sexta-feira, 12 de julho de 2013

Assunção Esteves – Que é que foi madame... a sardinha cagou-se?! *


Hoje quero falar do tão vistoso surto “histérico” da dona Assunção Esteves no Parlamento.
Antes de mais, devo dizer que sim, acho que a insistência em interromper os trabalhos da Assembleia da República é uma liberdade que pode acabar por ser confundida com desrespeito pelo Parlamento e pelos seus deputados. Acho que pode contribuir para alimentar o clima de desrespeito pelas instituições da democracia, desrespeito que se vê e ouve um pouco por todo o lado. Aqueles que, descuidadamente, agora aprovam tudo o que ali se grite e faça nas galerias, dificilmente terão argumentos para travar os grupos de neo-nazis, fanáticos anti-aborto, beatos moralistas, saudosos do fascismo em geral, ou outros que tais, que resolvam ir boicotar os trabalhos de cada vez que se discutir ou aprovar uma lei que não lhes agrade.
Defendo e defenderei a liberdade dos cidadão terem acesso às galerias do Parlamento... mas por uma questão de ar puro, de saúde, propagação do som e espaço para os braços, para as pernas e para os cartazes, a “casa” destas manifestações deve continuar a ser a rua.
Contra mim falo, que há bem pouco tempo participei na famosa “grandolada” ao Passos Coelho... uma estreia que, muito provavelmente, foi também a minha última “actuação” naquele palco... ou outro do género.
Posto isto, voltemos à vaca fria (acho que já não preciso mais de repetir que isto é mesmo uma frase-feita popular, que quer dizer “vamos voltar ao assunto principal”)!
Vendo o comportamento da dona Esteves no Parlamento, ocorreu-me, mais uma vez, que toda a série de clichés reservados às varinas e peixeiras, mulheres de trabalho duro e sofrido, clichés como “arrear a giga”, “descer das tamancas”, “atirar com a canastra”, “pôr a mão na anca”, “fazer uma peixeirada,etcetc... são, para além de sexistas, classistas e sobranceiros, muito injustos e, sobretudo deslocados.
Basta ver a facilidade com que uma sonsa, snob, muito bem penteada e vestida, espertalhaça, bem na vida, aproveitadora, xupista, reformada desde os 42 anitos com milhares de euros cada mês... consegue com grande maestria “arrear a giga”, “descer das tamancas”, “atirar com a canastra”, “pôr a mão na anca”, “fazer uma peixeiradaetcetc...
Deixando de lado a citação perfeitamente imbecil, direi mesmo canalha, tal o despropósito, com que resolveu “ilustrar” o acontecimento, a pretensão da dona Esteves, quanto à "revisão das regras" de acesso do público às galerias até poderia, hipoteticamente, ser discutível... mas uma coisa é certa: é urgente rever, profundamente, as regras de acesso aos lugares de deputado, em geral... e, em particular, ao lugar de Presidente da Assembleia da República!

* Observação absolutamente histórica feita por uma vendedeira de peixe do Mercado do Bolhão, a uma freguesa que não parava de cheirar, com ar desconfiado, as sardinhas. Funciona melhor imaginando o maravilhoso e musical sotaque portuense.

13 comentários:

Olinda disse...


A democracia ê uma fraude se se opoe aos direitos do povo.Povo este ,que estâ a ser esbulhado com a maior insensibilidade
desde o 25 de Abril.A Madame e todos que a defendem nao teem moral,nem credibilidade para impor o que quer que seja.

Um abraco


.

Anónimo disse...

Este tipo de manifestação no interior da Assembleia da República, tal como ela se realizou, de forma pacífica, faz todo o sentido. É um sério aviso aos ditadores e ditadoras que querem a todo custo calar a voz do povo que não se verga perante os insultos que lhe foram dirigidos por essa dita senhora sentada na sua cátedra de poder.
Tal como justamente os manifestantes gritaram, também digo:
25 De Abril sempre, fascismo nunca mais!

São disse...

rrrrss rrsss O comentário da peixeira é de antologia, rrrss


Também considero que se não deve abusar destes protestos na Assembleia da República pois podem dar azo a graves precedentes.

mas isso não justifica o desvario de Assunção Esteves e ,reconheçamos , Passos teve um muito maior poder de encaixe.

Bons sonhos.

Graciete Rietsch disse...

Já uma vez, nas galerias da Assembleia,um grupo de professores aposentados, em que eu me incluia, bateu palmas a uma deputada do PCP que se propôs estudar o nosso problema. Nada de desacatos, apenas manifestações de alegria por vermos que alguém nos dava razão. Não houve grandes problemas.Considero que essas manifestações espontâneas (nada tinha sido combinado), são bastante salutares. Mas a Exma senhora dona Assunção quer vedar a todos esse direito de manifestação o que é absolutamente anti-democrático. O que é necessário é saber distinguir o que é legítimo do que é protestar por protestar e criar confusão. Mas isso, com estes senhores/as, não acontece porque a sua qualidade de donos autoritários não o permite.

Um beijo.

