terça-feira, 31 de agosto de 2010

Razão “atendível”



Esta é uma novidade. Trabalhadoras de uma fábrica de calçado, em Arouca, foram despedidas por um simples SMS para os seus telemóveis, escrito sem qualquer explicação adicional e vindo de um número desconhecido, enviado por alguém cobardemente escondido por detrás de um teclado de computador.

Atendendo a que, segundo as trabalhadoras, não faltava trabalho, a convicção geral é a de que o patrão tem outras dívidas. «O que a gente ouvia», explica, «é que ele devia muito dinheiro fora da empresa».





Estes são alguns dos desabafos das trabalhadoras agora despedidas, quase todas vindas de uma outra fábrica do mesmo patrão, cujo encerramento «nunca foi bem explicado».

Como disse, foram despedidas com um simples SMS. Há lá coisa mais “atendível” do que um telemóvel?

Deve ter sido num cenário destes que pensou o crápula ultra liberal, ex membro do Governo do PPD, ex BCP, ex Opus Dei, Paulo Teixeira Pinto, que aos cinquenta e poucos anos já tem várias reformas milionárias e que escrevinhou para Pedro Passos Coelho o projecto de revisão da Constituição, onde incluiu, como possível razão para despedimento dos trabalhadores a célebre “razão atendível”.

11 comentários:

anamar disse...

Tenho pensado hoje muito no assunto...
Como já escrevi lá minha "casinha" há tempos , também o meu pai ficou despedido da Vidreira Fontela com mais 400 trabalhadores, 1980, e só não foram por SMS, porque à época não havia .
Mas foi sórdido e dramático...
E assim continuamos...
Abraço, Samuel.

Anjos disse...

"Eram meus colegas antes de serem meus patrões e nunca esperei isto deles..."

Pois é! Há quem teime em não dar ouvidos ao POVO... E este sempre disse: "Não sirvas a quem serviu nem peças a quem pediu". Confirma-se a sabedoria popular!

Não quero perder a esperança de poder ver o POVO, com toda a sua sabedoria, ser capaz de, "por razão atendível” despedir os sem vergonha dos nossos actuais governantes e acabar com o escândalo das ditas reformas.

Suq disse...

SMS à borla nesta época do ano.

Ora aí está a explicação!

Aproveitem também a promoção e falem até que a voz lhes doa!

Neste mundo virtual já nada é imprevisível - a submissão é total!!!

do zambujal disse...

De eram meus colegas antes de serem meus patrões! De onde se passa à desilusão e à tristeza. Às vezes à revolta.
Aqui o busilis! A tomada de consciência (de classe) para que não haja ilusões e para a posição de cada um (no conjunto!) seja de ruptura.
O teu post não me "tirou do sério", foi um ferro em brasa na... seriedade.

Abraço

Fernando Samuel disse...

Não há razões para espanto: é o capitalismo no seu estado actual - a mostrar que sobram as razões para lutarmos contra ele até o liquidarmos...

Um abraço.

trepadeira disse...

É.Só a cultura lúcida nos pode tirar disto.
Não deixo arrancar nenhum Carvalho aqui à volta.Para serem suficientes.Quero mandá-los para lá a todos.
Um abraço,
mário

Antuã disse...

Os ascos passam pelos seus trabalhadores e nem para eles olham.... São assim os novos ricos!... Concordo com a Anjos na sua sabedoria popular.

maia disse...

Então e o Paulo Portas ouve isto e não propõe um referendo para prender estes ladrões, criminosos e em flagrante? Este nojento do Opus Dei, não está em flagrante a roubar, quando leva tantas reformas e milionárias? Era na prisão que devia estar toda esta canalha.

Elísio Alfredo disse...

Por mim, e para exemplo, os trabalhadores deviam de ocupar a empresa e mantê-la a trabalhar para o seu ganha pão. Estará longe ainda esse dia? Foi o que fizeram os argentinos há 10 anos atrás: ocuparam-nas e mantiveram-nas a laborar. Só que (ia para dizer os nossos jornais... isso é que era uma sorte!...) os jornais, as televisões preferem telenovelas em que tentam convencer muitos dos que serão despedidos amanhã de que hão-de ser ricos daqui a bocado, com boas casas, bons automóveis...

Op! disse...

Despedimento simplex...

Maria disse...

Pode ser que os trabalhadores ganhem, finalmente, consciência do lado em que devem estar.
Que tristeza...