terça-feira, 31 de agosto de 2010

Paulo Portas – Sim, ao referendo sobre segurança!



Embalados pelo facto, praticamente incontestado, de que quase tudo o que Paulo Portas diz é propaganda, ou demagogia, ou uma idiotice... ou um "mix" das três, os responsáveis e analistas de todo o espectro político, arrasaram a recente proposta do dirigente do CDS, de fazer um referendo sobre questões de segurança, envolvendo o fenómeno da criminalidade, julgamentos “simplex” na hora, cumprimento de penas, etc., etc.

Lamento contrariar toda a gente, mas desta vez estou com Paulo Portas e com o seu projecto de referendo. Deve fazer-se, sim! Estou tão de acordo, que até quero contribuir com algumas perguntas para o dito cujo.

Assim, além da pergunta que Paulo Portas já revelou, «querem que um delinquente apanhado em flagrante a cometer um crime seja, obrigatoriamente, sujeito a um julgamento rápido, em regra nas 48 horas seguintes?»... mais todas as outras que certamente já terá na manga, sobre a “ciganada”, os imigrantes, os malandros que vivem sem trabalhar com a fortuna do Rendimento Social de Inserção... e tudo o resto... eu acrescentaria as seguintes propostas de perguntas a referendar:

√ Acha que o Dr. Paulo Portas devia ser julgado por ter participado no negócio ruinoso dos (inúteis) submarinos, com centenas de milhões de euros de prejuízo para o país?

√ Acha que o Dr. Paulo Portas devia ser preso por ter fotocopiado e roubado milhares de documentos do Ministério da Defesa e tê-los levado para casa, ou para o CDS?

√ Acha que o Dr. Paulo Portas devia indemnizar o Estado, por ter vendido como sucata o património de uma fábrica de armamentos, tendo deixado ir no pacote as patentes e planos de uma arma ligeira de concepção portuguesa, que agora está a dar milhões de dólares de lucros aos felizardos que a compraram por uns miseráveis 40 mil Euros?

E pronto. Agora não me ocorre mais nada... mas sintam-se livres e convidados para contribuir com mais sugestões.

Razão “atendível”



Esta é uma novidade. Trabalhadoras de uma fábrica de calçado, em Arouca, foram despedidas por um simples SMS para os seus telemóveis, escrito sem qualquer explicação adicional e vindo de um número desconhecido, enviado por alguém cobardemente escondido por detrás de um teclado de computador.

Atendendo a que, segundo as trabalhadoras, não faltava trabalho, a convicção geral é a de que o patrão tem outras dívidas. «O que a gente ouvia», explica, «é que ele devia muito dinheiro fora da empresa».





Estes são alguns dos desabafos das trabalhadoras agora despedidas, quase todas vindas de uma outra fábrica do mesmo patrão, cujo encerramento «nunca foi bem explicado».

Como disse, foram despedidas com um simples SMS. Há lá coisa mais “atendível” do que um telemóvel?

Deve ter sido num cenário destes que pensou o crápula ultra liberal, ex membro do Governo do PPD, ex BCP, ex Opus Dei, Paulo Teixeira Pinto, que aos cinquenta e poucos anos já tem várias reformas milionárias e que escrevinhou para Pedro Passos Coelho o projecto de revisão da Constituição, onde incluiu, como possível razão para despedimento dos trabalhadores a célebre “razão atendível”.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Gasóleo caro! – E neste “sistema” haveria de ser como?



Segundo leio, temos o segundo mais caro gasóleo da União Europeia. Compreende-se!... Como temos igualmente o segundo mais elevado nível de vida da UE... seria de esperar, não é?

Mais a sério, num país que, em vez de ter aumentado e melhorado as vias ferroviárias que tinha, até cobrir todo o território, antes tendo deixado chegar o caminho de ferro e os transportes de mercadorias em comboio (mais seguro e barato) ao estado de indigência que hoje se vê e, por essa via, ter colocado nas mãos dos transportadores rodoviários praticamente todo o negócio da deslocação de mercadorias, imagina-se o que um gasóleo assim caro “contribui” para a nossa economia, inflacionando os preços de tudo, desde o pão e o leite, até tudo o resto que se possa imaginar.

Os sucessivos "governos" social-democratas que temos tido, ora do PS, ora do PPD, poderiam ter feito alguma coisa? Sim... se fossem realmente Governos e não “conselhos de administração” do grande capital. Assim, o que os sucessivos "governos" têm feito, limita-se a garantir, para além de futuros lugares nas administrações, para os seus Ministros e Secretários de Estado, os infames lucros das petrolíferas, os dividendos milionários dos seus grandes accionistas e a miragem de poder ganhar dinheiro sem trabalhar que cega alguns pequenos investidores atraídos pelo “casino” batoteiro da Bolsa.

Só uma GALP nacionalizada a cem por cento poderia garantir, para além de preciosos fundos para uso público, a possibilidade de o Estado poder intervir positiva e activamente na politica de preços de praticamente tudo o que consumimos.

Mas isto sou eu... sempre com a mania de pedir demais...

Le Pen, descendência... e vacas



Voltamos hoje aos ultra-reaccionários franceses, mas em estilo mais “hardcore”. O histórico dirigente do “Front National”, o partido mais radical da extrema direita gaulesa, Jean-Marie Le Pen, quando não está a vociferar contra os negros, imigrantes, ciganos, árabes, portugueses e todos os franceses não fascistas... mostra que é também dado à galhofa... de vez em quando. Livre dos afazeres de dirigente partidário, afazeres que passou à sua fascista cria Marine Le Pen, saiu-se recentemente com mais uma “piada” de fino recorte.

Para justificar a compra de uma mansão de família, no campo, como alternativa à sua morada de Paris, disse que precisava de «uma casa onde os filhos vissem vacas, em vez de árabes».

Não quero socorrer-me de links para a imprensa francesa de escândalos e mexericos e muito menos publicar aqui, por uma simples questão de gosto e decência, as fotografias (de si própria) que a mãe da filharada de Jean-Marie Le Pen, a célebre Pierrette Le Pen, encomendou para publicação na “Playboy” francesa, como forma de vingança sobre o marido, por não sei exactamente que motivo.

De qualquer modo, o “universo” em que se move o fascista Le Pen, mais as suas “piadas” racistas, mais a fascista da filha mais velha, mais as fotografias pornográficas da mulher, mais o asco que tudo aquilo é... justificam a minha única consideração sobre a notícia da casinha de campo, consideração feita “com todo o respeito”, como diria o saudoso Dr. Manuel Monteiro:

Para ver vacas, a descendência de Le Pen não precisa de ir para o campo. Basta deixar-se estar em casa... em família...

domingo, 29 de agosto de 2010

Mayra Andrade – “Stória, stória”



Graças a um comentário da Maria, ontem, fiquei com a certeza de não ter sido o único a “ouver” a Mayra Andrade no Canal 2 da RTP, na noite passada.

