quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Greve Geral – Não tenho jeito para fazer balanços...


Não tenho jeito para balanços... ainda assim, deste dia, ficam-me alguns pormenores dispersos.
Com a sua solene declaração de que, em dia de greve, «Cá estou eu a trabalhar!», o cidadão Cavaco Silva, fez questão de, mais uma vez, conspurcar o lugar de Presidente da República, reafirmando a sua vocação de “produção de vácuo”, com mais esta tirada inútil, digna de um imbecil.
Pedro Passos Coelho mostrou que não perde uma ocasião para mostrar que por detrás daquela figurinha de manequim da Rua dos Fanqueiros com voz de barítono, está na verdade um simples canalha, capaz de em dia de Greve Geral contra a política do seu governo, política e governo de que é o primeiro responsável, não ter uma palavra para os grevistas, antes enaltecendo a «coragem» de quem não fez greve e lamentando que alguns tenham feito greve sem querer, por falta de transportes. Faz de conta, o canalha, de que não sabe que muitos dos trabalhadores que não fizeram greve, não foi porque não o quisessem, mas sim por não estar minimamente garantido esse direito constitucional nos seus locais de trabalho precário.
Como que para reforçar as razões para a greve, apenas numa vista de olhos por um agregador de notícias, saltaram-me à vista estes quatro títulos de jornal:
Mesmo sem jeito para balanços, termino lamentando que, mais uma vez, pequenos bandos de filhos da puta consigam fazer varrer dos jornais e das televisões quaisquer considerações sobre as razões da greve, sobre a sua justeza e necessidade, sobre as políticas do governo, sobre a troika, sobre o continuado roubo da vida e futuro dos portugueses... sobre seja o que for. A única coisa que fica, horas a fio (e durante dias) a encher os ecrãs das televisões e as primeiras páginas dos jornais... é aquilo: a carga cega da polícia sobre manifestantes que nada tinham que ver com as provocações dos energúmenos; a bandalheira com que, desde há muitos anos, estes profissionais da provocação vêm boicotando as manifestações, greves e lutas dos trabalhadores... para poucos anos mais tarde muitos deles ocuparem os seus vistosos e lucrativos lugares no PS e no PSD.
Finalmente, que tudo isto não esconda a verdade!

18 comentários:

Rogério G.V. Pereira disse...

Foi uma grande Greve Geral

Anónimo disse...

Eramos mil mais de mil com uma força que o 25 de Abril nos deu!De provocadores já os conhecemos há muito, foi a atitude que tomoram aqueles dois "inteligentes".
Até 27 de Setembro.
Vicky

salvoconduto disse...

Uns e outros cumprem à risca o papel para que estão talhados.

Abraço.

Francisco Trindade disse...

Como é que o Samuel comenta/analisa a total desresponsabilização da intersindical feita pelo ministro da segurança interna miguel macedo a propósito do que ocorreu ontem à tarde na escadaria da assembleia e por três vezes consecutivas, na sua curta declaração à comunicação social?

samuel disse...

Francisco Trindade:

E há o quê, exactamente, para comentar/analisar?
Se o ministro achasse que aquela meia dúzia de profissionais da provocação (alguns vindo do estrangeiro) tinham alguma coisa que ver com a CGTP... isso é que seria matéria para análise. Quiçá, psiquiátrica! :-) :-)

filipe disse...

Parabéns, pelo excelente post! Dizer melhor, é difícil. Abraço.

trepadeira disse...

Vamos em frente,a luta continua todos os dias.

A voz da alimária é mais de castrati.

Um abraço,
mário

Graciete Rietsch disse...

Muito bom post.
Explica tudo.
E foi de facto uma grande GREVE GERAL.
E só não fez greve, entre a maioria dos trabalhadores, quem não tem garantidos os seus direitos constitucionais, pela entidade patronal.Conheço alguns que muito sofreram com a decisão que tiveram que tomar. E é nisso que joga esta
canalha.

Um beijo.

Anónimo disse...

"não foi porque não o quisessem, mas sim por não estar minimamente garantido esse direito constitucional nos seus locais de trabalho precário." ou porque o sindicato não lhes paga o dia embora descontem para ele todos os meses. Os que descontam porque os sindicatos continuam a apoiar-se numa lógica de operariado fabril
e não se actualizam consoante a evolução dos esquemas laborais. É chato as empregadas de limpeza e outros "recibos verdes" mais ou menos qualificados trabalharem 12 horas por dia com um dia de folga e férias sabe Deus, denunciarem ao sindicato e os gajos assobiarem para o ar em casoa concretos porque a luta é colectiva e blá blá blá, camarada. Se há processo no tribunal passa para cá 50 euros para iniciar a coisa. Afinal onde é que o sindicato mete o dinheiro? Nos cartazes? Nos autocarros para as manifs? Faz greve quem pode, meu caro, faz greve quem pode. Quem não a pode pagar leva dos dois lados. Continua a ser explorado pela entidade patronal e é insultado pelos delegados sindicais que no terreno se vingam. Queres protecção? tivesses entrado na luta. Não me venha cá com histórias. Ponha os pés na terra e veja aquilo que se passa.

