sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Conversa em família




Ainda sou do tempo em que o “Jerónimo Martins” era uma loja no Chiado, na esquina mesmo em frente, à esquerda de quem saía da porta principal dos Grandes Armazéns do dito. Era uma espécie de mercearia de luxo. Acho que nunca lá comprei fosse o que fosse... mas era muito agradável à vista. Ardeu, como muitas da vizinhança.

Hoje, Jerónimo Martins é um daqueles grupos económicos esmagadores, dono de várias “marcas” de grandes superfícies e hiper-mercados, entre outras coisas, está espalhado por todo o território nacional, tem tentáculos, perdão, ramificações em vários países... e teria na consciência, se fizesse uso dela, o peso da responsabilidade pela ruína de vários milhares de pequenos comerciantes.

Numa recente reunião de representantes de empresas ditas “familiares”, o traste que presentemente ocupa o lugar de “chefe da família” do Grupo Jerónimo Martins, depois de várias baboseiras avulsas, passou em voo rasante sobre as responsabilidades do sistema capitalista e dos capitalistas (como ele) na grave crise que o mundo atravessa, preferindo culpar por todas as dificuldades que sofremos, os partidos em geral, a Assembleia da República e, sobretudo, os “cretinos” (sic) dos sindicatos, que esses sim, segundo ele, estão a dar cabo das empresas e da sociedade...

Terminou com uma girândola de belo efeito, afirmando que “a iniciativa privada não tem que aturar isto”, rematando com o poderoso morteiro “se assim for, passem muito bem que nós temos para onde ir!”

Não me apetece particularmente tecer comentários sobre a brilhante dissertação deste cavalheiro, um tal Alexandre Soares dos Santos, apenas destacar a extraordinária capacidade de antecipação que o homem tem. É que quando ele declarou que tinha para onde ir... eu estava a poucos, pouquíssimos segundos de o mandar exactamente para lá!

8 comentários:

Maria disse...

Mas podes mandar agora e eu faço coro!
Lembro-me, entretanto, das deliciosas "fatias da china" que por lá comi há 40 anos, ou mais...
:)))

Pois...

Abreijos

Anónimo disse...

É gente como esta que se vai rindo à grande e à francesa. À altura deste só José Lello e as suas declarações sobre os sindicatos.

Anónimo disse...

Pois que vá à merda!...

Anónimo disse...

Estou numa angustiante dúvida. - Será p'rá m.... ou p'rá p... que o p....?
- Espero bem que alguém me esclareça, para poder dormir na santa paz do senhor.

Rui Silva

Anónimo disse...

Fui ver a notícia do tal Alexandre Soares Santos. A certa altura, sobre a crise, sai-se com esta: No actual contexto, a crise financeira, acrescenta Alexandre Soares dos Santos, será a mais fácil de resolver e o tempo disso se encarregará.

Lembro-me das aulas de história que um tal Herbert Hoover, liberal e presidente dos EUA, pensava o mesmo...

Abr

Fernando Samuel disse...

Atenção: é a arrogância do grande capital a crescer. E quando tal acontece... tudo pode acontecer...


Um abraço.

Camolas disse...

Dinheiro!Dinheiro!vvvDinheiro!vDinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!Dinheiro!O Homem está morto!

samuel disse...

Maria:
Está mandado!
Belas memórias...

Salvoconduto:
Qualquer declaração do Lello, que vá para além do bom-dia, boa-tarde... arrisca-se sempre a ser “extraordinária”.

Antuã:
Adivinhaste!!!

Rui Silva:
Não conheço a família o suficiente para dizer se é ou não a mesmíssima coisa... mas coitada da senhora... se calhar, não.

Miguel J:
Génios!

Fernando Samuel:
É preciso, mesmo enquanto se faz de conta que se leva a coisa a brincar... estar de pés bem firmes, coração disposto e mãos preparadas.

Camolas:
Falam como esgotos.


Abreijos frescos.