A Mayra Andrade é uma “bênção” para os ouvidos. Está a fazer ao vivo um espectáculo ainda com melhor som e arranjos musicais do que aquilo que se pode ouvir no seu mais recente disco, graças a um grupo de músicos fantásticos... e muito trabalho.

Dá gosto ouvi-la falar de algumas das canções. Retive uma apresentação muito bonita de um tema em que ela se auto-motiva a ganhar consciência, para que o sangue corra pelo corpo com a força suficiente para se tornar mais activa, atenta, actuante... intervindo sobre o que a rodeia.

Comparada com a maioria das músicas que por aí se fazem passar por música africana, mas que não passam de musiquetas de bailarico, a roçar a pimbalhada e com letras indigentes (ainda que feita por africanos), a música da Mayra Andrade faz-nos ter a certeza de que as canções de Liceu Vieira Dias, do Ruy Mingas, da Cesária Évora, etc., etc., não foram em vão. É uma música e uma forma de cantar com profundas raízes na cultura e tradição de Cabo Verde, a sua terra, mas com os braços abertos para o Brasil, para Cuba (onde, embora acidentalmente, nasceu), para a música francesa, para o Jazz e, fundamentalmente, para o futuro.

Existem por aí disponíveis vários vídeos em que se pode ouvir e ver a Mayra Andrade cantando ao vivo. Escolhi um que tem apenas uma fotografia. Não porque ela não seja uma jovem muito bonita de se ver em movimento... mas porque tem muito bom som e porque se trata da cantiga “Stória, stória”, de que gosto muito e que dá nome ao disco novo.

“Stória, stória” é uma expressão cabo-verdiana equivalente ao nosso “Era uma vez...” com que tantas vezes se iniciam as estórias. Assim, defende a artista, este disco é como um livro e cada música, um capítulo.

Bom domingo!


Stória, stória
(Mayra Andrade)

Dexâ-m bem kontâ-bu um stória

D-um amor ki nasi oji

Entri um seu ki ka tem stréla

I um rubera só ku pedra…

Tantu stória pa-m kontâ-bu

Di fórsa di sentiméntu

Di kodé d-um rabeládu

K-um mosinhu di Mindélu

D-es amor ki djuntâ-s petu

Pa tudu eternidádi…

Dexâ-m bem kantâ-bu um stória

K-um sértu melankoliâ

Pa-m fla-u kusé k’é sodadi

Di nha kábu k’é ka verdi…
Tantu stória pa-m kantâ-bu

Sobri fidjus di Atlántiku

Kotchi pedra tra aligriâ di ses gronzinhu di téra

Ka parsi lugar na mundu

Más di nós ki Kabu-Verdi…

Dexâ-m bem kantâ-bu um stória

Tantu stória pa-m kantâ-bu

Dexâ-m bem kontâ-bu um stória…..


“Stória, stória” – Mayra Andrade
(Mayra Andrade)

sábado, 28 de agosto de 2010

Sócrates, Internet, Papa & Condecorações, SARL.



Segundo leio logo na capa do Público, temos um Primeiro Ministro que, para além de nos dar motivos para grande orgulho ao manter-se, inabalável, à frente do concurso “Sexy Platina” do Correio da Manhã, acha normal exigir provas de rendimentos, uma espécie de salazarentos atestados de pobreza, incluir nesse exército de “pobres” os candidatos a beneficiários do Subsídio Social de Desemprego, do Abono de Família e do Rendimento Social de Inserção (RSI), exército que perfaz um número superior a dois milhões de portugueses... e, sobretudo, acha normal obrigar estas pessoas, muitas a viver em situações de grande exclusão, a provarem o seu estado de necessidade e pobreza obrigatoriamente pela Internet... coisa que obviamente nunca falta nas casas (ou barracas) de quem não tem o que comer. Sócrates é um génio!

Isto leva-nos à segunda notícia, agora da capa do Expresso, que nos dá conta das condecorações que o Sr. Ratzinger, Chefe de Estado do Vaticano, decidiu pendurar nas lapelas de Cavaco e Sócrates. Fez muito bem! Sobretudo na escolha da condecoração a agrafar no peito inchado do Primeiro Ministro português: A Ordem de São Gregório.

Compreendo perfeitamente o Sr. Ratzinger. Também eu, quase sempre que penso no Primeiro Ministro José Sócrates, fico com vontade de “chamar pelo Gregório”...

Há coisas que são assim... um vómito...

Tomé Feteira, Duarte Lima... e muito lixo!



Tomé Feteira morreu. Foi, finalmente, reencontrar-se com Salazar, o seu ídolo, que tão ruidosa e festivamente chegou a homenagear em Santa Comba Dão, nas célebres “romarias” ao ditador morto. Tomé Feteira viveu dezenas de anos com aquela que foi sua secretária, amiga, confidente, mulher, a Dona Rosalina Ribeiro, agora assassinada. A família do multimilionário fascista morto, que sempre tratou a companheira de Tomé Feteira como “a amante”, nunca a aceitando como portadora de quaisquer direitos, moveu céus e terra, nos últimos tempos, para lhe tirar tudo até ao último cêntimo, da parte da fortuna que “herdara”. Agora já não precisam de fazer mais nada para lhe tirar o dinheiro. A Dona Rosalina também morreu. Assassinada!

Por muito que os interesses em conflito sejam óbvios, tal não é suficiente para decidir quem matou e porquê. Por muito patética e algo suspeita que seja a tentativa de envolver num pântano de suspeitas e insinuações o advogado que durante anos defendeu, contra toda a família do milionário, os interesses da mulher que alguém, muito providencialmente, se encarregou de fazer desaparecer da face da Terra, a verdade é que, por enquanto, nada garante a inocência ou culpa seja de quem for nesta estória suja.

Então, se até agora nunca me tinha interessado minimamente por este assunto, porque é que decidi escrever sobre ele? Porque Duarte Lima, ex deputado do PSD, advogado de profissão e que, até agora, só tinha para mim um ponto a seu favor, que é ser um interessante organista praticante de música sacra, subitamente, foi violentamente atacado e enlameado pelo seu colega advogado, o conhecido José Miguel Júdice, que representa os “legítimos” herdeiros. Este foi o toque que fez desequilibrar a balança.

São muito raras as pessoas que não subam instantaneamente na minha consideração... depois de serem atacadas por essa figura repelente que é José Miguel Júdice.

E pronto. Sigam as investigações... e no fim se verá.

Adenda: Atendendo ao “lamiré” dado logo pelo primeiro comentário... e antes que o mal-entendido alastre, devo esclarecer que a alegada “subida na minha consideração” por parte de Duarte Lima é apenas uma piada, provocada pela alergia grave que tenho ao outro causídico. Reforço ainda a ideia de que só este “fait-divers” entre advogados manhosos me fez olhar para o monte de lixo que é todo este caso.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Sócrates & Teixeira dos Santos – Há por aí mais um pano encharcado?





