Para hoje, uma velha canção de intervenção. Numa versão menos conhecida e, provavelmente, inesperada.
Porque aqui se canta um excerto do longo poema original, mas que não é a parte a que estamos habituados na voz do Adriano.
Porque cometo duas “maldades”: convocar para esta canção de intervenção, que tanto sentido faz na hora que vivemos, a voz de Amália Rodrigues e a poesia de Manuel Alegre.
A razão porque coloco aspas nas maldades... é porque a Amália não se afastou de nós. Foi empurrada! Porque as pessoas de esquerda também são capazes de fazer coisas muito tolas... e essa, se bem se lembram, foi uma delas. Quanto ao Manuel Alegre, porque embora tendo encetado há muitos anos um desvio no seu caminho inicial, desvio tão largo e longo, que ainda não terminou... a verdade é que nada do que ele faça ou diga pode apagar a memória, ou o significado e a importância daquilo que escreveu, ao tempo em que nasceu a “Trova do vento que passa” e ele tinha (como aqui cantava o jovem Adriano) “uns cabelos onde nascem os ventos e a liberdade”.
Fiquem pois com esta versão, com música de Alain Oulman.
Bom domingo!
“Trova do vento que passa” – Amália Rodrigues
(Manuel Alegre/Alain Oulman)
16 comentários:
...Porque as pessoas de esquerda também são capazes de fazer coisas muito tolas...
Principalmente quando as grandes figuras de esquerda portuguesa ou cristalizaram ou abalaram.
Mas no caso de Amália, do Benfica e de Fátima, é melhor nem contar aos mais novos.
Para quando uma homenagem, mais do que merecida a Amália, na Festa do Avante?
Não sou muito dado com o fado de Lisboa,foi uma completa,e agradável diga-se experiência.
Pois,asneiras todos fazemos,não convém tentar emendar umas fazendo outras.
Um abraço,
mário
Gostei de ouvir a Amália, fosse lá ela o que fosse, embora prefira o Adriano. Mas tamtém é preciso não esquecer que ela contribuiu ,com dinheiro, para os presos políticos.
Um beijo.
Dei todos os livros que tinha desse caçador. O homem irrita-me. Anda à babugem de tudo o que cheire a poder. E nem sequer disfarça: é arrogante,mete nojo! Poeta? Pois...
O homem anda à babugem de tudo o que cheire a Poder. Dei todos os livros de Poesia que tinha desse caçador. Não suporto gentalha arrogante e traidora. Mete-me nojo, quando ainda mexe para dizer nada. Poeta? Pois...
O homem anda à babugem de tudo o que cheire a Poder. Dei todos os livros de Poesia que tinha desse caçador. Não suporto gentalha arrogante e traidora. Mete-me nojo, quando ainda mexe para dizer nada. Poeta? Pois... Temos pena!!!
Luís Filipe Maçarico
Amália deu dinheiro para os presos políticos, porque conhecia de Alcantara a Alda Nogueira, e não o fazia por qualquer intervenção civica contra a ditadura, mas por mera caridadezinha.
Amalia foi uma grande cantora ponto final.
Mas foi um instrumento de propaganda da ditadura, sabia disso, e deixou-se alegremente instrumentalizar, porque dessa forma , teve muitas portas abertas de par em par.
Se querem homenagear nomes grandes da nossa cultura , têem o João Villaret , esse sim era anti ditadura dos quatro costados.
Fizeste muito bem em convocar a Amália. Se fosse eu a escrever o que dizes, ninguém ia acreditar.
Abraço
Parece que vão fazer uma homenagem aos anónimos na Festa do Avante.
Será que por causa deste post o Blog vai perder fieis leitores?
Ou vai ganhar imensos leitors novos e velhos?
Era uma curiosidade para satisfazer.
Amâlia foi,sem dûvida,uma pessoa com a qual nao me identifico,no entanto,reconheco que tem uma voz inconparâvel.Mas,teria a mesma projecao,sem os salamaleques ao Salazar?Claro que nao e,ainda hoje estaria ä espera da devida homenagem,que a merecia,e isso ê indiscutivel.
A "Praca da cancao" e o "Canto e as Armas"sao obras maiores de um poeta.Consigo separar o polîtico do poeta.
Ainda assim,prefiro a versao cantada pelo Adriano.Pode ter a ver com o hâbito,claro.
Conheço bem esta canção e cantada pelo Adriano Correia de Oliveira mas, também, é belo ouvi-la por Amália Rodrigues. Ela contribuiu com dinheiro para os presos políticos.
Vicky
A quem interessar:
A estória dos "salamaleques" de Amália a Salazar está relativamente mal contada e muito inflacionada!
Primeiro, porque seriam salamaleques inúteis: Salazar, pura e simplesmente, detestava "essa criaturazinha"… como lhe chamava com desprezo.
Quanto a ter cantado para "audiências" que agora consideramos reprováveis, outros o fizeram também e gozam agora de um estatuto de artistas progressistas, que (quase) ninguém põe em causa.
Quanto a uma homenagem na Festa do Avante, francamente… espero bem que não! Embora Amália não o desmerecesse (pelo menos não merece menos do que "Os Trovante")… em relação à esmagadora maioria dos que assistissem e muitos dos que organizassem, seria sempre um exercício de hipocrisia… que se dispensa bem.
Quanto à possibilidade aventada por um bem disposto comentário, sobre se com este post o "Cantigueiro" ganharia novos leitores ou perderia alguns… os que vierem serão bem vindos e os que, POR CAUSA DESTE POST deixassem de aparecer… seria porque já não estavam a fazer cá grande coisa. :-) :-) :-)
Abraço colectivo.
Samuel como eu tintendo.
Só por isso eu venho cá, discordando com frequência.
ganda cantigueiro (comentando o teu comentário) quem fala assim... não é como eu :)))))))
as tuas "entre linhas" estão bem mais que alinhavadas:).
haja pachorra!
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