sábado, 27 de março de 2010

Matem-se os mensageiros!



De toda a parte chegam notícias de estórias aberrantes vindas do clero. Notícias antigas, mais recentes e de hoje, que nos dão conta do pesadelo vivido por milhares de rapazes e raparigas marcados para toda a vida por actos execráveis, vítimas inocentes às mãos de centenas de padres e freiras... exactamente aqueles em que, por vezes, mais confiavam.

Quanto mais se levanta o véu que cobriu durante décadas a prática da pedofilia no seio da Igreja, de uma forma tornada quase natural, tal a quantidade esmagadora de casos, mais se percebe o papel encobridor e cúmplice das hierarquias da religiosas. Como se está a descobrir, não poucas vezes, em vez de afastarem ou punirem um sacerdote comprovadamente pedófilo, compravam o silêncio de vítimas e familiares, transferindo o predador para outra paróquia, onde, como seria de esperar, voltaria a atacar crianças e jovens.

Quanto mais se levanta o véu, mesmo tentando controlar o nojo, mais se percebe que a rede de cumplicidades e encobrimentos sobe ao topo da hierarquia, salpicando irremediavelmente até os “santos padres”, tanto os anteriores como o actual.

Perante este sufoco e as reacções pouco acolhedoras aos esfarrapados pedidos de desculpa do Papa Ratzinger e da própria Igreja, perante a óbvia falta de coragem e, sobretudo, vontade, de punir exemplarmente os criminosos e, para além de punir, ir fundo na reflexão sobre as causas desta histórica podridão moral, o que fazem o poderoso Vaticano e o seu chefe Ratzinger? Evidentemente, culpam os meios de comunicação social e os jornalistas, a quem acusam de «conspiração» contra a Igreja e de uma «campanha ignóbil com o único fim de manchar a reputação do Papa».

E assim, de uma penada, riscam-se do mapa milhares de vítimas, passando a existir uma única vítima a considerar: a reputação do Papa.

Afinal, como podemos ver, este tipo de “chefes” tendem a ser iguais. O universo é um deserto e tudo afinal se resume a eles próprios e à sua “reputação”. Quando vier de visita a Portugal, o senhor Ratzinger poderá aproveitar um dos seus possíveis encontros com José Sócrates, que não tendo evidentemente na sua colecção de percalços pessoais qualquer acusação de pedofilia, é, no entanto, um especialista em "reputação", um verdadeiro ás a detectar “conspirações”, um perito em “campanhas ignóbeis”, mestre em “cabalas”, “campanhas negras”, “assassínios de carácter”, etc., etc., etc., etc... e sabe tudo sobre os verdadeiros culpados: os jornalistas.

Podem sentar-se num cantinho os dois e “trocar cromos” durante umas boas horas.

14 comentários:

Maria disse...

Tudo isto é mais que um nojo: é mesmo um vómito.
Repugnantes, são o que eles são. Eles e os de cá que fazem o mesmo - encobrir e tentar desculpar.

Abreijos

alex campos disse...

A dos cromos está genial. E não lhes faltarão repetidos para a troca.

Um abraço

aferreira disse...

Amigo Samuel, já me estragastes o Sábado...vou ali beber umas águas e já volto.
aferreira

Justine disse...

Excelente texto, Samuel. Tudo isso é nojento, criminoso, ignóbil!
Será que alguma vez saiu algo de bom dessa instituição mafiosa a que chamam igreja???
Até breve

Anónimo disse...

A hierarquia da igreja católica pensa que ainda está no tempo do quero, posso e mando absolutos. Em nome da chamada vida eterna, dos compexos de culpa, do "pecado" e do medo do inferno, agem como se fossem donos da vida e da morte do povo. Sim, do povo, porque com os ricos não se metem, a esses perdoam tudo. Hierarquia de classe, sempre ao lado dos poderosos, defendendo da maneira mais hipócrita e maquiavelica (com perdão do Maquiavel) os interesses dos que mais têm e mais oprimem.

Campaniça

Antuã disse...

Sócrates e o Papa um grande dueto!...

Diogo disse...

«Podem sentar-se num cantinho os dois e “trocar cromos” durante umas boas horas.»

E talvez nasça daí uma grande amizade. Ou até mais do que isso...

Elísio Alfredo disse...

Recordo-me de a Sinead O'Connor, há já uns anos largos, num concerto, salvo erro de benemerência, ter apertado o papo ao papa JPII. Como foi obrigada a dizer porquê, em entrevista dada 1 semana depois, por ter passado a ser alvo das sevícias do costume, acredito que tinha razão. Como também foi, e é, costume, acabam sempre a gritar que os algozes somos nós, nós é que perseguimos, enfim...
Terão o mesmo destino do Império, de que se tornaram o principal suporte oa longo dos quase 2 mil anos... Por mim iam já hoje.

Revisionista disse...

Não vale mesmo a pena perder tempo contigo Samuel.
Gostei que me esclarecesses em definitivo sobre a rapidez com que fazes os posts: Metade já está escrita e chama-se Sócrates, o resto é o que calhar.
Arquivo morto contigo.

samuel disse...

Maria:
Se a especialidade deles não fosse mistificar e encobrir... já se tinha acabado o negócio.

Alex Campos:
É como digo: têm para umas horas... ☺

Aferreira:
A intenção foi boa... ☺

Justine:
Felizmente, aqui e ali, têm saído, sim... mas por “culpa” da generosidade individual de muita gente... sem mistérios!

Campaniça:
De vez em quando há quem se coloque do lado dos pobres... mas são rápida e violentamente postos “no seu lugar”.

Diogo:
Dizem que deus escreve direito por linhas porcas, perdão... tortas.

Elísio Alfredo:
A pobre da Sinead, como se não lhe bastasse ser bipolar... pagou bem cara essa ousadia.

Revisionista:
Não é verdade! O resto, a outra metade, também tem vários posts sobre o Sócrates... só que você não percebe. ☺
Não se perde tudo no entanto. Essas do “não vale a pena perder tempo” e a do “arquivo morto”, são duas belas ideias!
É verdade que são as primeiras, mas são logo duas... e são excelentes! Adeus, então!


Saludos generalizados.

Graciete Rietsch disse...

Papas, Sócrates e tantos outros... farinha do mesmo saco.
Povo, Povo vai à missinha, acredita nos dogmas, segue as doutrinas da Santa Madre Igreja e não te preocupes com mais nada porque Deus é "justo" e lá terás o teu lugar reservado no Paraíso (Fiscal? Poucos).

Um abraço.

Fernando Samuel disse...

A SS e Sócrates não vão faltar temas de conversa...

Um abraço.

Miguel disse...

Filhos da puta, cada um à sua maneira!

samuel disse...

Graciete Rietsch:
O único paraíso de que gostei de facto (para além do “Cinema Paraíso) foi o café de Tomar onde jogava bilhar quando tinha 18 anos..

Fernando Samuel:
Blá, blá, blá, blá....

UdL:
E de que maneira! ☺

Saludos colectivos.