Quando, na Assembleia da República, a oposição impôs ao Governo PS de Sócrates o pagamento de vencimentos aos presidentes de Junta de Freguesia a tempo inteiro, o Ministro das Finanças, furioso, reagiu de forma malcriada e arruaceira, classificando a medida como “Money for the boys”, tendo levado nas ministeriais fuças imediatamente e muito justamente.

A vingança rasteira está aí. Como somos governados por uma imitação rasca de garotos, escondendo-se atrás de (literalmente) desculpas de mau pagador, o Governo de Sócrates e Teixeira dos Santos, pura e simplesmente... não paga! Os presidentes de Junta a quem os vencimentos são devidos, esperam pelo dinheiro há oito meses!

Que raio de gente é esta? Como é que um Governo nega vencimentos a homens e mulheres que, dia a dia, dão o seu melhor pelas populações das suas Freguesias, enquanto, ao mesmo tempo (entre muitos mais exemplos de incúria), vai renovando frotas automóveis topo de gama, para pôr nas mãos dos Ministros, Secretários e dos verdadeiros enxames de ajudantes que povoam os ministérios... e que, em boa parte, não passam de parasitas?

Mesmo não sendo o único, nem sequer o melhor método, o voto pode funcionar como um poderoso desinfestante. Pensemos nisso...

Nicolas Sarkozy – Um homem pequeno



O Presidente da República francês, Nicolas Sarkozy, é um homem pequeno. Não porque tenha, como é sabido, que usar tacões altos disfarçados nos sapatos para ficar quase do tamanho da sua extensamente vistosa (e interessante autora de canções) primeira dama. Não! Sarkozy é um homem infinitamente pequeno... por dentro.

Tal como o nosso irrelevante Paulo Portas, sempre que se sente escorregar nas sondagens e intenções de voto, perde a pouca compostura que tem e recorre aos velhos truques dos fascistas. Num ápice, todos os índices, até aí, normais, tornam-se gigantescos e não há argumento ou truque que não valha para instalar o medo entre os mais indefesos, desinformados, ou simplesmente ignorantes. Num ápice, o país está mergulhado na mais violenta criminalidade e insegurança, as notícias de crimes, assaltos, discussões em tascas, desastres de viação e até furos em pneus de bicicleta... enchem as páginas dos pasquins.

Quando isso não basta, avança-se então para os “pratos fortes”: os imigrantes que nos roubam os empregos, os desempregados que, afinal, não querem trabalhar, meio país é composto de criminosos, quase todos pretos, quase todos ciganos, quase todos estrangeiros... e se não bastar, os judeus dominam os bancos, os jornais, as televisões... e ai!, a degradação dos costumes e da raça!!!

Sarkozy já tentou tudo. Agora, mesmo provocando a grande desconfiança de alguns dos seus, mesmo ganhando uma capa na revista “Marianne”, que o trata de “Voyou de la Republique”, em português algo como vadio, ou canalha da República, capaz de tudo, mesmo sofrendo críticas generalizadas da Igreja... embora não tão "radicais" como as deste padre que todos os dias reza para que ele tenha um ataque cardíaco, o minúsculo estadista endureceu os métodos. A somar à proposta de retirada de nacionalidade francesa a cidadãos que cometam alguma ilegalidade e sejam descendentes de não franceses, juntou a expulsão de romenos e ciganos... todos tratados como ciganos, todos tratados como criminosos, todos tratados pior do que cães.

Esperava ele, apostando na velha tendência de alguns franceses para a xenofobia, conseguir subir meteoricamente nas sondagens e ganhar milhares de votos grunhos, racistas e de ódio. Parece que se enganou! Já pede "moderação" e, aparentemente, os únicos “votos” que está a conseguir, não contam. São os aplausos dos fascistas da Liga Norte italiana, que aproveitam o balanço do exemplo francês, para propor medidas ainda mais drásticas na Itália.

Não é esta a ideia que normalmente se faz da França dos “Direitos Humanos”... mas enquanto os próprios franceses não tratarem disso, é o que há!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Salazar – E sai mais uma rodada!!!


(João Abel Manta)

Pelo que vejo na revista “Visão” desta semana, o povo português é, mais uma vez, brindado com uma grande biografia de... Salazar. Exactamente! Quem mais haveria de ser?

Independentemente das possíveis intenções do autor deste trabalho em particular, intenções que desconheço, já que apenas li o que está nesta entrevista, ando há tempos para entender esta verdadeira obsessão com Salazar. Em tantos séculos de História não existem mais figuras de governantes, figuras políticas, da ciência, da cultura, do desporto, do coleccionismo de cromos, borboletas, isqueiros, carteiras de fósforos, chávenas de porcelana, caricas de cerveja e refrigerantes... dignas de atenção?

É pela duração do “reinado”? – Houve outros.

É por ter sido um refinado filho da puta? – Houve muitos outros.

É por ter voz de Papa? Por ser a preto e branco? Por usar botas? Por ser beirão? Por ser tarado por mulheres? Por gostar de se fazer passar por ser um tarado por mulheres?

A quem serve realmente esta cegueira dos media por Salazar?

Presidenciais – O meu (tão defeituoso) candidato



Aí está o candidato presidencial do PCP, Francisco Lopes, para desgosto de políticos, comentadores, jornalistas e “blogueiros”, desde o Bloco de Esquerda até à extrema direita.

Todos eles, diariamente e com apenas ligeiras nuances de forma, dão muita atenção ao que se passa com os comunistas. Todos eles, quase sem excepção, repartem essa sua “atenção”, ora em ataques de um ódio vesgo e anticomunismo descontrolado, ora numa extrema “preocupação” com o futuro do PCP. Todos mantêm a eterna obcessãozita de que o PCP se abra... à modernidade. Todos sonham (não duvido!) com um PCP irremediavelmente “renovado, forte e influente", como, sei lá... o Partido Comunista Italiano, o Partido Comunista Francês, o Partido Comunista Espanhol... etc.

Desgraçadamente o Partido Comunista Português teima nesta coisa “suicidária” que é continuar comunista. Falhado (por um qualquer acidente) o definhamento e a morte certa anunciada com a eleição de Jerónimo de Sousa para a tarefa de Secretário Geral, mais uma vez, vão entregar um encargo tão importante como a campanha presidencial... a um comunista. Aquilo a que os nossos queridos politólogos chamam um “ortodoxo”.

