quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Beethoven... e o futuro



«Beethoven é apenas sinónimo de um cão retratado em vários filmes norte-americanos».
«Miguel Ângelo não passa de um vírus informático».
«A Checoslováquia ou a Jugoslávia não existiram».
«Só houve um Papa - João Paulo II».
«Na África do Sul nunca houve um regime estatal racista denominado de apartheid».
«A Alemanha nunca esteve dividida em dois países».

… etc., etc., etc. Este é normalmente o resultado das “sondagens” aos conhecimentos dos jovens norte-americanos. Resultados que demonstram uma ignorância espessa, mas que serve de tal maneira os interesses do poder, que é exibida em "talk-shows" como matéria de humor... quase como um troféu. Estes poucos exemplos são apenas uma amostra de mais um estudo feito entre estudantes em ano de entrada na Universidade e que revela a sua generalizada e gritante falta de referências culturais, quão erradas estão as poucas que pensam possuir e, principalmente, que essas referências dificilmente conseguem recuar mais de vinte anos, em termos históricos.

Por cá, todos nós conhecemos jovens que, felizmente, são a prova (ou esperança) de que estamos um pouco melhor do que os EUA. Jovens interessados, activos, cultos, de espírito aberto ao conhecimento. Jovens capazes de nos dar confiança no futuro.

O busilis está em saber se estamos assim tão melhor. Se o número dos que, por cá, respondem “Mário Soares” ou “Otelo” quando se lhes pergunta quem foi derrubado no 25 de Abril, ou que não sabem mesmo de todo o que foi o 25 de Abril, que não têm nenhuma noção da História, que se lhes perguntarem, em Lisboa, onde está Coimbra, não fazem a menor ideia sobre se é para o Norte ou para o Sul, aqueles que, aos trinta anos de idade, se gabam de nunca terem votado e nem quererem saber disso… saber se o número desses, como dizia, não esmaga totalmente o número dos interessados. Se não atrasa, insuportavelmente, o futuro. O busílis da questão está em saber o que fazer para mudar de rumo!

8 comentários:

Maria disse...

Pois é... porque o que temos feito não chega...

Abreijo.

Op! disse...

Tenho o 12.º ano, se for visto a ler um livro que não esteja na berra sou considerado um dejecto humano pela maioria do sector "intelectual" cá do sitio. É claro que por "intelectual" refiro-me a esses grandes apologistas do patronato que proliferam numa terra como a minha, que é uma terra de turismo onde se trabalha 18h no Verão sem contrato por 600€ e se está desempregado no resto do ano. pois é, desculpa o meu desabafo mas foi preciso, lamento não ajudar em nada. Apenas acrescento algo que não é novidade, mas que vale a pena lembrar: a malta não é só instruída na escola, também é instruída no local de trabalho, por vezes até durante as entrevistas de trabalho(que até podem servir para ver quem aprende mais depressa); e a disciplina leccionada no local de trabalho ensina o quão inútil é o conhecimento histórico, o quão desnecessária é a ciência, o quanto superficial é a arte... morrerei pobre mas não inculto, não engulo estas tretas!

Dona Sra. Urtigão disse...

Triste a constatação que sempre será necessário muito esforço para pouco resultado. Então, cabe-nos mais esforço ainda...

Antuã disse...

Só mudando de política se pode mudar o rumo dos acontecimentos.

Suq disse...

Quando se nasce com "direitos" assegurados como é o caso da "educação" e sucesso garantidos, menospreza-se o valor e sentido da verdadeira Educação.

O indivíduo não se cultiva por viver no País X ou Y e não se educa por frequentar escolas. Ao centrar-mo-nos na peculiaridade do indivíduo, quase como o centro do mundo escolar, afastamos dele a inerente responsabilização como ser social e em sociedade, a favor de uma auto-confiança que nada tem de estimável. As consequências estão bem patentes em relatos como o seu!

Graciete Rietsch disse...

É romper integralmente com esta política de há aproximadamente 34 anos.

Um beijo.

trepadeira disse...

Não,isto não vai com paninhos quentes.Nem com caldos de galinha.Dáva-se,às mulheres,no dia a seguir ao parto para repor forças e como manjar compensatório.
É a educação em série,comprada por junto ao mesmo tempo que a massa manga de capote e os nabos.É a educação "democraticamente"imposta pelo dinheiro.
Não podemos ficar só por uns desabafos de lavar consciências.Acções no,e para o,povo.
Precisamos de uma verdadeira campanha de alfabetização.
Um abraço,
mário

Fernando Samuel disse...

Creio que não há grande diferença entre o que lá acontece e o que cá se passa - os «professores» são os mesmos, o objectivo do «ensino» também, etc, etc.

Um abraço.