Segundo um estudo, a maioria dos portugueses está convencida de que o Primeiro Ministro mentiu no Parlamento, quando disse desconhecer o negócio da TVI. Desses, a maior parte diz mesmo que essa mentira é injustificável.
Curiosamente, esta convicção não tem como resultado um corte radical com José Sócrates. Antes pelo contrário, se as eleições fossem hoje, o PS reforçaria a sua votação. O que levará o eleitorado a reagir desta forma? Ignorância pura? A ausência de alternativas credíveis?
Talvez esta segunda referência a um outro estudo ajude a entender o fenómeno. Aqui, chegou-se à conclusão de que 63 por cento dos portugueses são muito tolerantes para com a corrupção, «desde que produza efeitos benéficos para a população em geral», o que, traduzido da língua do “chico-espertismo” para a língua de Camões, quer dizer «desde que eu ganhe algum com isso», ou resumindo ainda mais, «eu quero é o meu!»
Isto mostra a natureza e dificuldade do trabalho que tem pela frente todo aquele que decidir enfrentar esta cultura dos interesses e do dinheiro, por troca com o sonho e a esperança activa de construção de uma outra sociedade. Uma sociedade onde a mentira nunca dê lucro, onde a corrupção nunca compense. Ou, como canta o espanhol Joaquin Sabina na sua "Noche de bodas":
«Que ser valiente no salga tan caro
que ser cobarde no valga la pena»
12 comentários:
É isso tudo.
Às vezes, em coisas muito idênticas a essas, pensamos que as pessoas não estão a ver o que se vai passando debaixo das suas barbas. Mas estamos enganados, estão a ver. E o máximo que fazem quando não gostam é virar a cara para o lado e assobiar. Isto explica e tem sido a justificação para a perpetuação de poderes, de que o caso extremo do caciquismo de Alberto J. Jardim é exemplo.
Se assim não fosse, como teria sido eleito o fulano de Oeiras? Ou a de Felgueiras? Ou até mesmo o de Vilar da Maçada?
É um trabalho difícil, sim. Mesmo muito.
Abraço.
(Mário D. no Facebook)
Mas isso é uma sociedade muito avançada. É a que nós queremos, e por ela lutamos. Todos os dias. Falo do teu último parágrafo, obviamente...
Abreijos.
(e se puderes manda a chuva embora...)
é o resultado da intoxicação da comunicação social que nos é imposta. os vigaristas tecem loas aos vigaristas.
Passámos do estádio do "rouba para ele mas faz para nós" para a do "rouba mas reparte connosco".
Estes sondados são crianças grandes encantadas com Pinóquio.
Pinóquio não! Pinócrates!
Um abraço sem mentiras
Tarefa gigantesca - mas que, mais tarde ou mais cedo... lá chegaremos...
Um abraço.
O que fabrica o liberalismo é gente desta, gente conformada com a sua ignorância e alguma estupidez. E isto apesar de não acreditar muito (quase nada) em sondagens.
Abraço
Belíssimos, os dois versos de Joaquin Sabina...
Que assim seja!
É mesmo assim. Ser honesto e corajoso sai caro. Por isso pactuemos com a corrupção que sempre algo ganharemos.
Terrível mundo este em que vivemos!!!!!!
Um beijo.
Apesar de não me acreditar na bruxaria moderna (sondagens) isto revela que temos muito que fazer quando nos encontramos integrados num povo que faz do chico-espertismo a sua bandeira.
Que gente é essa?...
O das notas parece-me ser o Benjamin Franklin. O do pára-raios, claro.
Per tutti:
Muita desta gente “adormecida” pela formatação de 48 anos de fascismo e mais de trinta “disto”... há-de acordar. Dê o trabalho que der!
Abraço colectivo.
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