O tom odiento com que chamam “ortodoxo” a Francisco Lopes, fazem-no parecer culpado de todos os males que caíram sobre Portugal desde o 25 de Novembro... incluindo o próprio 25 de Novembro. Francisco Lopes seria assim amigo íntimo de Carlucci e patrocinado pela CIA. Francisco Lopes seria culpado pelos crimes contra a Reforma Agrária, pelo engavetamento do socialismo, pela venda de Portugal aos interesses económicos do grande capitalismo internacional, pela degradação da saúde, da educação, pela liquidação da agricultura, das pescas, no nosso tecido produtivo. Francisco Lopes teria conseguido o seu diploma de electricista com uma cunha e ao Domingo. Enquanto militante comunista intimamente ligado às lutas sindicais seria igualmente culpado, pelo menos a fazer fé nesse grande teórico António Chora, por, deliberadamente, levar os trabalhadores a radicalizarem lutas, no sentido de conseguir o maior número de falências e encerramentos de empresas, que produzissem um número tal de desempregados... que fossem suficientes para dar ao PCP muitos “tempos de antena de protestos e bandeiras negras”, pois isso, ainda segundo o génio Chora, é que interessa aos comunistas.

Francisco Lopes, para além do indesculpável atrevimento de não ser nem doutor, nem arquitecto, nem engenheiro, tem ainda o enorme descaramento de aparecer nesta campanha para fazer um verdadeiro debate à esquerda e, sem peias, defender os valores e ideais de Abril e uma vida melhor para os trabalhadores e para o povo em geral... sem ter medo de afirmar que isso implicará necessariamente uma vida pior para os banqueiros, especuladores e exploradores.

Ponderado tudo isto e mesmo considerando os inúmeros defeitos de que Francisco Lopes, enquanto “empedernido ortodoxo” parece ser portador (mais outros de que me terei esquecido), declaro que, até ao limite em que isso seja útil, o meu candidato é Francisco Lopes.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Millennium BCP – «Maior capital, maior rendimento»




O Senhor de La Palice, foi um militar francês, herói do seu tempo. O seu tempo foi o mesmo em que os portugueses andavam na “ciguêra” dos descobrimentos. Nasceu em 1470 e morreu, já Marechal de França, em 1525.

O nome de La Palice ficou ligado, injustamente, às famosas “verdades de La Palice”, as verdades evidentes e banais. Na verdade, o pobre Marechal não fez nada por isso. Conta quem sabe, que a coisa se terá ficado a dever à ingenuidade de alguns dos seus soldados e fervorosos admiradores que, querendo cantar os seus feitos militares, terão produzido versos como «S’il n'était pas mort il ferait envie» (se ele não estivesse morto, faria inveja), frase que depois de sofrer a erosão própria de muitas passagens de “boca a ouvido” se transformou em «S’il n'était pas mort il serait en vie» (se ele não estivesse morto, estaria vivo). Os exemplos são variados… mas a verdade é que La Palice nunca terá proferido nenhuma destas patetices que se lhe atribuem.

E aqui chegamos ao panfleto de propaganda de um qualquer produto financeiro do Millennium BCP, panfleto em que tropecei enquanto estava a fazer um levantamento no Multibanco. Feita a necessária montagem para retirar da imagem a cara do Jorge Gabriel, já que vocês não têm culpa nenhuma das minhas parvoeiras, fica a extraordinária frase publicitária com que o banco vende o tal produto: «Maior capital, maior rendimento!» Isto, certamente, por contraste com todos os bancos da concorrência, em que quanto mais capital se tem... menos se ganha... penso eu...

Estabelecida a impossibilidade de ter sido o senhor de La Palice a inventar este slogan para o Millennium, fica a triste possibilidade de ter sido um dos nossos “génios” da publicidade!

(Até nisto... que saudades do Ary!)

Está lá? É do inimigo?



Quase todos conhecemos, ou pelo menos ouvimos falar, do histórico sketch humorístico de Solnado sobre a sua ida à “Guerra de 1908”. Foi representado numa Revista à Portuguesa e depois gravado em disco, no princípio da passada década de sessenta. Temos agora, em alternativa e numa versão para 2010, o sketch do Ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, que só por pouco não seguiu a excelente sugestão do “Cravo de Abril”: informar “o inimigo” sobre as identidades, horas e locais de chegada à guerra dos nossos futuros “espiões” militares no Afeganistão e no Líbano.

O primeiro sketch, cimentou o estatuto de Solnado enquanto grande comediante; o segundo, cimenta o estatuto do Ministro, enquanto perfeito idiota!

Tendo a possibilidade de colocar aqui o Solnado, não vou perder mais tempo com a miserável (embora hilariante) imitação de Santos Silva.


terça-feira, 24 de agosto de 2010

Bem se avisou...



Bem se avisou que a ladeira era longa e muito inclinada. Bem se alertou para a curva apertada ao fundo da ladeira... e com um prédio em frente... mas esta gente, tomada pela cegueira da corrida e da competição, dá lá ouvidos seja a quem for?!!!

Deu no que deu!

Agora poderia ficar aqui horas estabelecendo paralelos entre esta piada sobre uma fotografia bem caçada... e a vida real. Felizmente, não vale a pena. Fui largamente “abençoado” com leitoras e leitores inteligentes!

Moody’s – Agências de mercadores de sangue




Os capitalistas, em especial a sua forma selvagem, que são os neoliberais, de quem o lamentável Passos Coelho é o “futuro funcionário” e o actual Governo “simples lacaio”, têm com os cidadãos em geral e os trabalhadores em particular, uma relação implacável: estão interessados em todo o seu suor e boa parte do seu dinheiro; quando o trabalhador deixa de poder fornecer algum destes itens... querem que ele vá morrer longe.

As suas ferramentas e métodos de trabalho são conhecidas. Grupos de lacaios, que se auto-denominam “Agências de Rating”, vendem relatórios mais do que encomendados, dizendo não importa o quê, desde que sirva os interesses dos especuladores. Dias antes da queda recente e aparatosa de alguns deles, grandes bancos, seguradoras e etc., estas “agências” davam-lhes classificações “AAA” o máximo possível na sua escala de credibilidade.

Mesmo depois de tudo descoberto e denunciado não foram presos e as suas “agências” não foram arrasadas. Não! Estão aí, são os mesmos e viraram-se agora contra os países vulneráveis, que nos próximos tempos terão que alimentar, à força de juros pagos pelo seu endividamento público (e privado), somas astronómicas. Juros que estas “agências” vão inflacionando, inexoravelmente, com as suas “classificações” assassinas.

E toda a gente faz de conta que não percebe. Comentadores, políticos, economistas (felizmente, não todos!) comentam cada novo “rating” de uma destas “agências”, verdadeiras associações de delinquentes... como se fosse a “Palavra de Deus”. E, desgraçadamente, é! O lucro, a qualquer preço, custe o sangue que custar, custe as vidas que custar... é o seu “deus”.

Adenda: Como que "por milagre" e menos de uma hora depois de publicar este post, recebi de um amigo "atento" este vídeo. Não é a primeira e, certamente, não será a última "colaboração" de Saramago neste blogue.