Antuã disse...

E a luta continua apesar dos bandalhos nazis.

caracois dourados disse...

Os corajosos foram os trabalhadores que ficaram à porta das suas empresas nos piquetes, a dar força uns aos outros e a lutar pelos nossos direitos.
No nosso primeiro ministro vejo a cobardia e a arrogância de não admitir que estas políticas estão a destruir o país.
Quanto a esses grupelhos de violência encomendada, já era de esperar que aparecessem ou então as capas dos jornais não teriam maneira de esconder a maior Greve Geral eu vivi.

Bolota disse...

Moços,

Deixem-me desabafar...FILHOS da PUTA

Abraços

Francisco Trindade disse...

No dia da greve a CGTP fez o seu comício em frente da Assembleia da Republica e depois de cantar o hino, coisa que me parecia desnecessária sobretudo num dia em que a greve geral afectou mais seis países da Europa, mandou todos para casa. Foi um ver as bandeirinhas vermelhas a correr para a saída. Não Gostei mas verdade se diga é o habitual...
Já na conferencia de Imprensa, o Arménio Carlos, depois de demarcar a CGTP da violência que aconteceu, lamentou os factos ocorridos mas não condenou os manifestantes, afirmando que embora não concorde com esse tipo de luta não lhe compete a ele criticá-la.
Já pior esteve o Ministro miguel macedo, primeiro garantindo à CGTP que conta com eles e que não lhe atribui nenhuma responsabilidade naquilo que aconteceu. Depois quando falou que os problemas existiram porque estavam na Assembleia cinco ou seis profissionais da violência e dá os parabéns à polícia que correu à bastonada milhares de manifestantes. Porque permitiu que a situação do arremesso de pedras durasse todos aquele tempo? Porque não deteve esses cinco ou seis e preferiu bater em milhares que não praticaram qualquer acto de violência? É isto a boa e competente actuação policial? Porque andaram pelas ruas de Lisboa a deter pessoas mesmo que nem tenham estado na manifestação? Porque cercaram grupos de pessoas em esplanadas mesmo não tendo qualquer razão para os deter? Porque, no dia seguinte à visita da Frau Merkel houve actos de violência num protesto dos estivadores e outra vez ontem?
O mal não está só nos homens que nos governam, o mal está no sistema corrupto e que trabalha a soldo dos grandes grupos económicos e dos mercados (e aí eu sei que o Samuel está de acordo comigo...certo?). Não há dois lugares para se estar, dentro do sistema a pactuar com ele, ou fora recusando servir os seus interesses. Há que escolher. Quando as posições se extremam há que escolher a barricada onde queremos estar. A CGTP brevemente vai ter de optar.

samuel disse...

Francisco Trindade:

Pois… mas não irá ser fácil "optar"… com críticos como o meu amigo, que acha que a CGTP nem o hino deveria cantar numa manifestação, porque, como diz, lhe parece "desnecessário".

Na dúvida, tem sempre a UGT à disposição… que, sem dúvida, há muito que "optou". Verdade? :-) :-) :-)

samuel disse...

Anónimo (13:50):

Minha nossa senhora… ou my our lady, como dizem os espanhóis!!!
Você deve conhecer uns "sindicatos" bué da estranhos, pàzinho!

Mas tudo pode acontecer… mesmo nos lugares mais improváveis…

Francisco Trindade disse...

Samuel,

se quiser desconversar agitando com o espantalho da ugt (repare que foi escrito com letra pequena) ficamos por aqui, pelo simples motivo que não vale a pena...

Quero só chamar a atenção que não fez nenhum reparo a nenhuma das questões que coloquei...não é obrigado, claro! mas não deixa de ser significativo registar...


samuel disse...

Francisco Trindade:

Sobre os seus reparos à actuação da polícia, nada a apontar (por isso é que antes não apontei).

Sobre o que raio é que a CGTP tem que ver com isso, continuo a não ver… se bem que me pareça ver a sua "inimizade" para com a Central Sindical, considerando os termos que usa para descrever a manifestação e o seu menosprezo evidente até pelas "bandeirinhas", como chama depreciativamente aos símbolos que os trabalhadores entendem levar para as manifestações, ou a algo "malcriada" descrição do fim da manif com "as bandeirinhas vermelhas a correr para a saída", como se o normal não fosse ir embora NO FIM de uma manifestação, mas sim ficar a "morar" no local.

Sobre a sua tirada final de que a CGTP tem que "optar", aconselho-o a ler mais qualquer coisa sobre a História da CGTP… e, quiçá, ter um pouco mais de respeito.

Quanto a "desconversar"… não me parece!

Ainda assim, não posso deixar de aplaudir a sua designação para a UGT: "espantalho da ugt" :-) :-) :-)

Saudações.

Bolota disse...

Francisco Trindade,

Alguma duvida de que a CGTP é a unica estrutura sincical digna desse nome?? Tentativas como as tua já outro tentaram, como o sindicalista moderno o Chora e agora...parece que para os lados da Autoeuropa auilo está mau.
Trindade ainda não reparaste que é a CGTP a unica central com um passado capaz de organizar qualquer movimentação de trabalhadores???