Mário Barradas acompanhado pelo encenadorr Joaquim Benite (à direita na imagem) com o qual preparava uma nova grande produção.
Mário Barradas foi um açoriano micaelense especial. Encenador e actor. Incansável, de uma energia e entusiasmo que “contaminavam” benignamente quem o rodeava. Entregou a sua vida ao teatro. Foi o pioneiro da primeira grande e séria aventura de descentralização teatral depois de Abril, criando o Centro Cultural de Évora no Teatro Garcia de Resende (hoje CENDREV), onde viria a funcionar uma também pioneira escola de formação teatral, responsável pela profissionalização de muitos jovens actores e de uma grande parte dos técnicos de teatro e demais artes do espectáculo que encontramos a trabalhar um pouco por todo o Alentejo.
Durante muito tempo e porque por vezes tenho sorte, quase sempre que ia a Évora fazer fosse o que fosse, tinha o prazer de o encontrar na rua e inventávamos tempo para um café e para pôr a conversa em dia.
Embora nos últimos tempos soubesse que era muito improvável encontrá-lo ali, continuava a ser possível... agora não será mais.
As minhas visitas a Évora serão mais tristes!
9 comentários:
A vida prega-nos sempre surpresas. Algumas tão desagradáveis...
Costuma dizer-se que a cultura ficou mais pobre, neste caso ficou mesmo.
Abreijos
o palco chora....
abraço do vale
E o nosso pobre teatro mais pobre fica!
... E para mim, que traduzi para ele e "Escola dos Maridos" do Molière e as "Baruffe Chiozotte" do Goldoni, também vai ser duro voltar a Évora, apesar dos muitos amigos do CENDREV com quem tenho trabalhado noutras coisas, o Gil Nave, o Cid, eu sei lá. O querido, o às vezes in suportável, o sempre senhor da sua arte, Mário. Incapaz de ceder nos princípios, sempre a refilar e às vezes com um flor bonita. Para os outros, provocador, umas palavras que me davam sol, embora eu soubesse do exagero: "Este tipo é o melhor tradutor português de teatro". Mas eu ficava agradecido: ere o óbulo do Mário pelo grande amor que eu tenho à arte.
Ai, Mário, Mário, nunca mais me voltas a explicar (invenção tua?) porque é que o Brecht bebia "schnaps" enquanto ensaiava. Um beijo, sem remorsos, nas tuas asas douradas, meu companheiro, meu camarada.
Luis Nogueira
Um até sempre e um muito obrigado por tudo o que criou e ajudou a criar e a crescer.
Ficamos todos mais pobres.
Conheci Mário Barradas em Moçambique (Lourenço Marques, tinha eu dezoito anos de idade. Participei numa peça de que ele foi co-encenador.Nesse tempo fazia-se bom teatro nessas paragens, em grande parte devido a ele. O seu funeral merecia honras de Estado.
A Cultura ficou mais pobre; o Teatro ficou mais pobre; nós - os amigos e os camaradas do Mário - ficámos mais pobres.
(dos quatro jornais diários de hoje que li, nenhum dá primeira página à notícia da morte do Mário - como se ele não fosse uma figura maior da Cultura portuguesa... ou talvez pelo facto de o ser...)
Um abraço.
Mário Barradas...
Nestes casos, as palavras estão sempre a mais ou a menos. Hoje tenho-as a menos.
Um abraço, Mário.
Daniel
Um grande abraço a todos os que aqui passaram!
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