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Touros – Uma tomada de “consciência”



Já me tinha conformado com a ideia de que as únicas “alegrias” que o controverso fenómeno das touradas me daria, seriam as raras notícias que me davam conta de que mais um touro tinha, aqui ou acolá, cumprido o seu “dever”, atirando um toureiro para o espaço... mas algo está a mudar.

De repente parece que alguns dos animais começaram a tomar “consciência” do fenómeno que os rodeia e de quem são, realmente, os culpados pela perpetuação da sua tortura na praça, pelos litros de sangue perdido, pela morte gratuita e inútil. Como se pode ver em notícias como esta, ou esta, os touros terão começado a perceber que os verdadeiros culpados estão sentados nas bancadas, aplaudindo cada ferro cravado, cada golfada de sangue que espirra e tinge o chão.

À excepção de casos como o relatado numa destas duas notícias, em que um dos feridos graves é uma criança de dez anos (por incrível que pareça o facto de haver gente que acha um espectáculo daqueles adequado para crianças) em relação a todos os outros, tenho pena, mas a minha solidariedade vai inteirinha para o touro... e só se perdem as que caem no chão.

Brincadeiras de garotos - Que desculpa terão?



Sou do tempo em que as brincadeiras da garotada eram na rua, nos quintais, no campo. Eram a nota de cor de um país cinzento, eram a alegria de vilas e aldeias. Era o pião, a cabra-cega, a macaca, o agarra. Eram as duras negociações nas trocas de repetidos das preciosas colecções de cromos. Era o intercâmbio cultural do "livros de quadrinhos" e a excitação da chegada da Bibliotaca da Gulbenkian... que ia ter connosco, em estranhas carrinhas Citroen. Era a canseira boa de correr durante horas atrás de aros ou pneus de bicicleta, lançar papagaios, subir a árvores tendo como recompensa fruta que sabia bem... ou joelhos esfolados, eram saltos para o rio, eram zangas de minutos, que davam amizades para a vida inteira.

Encenávamos guerras terríveis, dizíamos o que não lembrava ao diabo enquanto íamos atirando uma pedras, sem fazer grande coisa por acertar... até decidirmos mudar de brincadeira, em jornadas de contínua e "olímpica" irresponsabilidade.

Tínhamos uma grande desculpa: éramos mesmo garotos. Que desculpa terão estes?


E por aí fora... até à náusea...

domingo, 22 de agosto de 2010

Catrin Finch – Grávida de talento



Catrin Finch é uma jovem nascida no País de Gales há trinta anos. É uma prodigiosa executante de harpa. A sólida formação musical erudita dá-lhe asas e "armas" para não temer a “contaminação” de outras músicas. Assim, é com visível prazer que, para além dos seus concertos, tanto pode partilhar o palco com um grupo de música tradicional da América Latina, como tocar harpas “geneticamente modificadas” e eléctricas, carregadas a tiracolo, quais guitarras roqueiras, em concertos de música folk.

Diz quem sabe, que a juventude e energia da sua técnica trouxeram a harpa erudita para o Século XXI. A sua carreira já está recheada de prémios e gravações. Aquilo que vamos hoje “ouver”, faz parte do seu último trabalho e resulta de um antigo desafio de amigos: transcrever para harpa as Variações Goldberg de Bach. Começou por achar a ideia difícil de concretizar, para começar, pela complexidade da própria transcrição, depois, pela grande dificuldade da sua execução em harpa. O excesso de tempo livre proporcionado pela primeira gravidez, convenceu-a a passar longos meses em trabalho caseiro, até chegar a este resultado que, como já disse, é apenas um pequeno excerto.

Se uma gravidez desejada, que dá origem a uma nova e amada vida, já é como que um milagre, o que dizer de uma gravidez que, para além da bebé Ana Gwen, nos deu esta pérola?

Bom domingo!


“Variações Goldberg” – Catrin Finch
(J. Sebastien Bach)

sábado, 21 de agosto de 2010

Fernando Nobre – “Caldeirada” ideológica







O candidato à Presidência da República, Dr. Fernando Nobre, para além da parolice de se declarar “alinhado” com Barack Obama, que é, segundo ele, o “novo paradigma de governação”, posição que, ou se deve a real convicção, ou simplesmente ao alinhamento com o seu (nunca admitido) mentor, Mário Soares, vem, em declarações ao Público, engrossar o número daqueles que advogam o fim das ideologias.


De forma recorrente, vamos vendo vários pretendentes a isto e aquilo jogarem esta cartada do fim da divisão e do combate de ideias entre a esquerda e a direita. A maioria fá-lo de forma consciente, sempre para prestar um inestimável serviço exactamente à direita e aos seus vários e multimilionários interesses, para os quais a consciência política dos explorados constitui um gigantesco prejuízo e uma intolerável ameaça. Outros, porque não têm uma ideia que seja para defender. Outros ainda, por pura ignorância.

Qual será o caso do Dr. Fernando Nobre?

Decididamente, o médico passou uma boa parte da sua vida fazendo um louvável trabalho no meio dos mais variados cenários de tragédias humanitárias e conflitos mais ou menos sangrentos... mas o político, aparentemente, não aprendeu nada sobre as causas fundas dessas tragédias e conflitos.

Tourada



Desta notícia que me dá conta de que Sócrates responde a Passos Coelho, confesso que o único pormenor que me interessou foi a fantástica distancia a que a coisa se passa. Passos Coelho mandou umas bocas a Sócrates no Pontal algarvio... e Sócrates responde-lhe de Mangualde.

A isto, meus amigos, chama-se “citar de longe”! Depois... depois,

“Entram guizos chocas e capotes
e mantilhas pretas
entram espadas chifres e derrotes
e alguns poetas
entram bravos cravos e dichotes
porque tudo o mais
são tretas”.

E por aí fora… que isto é uma festa!

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Falem-lhe ao coração... falem-lhe de dinheiro!



Diz o povo há séculos, «Atrás de mim virá quem de mim bom fará!» Disse-me, há semanas, uma professora de uma escola secundária onde fui cantar, «Esta diz as coisas com aquele sorriso de sonsa, mas é pior do que a outra!»

O provérbio popular, somado às notícias dos jornais, deve fazer morrer de rir a ex ministra Maria de Lurdes Rodrigues; a frase da professora mostra-se a cada dia que passa mais verdadeira.

Aí temos o anúncio do caos, em alguns casos, a consumação do crime. 701 escolas vão fechar, de maneira cega, por razões que nada têm que ver com ensino. Nada parece demover a dona escritora Isabel Alçada.


Os exemplos poderiam continuar... mas a cada enxurrada de títulos como estes, a ministra responderá com mentiras como estas:


De nada adianta o PCP exigir a paragem imediata deste processo e toda a demais oposição estar igualmente contra. A senhora parece estar tomada do “espírito socretino” e, pura e simplesmente, não ouve... ou tem ordens para fazer de conta.

