros? De que serve denunciar o facto de muitos e muitos milhares de trabalhadores da Função Pública não levarem para casa mais do que o Ordenado Mínimo Nacional? De que adianta gritar que tantos e tantos aposentados, depois de uma vida inteira a trabalhar para o Estado, estão a perder o valor das suas aposentações?

Nada! Nada adianta! O mito segundo o qual os funcionários públicos são uns privilegiados, é inabalável!

Exactamente por isso, quando vi este homem, Teixeira dos Santos, Ministro das Finanças, gozando com a cara dos trabalhadores ao dizer na televisão «Vou propor aos sindicatos que este ano não se vá além do congelamento dos salários», fiquei sem palavras para classificar este “moderno e socialista conceito de proposta” e, sobretudo, sem nomes para chamar ao senhor ministro... nomes que estejam dentro das normas da educação elevada e profundamente cristã... que se vê logo que toda esta gente teve.

18 comentários:

salvoconduto disse...

Parece que combinámos os posts de hoje. Provavelmente seria inevitável.

Abraço.

cetautomatix disse...

Isto é a dialéctica, meu caro Samuel. Se deixasse de haver filhos da p***, contra quem nos insurgiríamos?

Daniel disse...

Contaram-me, ainda quando a ditadura estava para durar, que um deputado demonstrou na Assembleia Nacional que um português podia viver com 20$00 por dia. Foi muito aplaudido. Depois da sessão, foi almoçar ao Tavares. A meio da refeição recebeu um telefonema. Alguém lhe perguntou simplesmente isto: "Então, um português pode viver com 20$00 por dia?"

São disse...

Como pessoa que dedicou toda a vida à função pública , recuso-me a dizer seja o que for: é que não quero descer ao mesmo nível!!

Deixo convite para passares pelo "SÃO": acho que irás gostar do texto de um senhor chamado Luís Eustáquio Soares.

Boa noite.

Miguel disse...

A justificação é simples:

http://www.base.gov.pt/_layouts/ccp/AjusteDirecto/Detail.aspx?idAjusteDirecto=7264

O dinheiro tem que vir de algum lado para "compras" como esta! E basta-nos um pequeno passeio pelo site para nos depararmos com outras pérolas: mesas que custam aos milhares, carros que custam aos milhões, viagens de avião de 10 mil e 20 mil euros, etc.

Oh minha gente, o que é preciso mais para irmos para a rua queimar esta corja toda numa fogueira?

Fir disse...

E ainda há uns privilegiados que trabalham para o Estado a falsos recibos verdes.
Num país de gente mesquinha e invejosa, um político só tem de escolher um grupo ao acaso e dizer que é privilegiado, e pronto, a guerra está instalada.
Há uns anos, um senhor com o apelido Silva disse que era preciso "esperar que os funcionários públicos morram". Num país civilizado, seria alvo de chacota e internado no Júlio de Matos. Em Portugal, foi eleito presidente da República.

Maria disse...

Nem tenho palavras para te comentar. Porque só me apetece chamar nomes feios porcos e maus a eles todos.

Abreijos

Anónimo disse...

Estamos a falar Revolução e, esta, meu amigo, escondeu-se em qualquer parte no seio da classe operária e de todos os trabalhadores.

Outro tempo cantavas, cantaram - O que faz falta é animar a malta/O que faz falta é organizar a malta, etc.

Andamos uns bons milhares à procura dela e no entanto, uns e outros para cada lado sem nos darmos conta que todos Unidos é que faz a força...

Não me façam ter saudades de Abril!

Quer Abril em permanência, em casa nas ruas..!

Cantemos todos a Revolução na rua para todos mesmo que não nos queiram ouvir...Ganhemos conhecimento revolucionário, ganhemos as massas cantando com elas a revolução.

E com a canção ensinar, organizar e lutar por outras madrugadas, por outras alvoradas revolucionárias!!!

Com respeitosos cumprimentos de "O Catraio"

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

Eu penso que é pouca vergonha porque "descarar" será em princípio ficar sem cara, o que convenhamos será quase impossível pois o senhor em questão, tem a mesma.
Então porque penso que é pouca vergonha?. Quanto a mim existem modos de procedimento que não estão correctos, nomeadamente a "actualização zero" na Função Pública; seguidamente a penalização sobre as pensões, e o restringir a novo emprego na função pública; como se não bastasse teremos (!?) "portagens" nas SCUT vias; depois a "distribuição de verbas por Ministério onde ressalta que o Ministério que menos receberá é o da Cultura, o da Justiça receberá menos de 2.ooo milhões de euros, o da Administracção Interna pouco mais de 2.000 milhões de euros, o da Saúde um pouco mais de 9.500 milhões de euros, e o da Educação pouco mais de 7.000 milhões de euros. Sem sombra de dúvida sectores fundamentais, que irão com "isto" ter sérios problemas.
Mas vá lá como nem tuodo é mau, podem ficar descansados que quem quiser pôr vidros duplos (sem dúvida muito úteis, diga-se) a despesa com os mesmos serão dedutíveis em IRS, bem assim como os ... isolamentos de telhados; há preservar (sem sombra de dúvida) para prevenir mais alguma pandemia.
Enfim, mais um documento fundamental com forte componente economicista e muito de anti-social.

Antuã disse...

Só me apetece chamar nomes feios a tal senhor execrável.

duarte disse...

não dá pra congelar o gajo?
temos de negociar a temperatura...
abraço do vale

beta disse...

Samuel descobri uma coisa lindissima. Se digitares "Kseniya Simonova - Sand Animation (Україна має талант / Ukraine's Got Talent)" (you tube), talves consigas aceder. E partilhar.
Um abraço.

rosa-dos-ventos disse...

Os 1ºs salários a congelar: o do Governador do Banco de Portugal,o do 1º ministro, os dos ministros e deputados. Já que gostam de copiar muita coisa, aproveitem agora porque foi isso que aconteceu já na Irlanda. Dos funcionários públicos pagarem sempre a factura já estamos cheios, já fede.
Bando de incompetentes!

rosa-dos-ventos disse...

Na Irlanda fizeram mais que congelar, cortaram nos vencimentos!

Fernando Samuel disse...

Descaramento? Pouca Vergonha?
Eu opto pelas duas hipóteses.
E por aqui me fico...

Um abraço.

pintassilgo disse...

É tempo do povo abrir os olhos e revoltar-se a caminho duma verdadeira revolução.

Anónimo disse...

Este povo ignaro e merdoso não se revolta. Não tem tomates, nem massa cinzenta nos cornos!... pelo que nunca se solidarizará para uma revolução que ponha esta corja de mafiosos no "poste".
Em 50 anos de ditadura, da mais abjecta, não tugiu nem mugiu!
Querem mais provas de que o tuga é retardado?
E a diatadura socretina sabe com quem lida...

samuel disse...

Per tutti:
Portanto... e para tentar resumir um rol de comentários que já vai bem longo, é descaramento e pouca de vergonha!
Direi mesmo, total falta dela!...

Abreijos generalizados!