Confesso que por vezes quando me preparo para abordar uma das cantigas, por exemplo, do Adriano, com versos do Manuel Alegre, já vou tendo alguma dificuldade em separar o Manuel Alegre da “Praça da Canção” e do “O Canto e as Armas”, do actual. Depois, a canção começa, olho para a cara e para os olhos de algumas das pessoas na plateia... e esqueço tudo isso.
O seu novíssimo “Fado dos contentores”, decididamente, não me veio ajudar em nada a preservar a imagem do autor de “Canção com lágrimas”, “Aquela clara madrugada”, ou da “Trova do vento que passa”.
Posso estar enganado... se quiserem ler os versos do tal fado, estão aqui, ou em alternativa, aqui, no caso de o autor resolver apagá-lo do seu site.
Como disse, o problema pode ser meu... e eu já esteja, isso sim, a ver apenas contentores, contentores, contentores...
15 comentários:
Pois eu também já não vejo poeta, já não vejo poema, apenas contentores, talvez por darem demasiado nas vistas...
Bom fim de semana.
Do poema não falo.li e não gostei.
Este quadro é me sempre grato vê-lo em qualquer lado... e agora deixo a sugestão. UMa ida ao Museu do Fado que está lindissimo e o quadro de Malhoa está lá!
abracinho
Eu vou um pouco mais longe, e digo que às vezes me ponho a pensar se o MA de agora conseguiria escrever o que escreveu há 40 anos...
Abreijos
Entre o Alegre da «Trova do Vento que Passa» e o Alegre de hoje há um espesso e inultrapassável muro de contentores - e isso tem tudo a ver com a diferença entre os posicionamentos políticos do Manuel Alegre da «Trova» e do Manel dos Contentores...
Um abraço.
Meu bom Samuel:
Entonces, já que o Poeta é mais de contentores do que de outras coisa; já que não há motivos para ele (ou quem quer que seja neste Portugal dos Marmanjinhos), passe a chamar-se-lhe, em grau menos gritante, Poeta Contente em vez de Poeta Alegre. E com o contente, estarão junstificados os contentores.
Salut
Luis Nogueira
Eu confesso que gosto muito de contentores. Gosto de pensar (e ver, pensando) que sou duma cidade de mar e portos, e da inveja que isso dá naquelas terras onde vivi por dez anos, as terras checas, sem mar, com montanhas no lugar de falésias.
Por isso, se não se importam, não me ponham as mãos nos contentores, nem que o Alegre vire Camões, nem que o Miguel Sousa Tavares passe a escrever e dizer metade do que escreve e diz.
Quem vira a casaca uma vez, vira quantas lhe convier.
Abraço
Caro Samuel,
Esqueçamos o Manuel Alegre político e guardemos o poeta que nos acompanhou nos anos de chumbo. Claro que este Manuel Alegre não seria capaz de escrever aqueles belos poemas que tu cantas tal como outros amigos nossos, e que foram as nossas bandeiras. Qual Sebastião ele perdeu-se no labirinto, e entre brincar às vozes incómodas e ser o político alinhadinho, ele já não sabe por onde anda.
Mas...o Poeta já não mora ali.
um abraço nocturno
eheheheh... com uma poesia dessas, já não tenho medo de expor os meus poemitos.
mas tem métrica e ritmo... falta só a essencia(será essencial?).
abraço do vale(atarefado)
Gosto da poesia de Manuel Alegre e também de alguma da sua prosa.
Quanto aos contentores nem por isso...
Mas também gosto muito deste quadro de Malhoa, até tenho uma pequena reprodução do mesmo.
Abraço
Gosto do Malhoa, gosto de fado, gosto do Manuel Alegre e não gosto poema dos contentores. Para mim, contentores só os dos Xutos. E do György Ligeti só gosto do Lux Aeterna. Abraço, Samuel
Estamos de acordo. Guarda-se o poeta que foi!
Abreijos colectivos!
Vês contentores? São contentores.(que me perdoe o Gedeão)
Nunca mais chega Maio...
Justine:
Quem o conheceu, sabe do seu grande sentido de humor... :-)
Abreijo!
"O princípio fundamental é o reconhecimento do espaço próprio que eu represento"
A mim basta ler isto. Agora cuidem-se, que ele pode explodir...
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