É aqui que entra, finalmente, a minha teoria para “ajudar”. Como a senhora, até hoje, já se abotoou com vários milhões de euros, por conta das suas obras literárias de cácarácá que, entre a séria “Uma aventura”, que já vai em 52 volumes, mais a outra revoada de títulos que tem escrito em parceria com Ana Maria Magalhães, já venderam mais de oito milhões de exemplares... e atendendo a que ganhar tanto dinheiro deve acabar por viciar, acho que a solução pode ser a seguinte:

Haja uma alma caridosa que avise a senhora de que, com estes horários escolares das 7 da manhã às 19 da noite, passados longe da família, em turmas de molhada, em escolas grandes que não são nada melhores do que a maioria das pequenas, atirados para horas e horas de voltas e voltas em transportes diários, está a perder, inexoravelmente, milhares de potenciais leitores para os seus livrinhos. Uns, porque pura e simplesmente não terão tempo, outros, porque quando souberem que a autora dos livrinhos é a mesma que lhes fez isto, nem devem querer olhar para eles. É um prejuízo medonho! Visto que o que move a senhora ministra na política ministerial é o carcanhol, o bago, o vil metal... na vida real também deve ser assim... e isso deve ser o suficiente para a aterrorizar.

Voltando ao título, vão por mim. Falem-lhe ao coração... falem-lhe de dinheiro!

Cantigueiro – 20 de Agosto - 2007/2010




3 anos, 1777 posts, 20.945 comentários, 533.471 visitas...
e continua a dar muito prazer fazer esta viagem.

Muito obrigado a todas e a todos pela vossa indispensável companhia!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Espantásticos!



O presidente brasileiro, Lula da Silva, resolveu leiloar o fato que vestiu na sua primeira tomada de posse. «A receita do leilão vai ser doada ao programa Escola do Povo, dirigido por uma ONG na favela de Paraisópolis, em São Paulo». O leilão foi um sucesso e o fato foi arrematado por mais de 200 mil euros por Eike Batista, um multimilionário brasileiro, dono da maior fortuna do Brasil, avaliada em 27 mil milhões de dólares.

Seguindo o exemplo de Lula da Silva, também José Sócrates e Cavaco Silva promoveram o leilão dos fatos das suas tomadas de posse. Na ausência de um milionário do calibre do brasileiro, as farpelas foram compradas por um agricultor endinheirado, num gesto que deixou toda a vizinhança espantada... embora não tão espantada quanto os pardais.

Beethoven... e o futuro



«Beethoven é apenas sinónimo de um cão retratado em vários filmes norte-americanos».
«Miguel Ângelo não passa de um vírus informático».
«A Checoslováquia ou a Jugoslávia não existiram».
«Só houve um Papa - João Paulo II».
«Na África do Sul nunca houve um regime estatal racista denominado de apartheid».
«A Alemanha nunca esteve dividida em dois países».

… etc., etc., etc. Este é normalmente o resultado das “sondagens” aos conhecimentos dos jovens norte-americanos. Resultados que demonstram uma ignorância espessa, mas que serve de tal maneira os interesses do poder, que é exibida em "talk-shows" como matéria de humor... quase como um troféu. Estes poucos exemplos são apenas uma amostra de mais um estudo feito entre estudantes em ano de entrada na Universidade e que revela a sua generalizada e gritante falta de referências culturais, quão erradas estão as poucas que pensam possuir e, principalmente, que essas referências dificilmente conseguem recuar mais de vinte anos, em termos históricos.

Por cá, todos nós conhecemos jovens que, felizmente, são a prova (ou esperança) de que estamos um pouco melhor do que os EUA. Jovens interessados, activos, cultos, de espírito aberto ao conhecimento. Jovens capazes de nos dar confiança no futuro.

O busilis está em saber se estamos assim tão melhor. Se o número dos que, por cá, respondem “Mário Soares” ou “Otelo” quando se lhes pergunta quem foi derrubado no 25 de Abril, ou que não sabem mesmo de todo o que foi o 25 de Abril, que não têm nenhuma noção da História, que se lhes perguntarem, em Lisboa, onde está Coimbra, não fazem a menor ideia sobre se é para o Norte ou para o Sul, aqueles que, aos trinta anos de idade, se gabam de nunca terem votado e nem quererem saber disso… saber se o número desses, como dizia, não esmaga totalmente o número dos interessados. Se não atrasa, insuportavelmente, o futuro. O busílis da questão está em saber o que fazer para mudar de rumo!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Um exemplo a seguir



Os operadores de viagens e turismo sentiram-se ameaçados pelo descrédito que uma estória como a das “Viagens Marsans” (aquela agência de viagens que se abotoou com o dinheiro dos clientes e não pagou a ninguém) pode trazer a todo um sector de actividade que vive da confiança dos seus clientes. Têm toda a razão! Logo na altura em que se conheceu a situação não esconderam o desejo de que a agência trafulha fosse corrida do meio. Pelos vistos, conseguiram. A dita agência, pelo menos em Portugal, foi declarada insolvente e encerrada.

É um belo exemplo a seguir! Tantos são os sectores da nossa sociedade e tantas as actividades importantes, como a Economia, a Saúde, a Justiça, a Educação, o mundo da política, do jornalismo, do desporto, das artes... tantos sectores, como dizia, que muito teriam a ganhar se conseguissem livrar-se de uma vez das suas “marsans podres”!

Palestina, Abu Ghraib, Angola...



Vivi há muitos anos a infelicidade de ter a minha juventude conspurcada pela visão de fotografias que alguns filhos de pessoas conhecidas dos meus pais enviavam de Angola. Estavam na guerra colonial. Participavam, sorridentes e de charuto na boca, em poses colectivas para a posteridade, com as G-3 na mão, um sorriso imbecil na cara e uma das botas em cima da última peça de "caça" abatida, que tanto podia ser uma pacaça, como uma palanca-negra... como um preto "turra" morto.

Recentemente, todos fomos abalados pelas fotografias tiradas por jovens militares dos EUA, violentando barbaramente prisioneiros iraquianos na prisão de Abu Ghraib. Agora chega mais esta notícia de uma miúda de pouco mais de vinte anos, militar israelita, que se diverte visivelmente com a humilhação de prisioneiros palestinianos amarrados e vendados.

Todos estes “desvios” do comportamento humano têm um fio condutor. O cenário é a guerra e os “inimigos” que são abusados estão, ou mortos, ou sem qualquer capacidade de oferecer resistência.

Estes rapazes e raparigas nasceram assim, maus e cobardes? Não, nem tampouco nasceram anjos. São, parafraseando o poeta Aleixo, nem espertos, nem brutos, são simplesmente o produto do meio em que foram criados. Para essa “criação” muito contribui o treino militar que recebem, ainda a sair da adolescência, treino militar regido pela apologia da violência e disciplina de contornos sempre a roçar uma espécie de ideal nazi.

