quinta-feira, 25 de março de 2010

Goebbels... e os aprendizes



«Uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade». Esta frase é atribuída a Joseph Goebbels, o homem da propaganda de Adolf Hitler. A técnica tem tudo para resultar. As pessoas, na sua maioria, fixam apenas as frases de grande efeito, as parangonas dos jornais, as aberturas dos telejornais e, regra geral, dão muito maior crédito a um boato do que a um debate de ideias. Repetir uma mentira mil vezes é a forma ideal de criar o clima propício para uma quantidade de coisas que pareceriam improváveis, como "justificar" o extermínio dos judeus e a invasão de países soberanos. Ainda há bem pouco tempo assistimos a este fenómeno, com a “criação mediática” das armas de destruição massiva do Iraque.

Os nossos tristes aprendizes de Goebbels, do alto da sua extensa mediocridade, não querem exterminar judeus nem invadir nenhum país. Não. Os crápulas que nos governam querem apenas criar as condições que permitam justificar (entre muitas outras coisas) os cortes nos subsídios de desemprego. Segundo a sua teoria, os trabalhadores desempregados, se não receberem subsídio, ou se este for substancialmente cortado, serão forçados pela fome a procurar emprego. Só que ninguém sabe bem que empregos são esses e a "teoria" não passa de uma canalhice, servindo apenas para poupar uns euros que irão pagar as mordomias de outros... que bem conhecemos. Trata-se, como sempre têm feito, de tirar a muitos para entregar a poucos.

Como num universo de mais de 600.000 desempregados, o número que há uns dias decidiram inventar, os tais 13 mil empregos que os desempregados alegadamente rejeitavam, era demasiado ridículo, os nossos “goebbelzinhos” decidiram subir a parada e o tom da provocação feita aos trabalhadores. Agora, apenas alguns dias passados, os tais empregos que ninguém quer aumentaram como que por milagre para 58 mil.

Não adianta dizermos que o subsídio de desemprego é um direito e não um favor. Não adianta sabermos que muitos destes “empregos” que alguns “empresários” dizem que têm para dar e ninguém quer aceitar, não passam de conversa fiada e de sucedâneos da frase fascista «para quem quer trabalhar, há sempre trabalho». Não adianta denunciar o facto de uma grande parte destes supostos “empregos” não passarem de trabalho precário, ou simples burlas em que os trabalhadores serão enganados durante umas semanas e a seguir descartados, quantas vezes sem chegarem sequer a ser pagos. Não adianta apontar os milhares de portugueses que optam pela emigração, em número que já iguala o "êxodo" dos anos sessenta do século passado, como exemplo de quem quer trabalhar. Não adianta desmascarar o facto de ao patronato interessar exactamente este clima: um mar de desempregados a quem podem oferecer “empregos” precários e mal pagos... ainda por cima com o respaldo do Governo.

De nada adianta, porque aos governantes do partido que ainda tem o descaramento de se denominar socialista, o que interessa é criar o clima que obrigue os desempregados a aceitar seja o que for, aonde for, por que preço for. Para isso basta que os “pequenos goebbels” da propaganda repitam mil vezes a mentira de que os desempregados, afinal, não querem trabalhar. É o bastante para colocar trabalhadores ainda com emprego contra trabalhadores desempregados, numa manobra política abjecta, ainda por cima executada por uma "sindicalista" com cara de sonsa, que enverga vergonhosamente o título de Ministra do Trabalho e da Solidariedade Social.

Somos governados por calhordas!

12 comentários:

Cloreto de Sódio disse...

Quando andava a pavonear-se em campanha, Sócrates prometeu 150.000 postos de trabalho logo que chegasse ao governo. O que ele não explicou foi que uma parte era para os amigos dele. Ó Samuel... você não percebe nada desta coisa da política. ABraço.

salvoconduto disse...

Facto é que muita gente ainda acredita, nessas e noutras.

aferreira disse...

"-Somos governados por calhordas!"
-Mas a culpa não é deles ou será?

Luis Ferreira disse...

Até dá a impressão que as pessoas estão desempregados, porque coitados, aquilo não dava e o patrão teve que fechar o negócio.
Não estão desempregados porque não há um efectivo controle por parte do estado em verificar as condições reais das empresas e até mesmo em fiscalizar os apoios que lhes atribui.
Os crápulas do costume e como de costume só vêem um lado e esse lado reflecte-se quando saem do governo como o teu post abaixo sobre o "jamais".
Arre porra, mas o povo não aprendem? Ou votam nestes ou nos outros - é preciso mudar este país ou o povo tem que mudar de país e eles que cá se governem.

Mário Pinto disse...

Cá na diáspora, todos os días somos mais!

Antuã disse...

A propaganda nazi é eficiente. Resta saber até quando.

Fernando Samuel disse...

Bom texto.

Um abraço.

Gomes disse...

É o capitalismo puro e duro, já sem disfarces.
Nem importa discutir onde e em que condições são esses famigerados "postos de trabalho".
Quando reina a total impunidade para as práticas que proliferam de estágios (em trabalho efectivo, cumprindo horários de 10 horas!)que não são remunerados, de trabalhadores com salários em atraso, de assédio sexual nos locais de trabalho, de milhares de trabalhadores com trabalho precário,de salários que se mantêm na linha de pobreza, estamos novamente na antecâmara da escravatura.
Nunca com agora foi tão oportuna a consigna"Trabalhadores, Uni-vos!"

Graciete Rietsch disse...

Mentira mais infame não conheço! Usar a exploração e o embuste para justificar o que chamam falta de vontade de trabalhar de um povo que "VIVE TÂO BEM À CUSTA DOS RENDIMENTOS MÍNIMOS, desprezando os óptimos empregos que lhes oferecem, é no mínimo miserável.
Até um dia. ACORDAI, HOMENS QUE DORMIS.

Um beijo.

Maria disse...

Os pães também se multiplicaram. Assim como o vinho... milagre, disseram uns tantos...
Para além de que há 'sindicalistas' que são apenas lacaios do patronato. Conheci alguns.

Abreijos

samuel disse...

Cloreto de Sódio:
É o meu mal...

Salvoconduto:
Desgraçadamente!

Aferreira:
Depois de descontada a nossa parte...

Luís Ferreira:
Nem mudando de país. Alguns vão lá para fora... e continuam a votar neles.

CRN:
Assim aumente também a consciência... a de classe, claro!

Antuã:
Não será eterna. Isso sabemos!

Fernando Samuel:
Abraço.

Gomes:
A unidade dos trabalhadores é fundamental, seja quando for!

Graciete Rietsch:
Colocar os pobres contra os ainda mais pobres...

Maria:
Conheceste?! Não pode ser!!! ☺ ☺


Abraço colectivo.

Miguel disse...

Sublinho cada palavra escrita no teu texto. Mas de facto, já "parávamos" de os pôr lá!