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

Plenamente de acordo que também a eleição da 2ª figura do Estado seja feita de maneira diferente. Sabe-se hoje que sendo eleito/a por maioria absoluta dos votos dos Deputados e sabendo-se o "cozinhado" de algumas maiorias, seria muito bom que os Constitucionalistas se debruçassem sériamente sobre este assunto.
Nunca gostei de Assunção Esteves, porque tem tiques de pessoa arrogante e em algumas situações tem sido um pouco menos correcta como lida com as situações.
Para terminar, lembrar só que a Senhora em questão é agora por causa das suas funções "afecta" ao PSD.

Ana disse...

Poderá ser que sim que outros por lá se sentem mas o desespero de fazer ouvir a voz ou a vontade de cantar uma canção não pode levar quem o faz ou fez ao saldo do desânimo ou do já não faço mais. Até às eleições hipotéticamente marcadas por um hipotético para 2014 que não faltem nas galerias a coragem que impera nas ruas. Se não andam nos transportes públicos, se não fazem compras no mercado, se não vão a banhos à praia, é no parlamento que podem ouvir a contestação à sua ruinosa política.
Não é do gosto daquela gente dos partidos que têm estado no poder?
Também não é do meu gosto o que me fazem.
Com a polícia desalojam quem se senta nas galerias e protesta de viva voz.
Com o meu voto nunca permiti que quem se senta nos grupos parlamentares não mereça colectivamente o meu respeito e concordância.
Chegado a Lisboa quatro dias depois da revolução de Abril foi no aeroporto que um dirigente político desaparecido físicamente há poucos anos respondeu aos jornalistas sobre o futuro de Portugal e perante muitos milhares de pessoas: "- Confiança, o que é preciso é termos confiança!"
É essa confiança que eu tenho: também é pela luta é que lá vamos!

trepadeira disse...

Muito bem explicado,o da vaca fria,não fora haverem confusões indesejáveis.
Por enquanto,espero seja muito pouco,temos de aturar,digo,voltar à vaca fria.

Abraço,

mário

Antuã disse...


Ela é mais dos lados da Terra fria.

Maria disse...

A gaja foi um erro de casting. Não aplaudi a sua eleição, como muita gente fez pelo facto de ser mulher. A mim interessa-me gente séria. E daquela bancada não vem nada de bom.
E puseste-me a pensar se alguma vez tinha estada nas galerias da AR. Sim, uma ou duas vezes. Uma delas foi no dia (e noite) em que se discutiu a interrupção da gravidez, nos idos anos da década de 80, projecto-lei apresentado por uma deputada do meu Partido que mais tarde se vendeu por um prato de lentilhas.
Mas eram debates longos. Tão longos que saí da AR já era dia e o sol ia alto. Quando se faziam 'directas' e a idade o permitia...

Abreijos.

Luis Filipe Gomes disse...

O Texto está uma maravilha.
A Esteves sem metafísica acenou do microfone e ficou à porta da Democracia.
A frenética repetição do convite à saída mais parecia uma invectiva.

Lembrei-me de outro ditado sexista:
"Mulher séria não tem ouvidos."

Fiquei também a perguntar em pensamento: Porque julga a senhora merecer carrascos?

jrd disse...

Convenhamos que, Assunção Esteves, não obstante a sua carreira académica e profissional, não passa de uma loira ao pé de Simone Beauvoir -que era morena-... e não creio que seja suficiente, vir agora atenuar a bojarda com a justificação esfarrapada, de que se tratou de uma metáfora.
É que, comparar cidadãos espoliados e revoltados, com criminosos nazis, constitui uma afronta intolerável.
E já que a presidente da AG gosta tanto de mencionar a filosofa, aqui fica uma outra citação, esta sim, perfeitamente adequada ao que se passou na Assembleia da República: “É horrível assistir à agonia de uma esperança”

Abraço

Anónimo disse...

Antes de mais, "sotaque" do Bulhão, não é para si Samuel, não me parece que tenha estofo para chegar lá.
Depois a Assembleia não é um couro de teatro barato, mesmo tendo em conta as palhaçadas que por lá se dizem, principalmente pelo pcp/verdes... Não devia ter bancadas abertas a "trapalhões e (grandolões).
Agora um especto mais importante: Reparei que "aventou" daqui para fora um Nuno, que segundo você, fazia apologia fascista:) :). E logo alguns dos seus "beija-mão", vieram, e com razão, dizer que defender os fascismo é crime constitucional, mas e defender o Comunismo???? Não devia ter o mesmo tratamento legal? É habitual aparecer por aqui, um/a, NÃO ANÓNIMA Olinda, com uma foto de Lenine e se fosse uma foto de Salazar??? É que diferenças, só mesmo na boina, Salazar vestia um pouco melhor, era um pouco mais integro e principalmente, mandou matar muito menos gente, se bem que os pouco que mandou jamais será perdoado por isso e ainda bem.
M. D.

samuel disse...

Anónimo MD:

Interessante comentário!

Primeiro, quanto ao sotaque… não tenho estofo para lá chegar exactamente ao quê? A fazer o seu elogio sincero, como fiz, criatura?! :-)

Segundo, a Assembleira não é um "COURO"… porquê? É de plástico, de napa… é couro de imitação?

Terceiro e mais importante, se fizer um esforço mental, admito que grande… reparará que este blog é frequentado maioritariamente por anti-fascistas e comunistas. Logo, estranhar que defendam o comunismo e tenham nojo de fascistas, é tão patetinha que nem merece resposta.

Quanto ao elogio disfarçado a salazar… já sabe; este é o último que aqui faz.

Passar bem.