Claro que quando os resultados desta “educação para a vida” são vistos “cá fora”, para escândalo de milhares de cidadãos, como foi e é o caso desta mania das fotografias para a posteridade, até os generais que os “educaram” se vêem forçados a mostrarem-se muito chocados e indignados. Desta vez também não vai falhar. A jovem israelita Eden Aberjil, embora já não possa ser julgada militarmente, por ter acabado o seu serviço militar, será “fortemente censurada”!

É por estas e por outras que quando ouço alguém lamentar que agora, com o fim do Serviço Militar Obrigatório, os nossos jovens já não são educados para serem “Homens a sério”... fico sempre a pensar coisas que, por decoro, não escreverei aqui.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Tarrafal – Memórias do “paraíso”...



Afinal o campo de concentração do Tarrafal «não era uma prisão mas sim um paraíso!!!» É isso que vem escarrapachado num livreco de uma tal José Vicente Lopes, “investigador” e “prestigiado” “jornalista” cabo-verdiano, agora publicado.

Ali se conta que representantes da Cruz Vermelha, embora a notícia não revele quando, visitaram as instalações por duas vezes e, segundo o relatório dos PIDES que os acompanharam, «ficaram espantados com as condições encontradas».

E andámos nós a dar ouvidos aos “queixinhas” dos tarrafalistas que ali estiveram presos! E andámos nós, durante anos, impressionados pelos seus relatos de torturas e pelas mortes ali ocorridas, mortes que, como o livro agora esclarece, ocorreram, sim, «mas por razões que o autor não imputa directamente às condições carcerárias»!

Ou então, estórias como esta, vêm mais uma vez demonstrar que com o incentivo certo e um bom enquadramento da PIDE era possível “sacar” declarações destas, até a funcionários da Cruz Vermelha (que de vez em quando têm, ou tinham... estas recaídas até às suas origens de simpatia nazi).

Vem demonstrar também que a causa do branqueamento do fascismo tem, por estes dias, muita gente disposta a estar militantemente ao seu serviço, como é o caso deste javardo e “prestigiado investigador/jornalista”, que agora produziu este excremento em forma de livro.

PS: Antes que alguém me pergunte se sei o que está nas seicentas páginas do dito livro, não, não sei! E também não quero! Bastam-me estas linhas para já não me interessar por mais nada que lá venha escrito.


Sócrates & Cavaco algo baralhados...





Não posso deixar de acompanhar o Sérgio Ribeiro, no Anónimo do séc. XXI e o Fernando Samuel, no Cravo de Abril, que, cada um à sua maneira, se interrogam sobre o real significado do “fogo de vista” protagonizado por Cavaco Silva e (a reboque) José Sócrates, no seu bastante propagandeado e “sacrificado” acto de interromperem as férias para “irem ver os fogos”... numa reunião com a Protecção Civil.

Saíram, ao que parece, bastante baralhados da reunião... ao ponto de acharem que estamos a melhorar muito a nossa eficácia, quando se sabe que, embora reconhecendo as condições infernais dos últimos dias, já ardeu na primeira metade de Agosto uma área maior do que a soma das áreas consumidas em 2007 e 2008. Levaram certamente com aquele discurso do chefe da Protecção Civil, sempre em tom e termos militares, que consegue, como que por milagre, fazer quase desaparecer as causas reais da tragédia que, em grande parte, por incúria criminosa, se repete todos os anos. Um discurso pejado de frios termos técnicos. Um arrazoado cheio de “cenários de operações”, inundado de “operacionais no terreno”, saturado de números de “ocorrências” e “ignições” e, claro, alguns “meios aéreos”.

Quem é que não fica “meio aéreo” depois de ouvir um discurso assim? Deve ser por isso que Cavaco Silva e Sócrates saíram de lá com os quatro neurónios completamente trocados, dizendo, um, que «saiu bastante mais descansado» e o outro «bastante menos preocupado»... quando mandaria o mais vulgar bom senso que tivesse saído um bastante mais preocupado e o outro bastante menos descansado.

Mas isso seria pedir demais...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

"Clínica" I-QMed de Lagoa - É que nem tem comparação!...




Andar durante uns segundos pela casa tacteando os móveis de olhos fechados ... mas sabendo que os posso abrir no momento que quiser, não serve para sequer tentar entender o desespero das pessoas que, sem a menor desconfiança sobre o que lhes vai acontecer, saem sem ver, de uma intervenção cirúrgica a que se submeteram para verem melhor.

Escrevo sobre esta vergonha que é o facto de a “clínica” algarvia “I-QMed”, depois de anos a trabalhar sem as devidas licenças, a operar sem condições, depois de várias queixas de clientes, para além das ainda mais queixas que já seguiam o dono da “clínica” desde a Holanda, tudo isto sem que ninguém responsável tenha posto cobro à situação, escrevo sobre isto, como dizia, por ver esta notícia que nos dá conta da indigente fiscalização no sector da Saúde, se comparada com a fiscalização em outros sectores de actividade.

Para além do espanto que me provoca a “calma” com que as autoridades, a começar pela Ministra da Saúde, têm seguido este caso, há uma pergunta que não me larga:

Se eu resolvesse abrir um barzito aqui na terra, ou um micro-mercado de bairro... ou mesmo uma venda ambulante de bolas de Berlim e gelados, na praia, antes de pedir (preencher, pagar, esperar muito até a coisa andar) as resmas de licenças que devem ser precisas para abrir esses “benditos” negócios, quantas horas levaria a (muito bem apetrechada) ASAE a chegar, para me arrasar e encerrar a tenda e quantos dias levariam as Finanças, para me trucidar a conta bancária?

Mas compreende-se! Uma “clínica” onde se fazem operações aos olhos... é uma coisa de muito menor responsabilidade. Corriqueira, mesmo!...

Passos Coelho – Pim!





Sabendo que têm uma maioria de eleitores que votam no PS ou no PPD-PSD intermitentemente e apenas guiados pelo lado para que sopra o vento, Sócrates e Passos Coelho vêem-se na obrigação de encenar divergências em assuntos sobre os quais convergem à sucapa e profundos desacordos sobre tudo o que, na realidade, resolvem com arranjinhos de bastidores.

Em mais um discurso para inflamar as bases no Pontal, uma espécie de Chão da Lagoa do “contenente”, discurso que Jerónimo de Sousa classificou (e bem) como «tiro de pólvora seca», classificação tão acertada que até Marcelo Rebelo de Sousa se viu obrigado a concordar «um bocadinho» com ela... Pedro Passos Coelho fez um ultimato ao Governo. Nem mais! O Governo tem até 9 de Setembro para fazer não sei o quê... senão acontece-lhe qualquer coisa ainda pior do que quando não se reencaminha aqueles mails...

