Há trinta e seis anos, por esta hora, ou melhor, por volta das 18 horas em Santiago do Chile, o golpe militar comandado pelo assassino Augusto Pinochet estava consumado e já tinha ocorrido o assassinato a sangue frio do Presidente Salvador Allende, assassinato por muito tempo mascarado de suicídio.
Seguir-se-iam horas de puro terror e assassinatos em massa, prolongadas por muitos anos de repressão feroz, em que a morte foi sendo sempre a marca distintiva de um governo de criminosos.
Já se disse quase tudo sobre este 11 de Setembro e da impressão digital que o governo dos EUA e a CIA ali deixaram em todos os crimes, que confessadamente apoiaram e financiaram.
Este 11 de Setembro é o menos falado (ou sequer lembrado) nos meios de comunicação social. Exactamente por isso, mais uma vez aqui o lembro. Por isso e pela insistente dor de viver num mundo em que foi possível que isto acontecesse a Allende, Victor Jara e tantos milhares de trabalhadores, sindicalistas e revolucionários, tendo todos os assassinos, tanto os executantes como os verdadeiros mandantes e financiadores, ficado impunes.
Mais uma vez espero (exijo) que esta minha maior atenção pelo 11 de Setembro de Santiago do Chile (somada ao facto de denunciar os EUA como mandantes do crime) não seja confundida com um qualquer menor respeito pelas vítimas do outro 11 de Setembro, em New York.
Mais uma vez me socorro desta extraordinária canção de Pablo Milanés para banda sonora do que acabo de escrever.
Que nunca mais!
Yo pisaré las calles nuevamente
(Pablo Milanés)
Yo pisaré las calles nuevamente
de lo que fue Santiago ensangrentada,
y en una hermosa plaza liberada
me detendré a llorar por los ausentes.
Yo vendré del desierto calcinante
y saldré de los bosques y los lagos,
y evocaré en un cerro de Santiago
a mis hermanos que murieron antes.
Yo unido al que hizo mucho y poco
al que quiere la patria liberada
dispararé las primeras balas
más temprano que tarde, sin reposo.
Retornarán los libros, las canciones
que quemaron las manos asesinas.
Renacerá mi pueblo de su ruina
y pagarán su culpa los traidores.
Un niño jugará en una alameda
y cantará con sus amigos nuevos,
y ese canto será el canto del suelo
a una vida segada en La Moneda.
Yo pisaré las calles nuevamente
de lo que fue Santiago ensangrentada,
y en una hermosa plaza liberada
me detendré a llorar por los ausentes.
“Yo pisaré las calles nuevamente” – Pablo Milanés
(Pablo Milanés)
15 comentários:
Estou contigo Samuel. Retiro-me devagarinho e curvo-me perante esses homens, mulheres e crianças...
Abreijos,
Agora deixaste-me sem palavras... mas com o olhar mais brilhante...
Abreijos
Já publiquei isto uma vez. Mas aqui deixo novamente esta canção.
Balada para Victor Jara
(E para o meu amigo Manuel Estrada e todos os que queiram fazê-la sua)
“Que horas seriam do dia?”
– Não era dia, eram trevas.
“Ainda há pouco o ouvia...”
– São as saudades que levas.
“Quantos mortos viste, quantos?”
– Não os vi, não os contei.
“Mas ainda se ouvem cantos?
– São prantos, o que escutei.
“Choram as metralhadoras
Pelos homens que mataram?”
– E pelas mães sofredoras
Cujas lágrimas secaram.
“Enquanto o mundo desperta
Em Santiago anoitece.”
– Noite de medos coberta
Que nunca mais amanhece.
“Quem mata tão cegamente?
– A ordem... o ódio, digo.
“Pela ordem morre gente...
– Pelo ódio, o meu amigo.
“Eu tenho a alma encharcada
Da chuva de Santiago.”
– Essa chuva foi sangrada
Da f’rida que aberta trago.
“Chuva que nunca mais pára!
Victor Jara, vão calá-lo?
– Ninguém mata Victor Jara,
Por mais que queira matá-lo.
Só quero recordar,uma palavra de ordem,que tem 36 anos."O Chile Vencerá"
Estou contigo Samuel.Pagaram caro o sonho mas não nos deixemos intimidar por isso. Lutemos sempre pela Liberdade.
Bem-hajas!
Bem-hajam!
Beijos
Que se grave e se relembre este dia miserável para o Chile e para a Humanidade. Para que as gerações seguintes não repitam a triste história de homens e mulheres , assassinados e torturados pelo despotismo inqualificável de Pinochet.
Muito obrigada por trazer estas recrodações inesquecíveis.
Este ano não assinalei no blogue. Mas vou assinalar. Em dia aleatório. Porque o importante é lembrar sempre. Acima de tudo, que não se esqueça. Que não se esqueçam! Uma data de várias tristes memórias e de variados motivos.
E o quw teria sido o Chile com Allende e sem o Pinochet! Quantas vidas tão diferentes...
beijos
Também não me esqueci deste, embora não com palavras tão bonitas.
Abreijinhos
E não é improvável que os assassinos do Chile sejam «familiares» dos assassinos das Torres Gémeas...
Um abraço.
É muito bom saber que os meus amigos ( e muito mais que isso )decidiram, tal como eu, recordar "aquele outro 11 de Setembro " e as atrocidades então praticadas.
Muito duros são os caminhos dos Povos que não desistem de procurar uma sociedade mais justa.
Mas não desistimos, como não desistiram milhares de Chilenos e de outros resistentes por todo o Mundo.
Um grande e solidário abraço.
Amigona:
Eu sei que estás!
Maria:
E quem não fica?
Daniel:
Muito bom, Daniel!
Irlando:
Pelo menos, para já, foi travada a barbárie.
Isamar:
É a luta fundamental!
Sílvia:
Infelizmente, a especialidade das “novas gerações” (por vezes) é esquecer...
Boots:
Boa malha!
Luísa:
Tem que ser!
Lúcia:
Muitas vidas diferentes... e sobretudo, muito mais vidas.
BlueVelvet:
Obrigado pelas “palavras bonitas”, mas o importante é mesmo lembrar.
Fernando Samuel:
Nada improvável. Um dia, daqui a muitos anos, alguns documentos (como é costume) vão ser “desclassificados”...
Nocturna:
Sobretudo, não desistir.
Abreijos gerais!
E será que o 11 de Setembro em NY se passou como eles dizem? Eu li muita coisa sobre o 11 de Setembro onde apareciam coisas muito mal explicadas como o caso do avião que atacou o Pentágono. Seria mesmo um avião? E a implosão das torres gémeas. Será que foi natural?
Sempre tive a maior admiração por Allende e lamento o fim que teve, mas confirmou-se recentemente, através de diversas pessoas que estiveram com ele no palácio até ao derradeiro momento, que o presidente se suicidou.
Suponho que assim pretendia imolar-se como exemplo, em vez de cair nas mãos de Pinochet, que sem dúvida se serviria dele vivo para o humilhar publicamente, nem que fosse com julgamento-farsa, para o executar a seguir.
Suicidou-se, sim senhor, caro Samuel. Foi assim mesmo. Não vale a pena reescrever a Historia porque isso dá sempre mau resultado nalguma geração seguinte.
Álvaro Bento
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wadon17k
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