Aqui, confesso que fiquei desiludido com Passos Coelho. Ou porque as sondagens mudaram ligeiramente de sentido, ou porque perdeu o “nervo”, ou porque nunca o teve, o líder dos sociais-democratas deu ao PS este prazo até 9 de Setembro... mas, ao contrário do que faria um qualquer líder realmente corajoso, não especificou a que horas era o limite do ultimato... nem ao menos se era de manhã, se era à tarde... lusco-fusco... nada!

Pfffffff!!!

domingo, 15 de agosto de 2010

E viva o (bom) ambiente!


(Amália em pintura de rua, numa rua de Vieux Lille, França - Jef Aérosol)

Numa vista de olhos feita à pressa, poucas seriam as coisas que teriam em comum o Fausto Bordalo Dias e Amália Rodrigues. No entanto não é bem assim. Vários seriam os pontos comuns, se analisados mais atentamente, mas hoje interessa-me apenas um.

Fausto e Amália partilham o feito de terem gravado, muito pouco depois do 25 de Abril de 74, e com um pequeníssimo intervalo entre si, duas canções que abordaram um tema em que até aí muito pouco se pensava... pelo menos em termos artísticos: a defesa do ambiente.

O fausto gravou a sua belíssima “Rosalinda” e Amália deu-nos esta divertidíssima “Caldeirada”, da autoria de Alberto Janes, o farmacêutico do Redondo que lhe escreveu vários dos seus famosos fados.

Bom domingo... e divirtam-se!


CALDEIRADA (Poluição)
Alberto Janes

Em vésperas de caldeirada, o outro dia,
Já que o peixe estava todo reunido,
Teve o goraz a ideia de falar à assembleia,
No que foi muito aplaudido

Camaradas: principia a ordem do dia!
É tudo aquilo que for poluição,
Porque o homem, que é um tipo cabeçudo,
Resolveu destruir tudo, pois então!

E com tal habilidade e intensidade
Nas fulguranças do génio,
Que transforma a água pura numa espécie de mistura,
Que nem tem oxigénio

E diz ele que é o rei da criação!
As coisas que a gente lhe ouve e tem que ser!
Mas a minha opinião, diz o pargo capatão,
Gostava de lha dizer!

Pois se a gente até se afoga!
Grita a boga, por o homem ter estragado o ambiente!
Dar cabo da criação, esse pimpão,
Isso não é decente!

Diz do seu lugar: tá mal!, o carapau,
Porque, por estes caminhos,
Certo vamos mais ou menos ficando todos pequenos,
Assim como “jaquinzinhos”

Diz então o camarão, a certa altura:
Mas o que é que nós ganhamos por falar?
Ó seu grande camarão, pergunta então o cação,
Você nem quer refilar?

Se quer morrer, diz a lula toda fula,
Com a mania da cerveja e dos cafézes,
Morra lá à sua vontade, que assim seja!,
Para agradar aos fregueses!

Diz nessa altura a sardinha prá tainha:
Sabe a última do dia? A pescadinha, já louca,
Meteu o rabo na boca,
O que é uma porcaria!

Peço a palavra! gritou o caranguejo,
Eu, que tenho por mania observar,
Tenho estudado a questão e vejo a poluição
Dia e noite a aumentar

Cai do céu a água pura
E a criatura pensa que aquilo que é dele é monopólio.
Vai a gente beber dela e a goela
Fica cheia de petróleo!

A terra e o mar são para o cidadão
Assim como o seu palácio.
Se um dia lhe deito o dente
Pago tudo de repente ou eu não seja crustáceo!

É um tipo irresponsável, grita o sável,
O homem que tal aquele!
Vai a proposta prá mesa: ou respeita a natureza,
Ou vamos todos a ele!



sábado, 14 de agosto de 2010

Lembrar Ary, sempre!



Todos os dias são “dias de Ary”... mas uns são mais do que outros. Hoje é um desses dias. Por nenhuma razão especial, para além de gostarmos muito do José Carlos Ary dos Santos e das palavras que escreveu para canções, isso somado à previsão de que vá estar uma grande noite, hoje, lá para as vinte e uma e trinta, eu mais três dos grandes músicos profissionais que costumam tocar comigo (quando isso é “tecnicamente” possível), com a ajuda de três cantoras amadoras de luxo, vamos lembrar o Ary, no auditório ao ar livre do Parque Urbano da nossa cidade.

Montemor-o-Novo fica muito mais “à mão” do que algumas pessoas ainda pensam. É um pulinho e vindo mais cedo há onde jantar muito bem. Para os daqui e das redondezas, sair de casa faz bem às pernas. Ouvir e cantar as cantigas do Ary, faz bem a coisas ainda mais importantes!

Até logo!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Bento XVI – Venha cá freguesa!!! Olhó perdão baratinho!!!





Faz cerca de 400 anos, foi achada a imagem da Senhora da Caridade do Cobre, na baía de Nipe. Hoje a Senhora tem honras de padroeira da bela ilha de Cuba e um santuário em El Cobre, perto de Santiago. Os festejos dos quatro séculos do achamento começaram em 2008 e vão até 2012. Por estes dias vai decorrer uma das actividades desses festejos, uma grande peregrinação em honra da padroeira. Ou porque a peregrinação ocorrerá em Cuba, ou por sincera devoção à Senhora, o Vaticano está verdadeiramente empenhado em que esta seja um grandioso acontecimento. Assim, não vá o diabo (e o comunismo) tecê-las e na impossibilidade de comprar os fieis em dinheiro vivo, o Papa decidiu pagar-lhes em género. «Bento XVI concederá o perdão pleno a quem participar devotamente em algumas das celebrações previstas ou nos exercícios de piedade diante da escultura de Nossa Senhora peregrina»… o que nos mostra mais uma vez que, para muita gente e também para o Vaticano, tudo tem um preço, tudo está “no mercado”...

Já o que “não tem preço” é a falta de vergonha do “santo padre” que, pouco tempo depois de andar a pedir perdões às vítimas de actos de pedofilia às mãos de padres (e outros funcionários da igreja), vem agora (a confirmar-se esta notícia) travar as demissões de dois bispos auxiliares irlandeses, que tinham renunciado na sequência dos escândalos em que se viram envolvidos.

Isto lembra-me que ainda há poucos dias um comentador aqui me reprovava o «certo desdém» com que me referi a alguns mediáticos pedidos de desculpas públicas, feitos por várias figuras, como o PM do Japão, Barack Obama e o Papa, este Sr. Ratzinger. Dizia o comentador que era praticamente obrigatório dar o benefício da dúvida e louvar os pedidos de desculpas desta gente. Lamento imenso, mas muitas destas figuras estão constantemente a dar-me motivos não para encarar com “desdém”, mas sim para execrar profundamente as suas hipócritas manifestações de compreensão pelo sofrimento das (quantas vezes suas) vítimas, ao mesmo tempo que pouco ou nada fazem para acabar com ele e com os crimes que estão na sua origem… quando não fazem exactamente o contrário.