Afinal o campo de concentração do Tarrafal «não era uma prisão mas sim um paraíso!!!» É isso que vem escarrapachado num livreco de uma tal José Vicente Lopes, “investigador” e “prestigiado” “jornalista” cabo-verdiano, agora publicado.
Ali se conta que representantes da Cruz Vermelha, embora a notícia não revele quando, visitaram as instalações por duas vezes e, segundo o relatório dos PIDES que os acompanharam, «ficaram espantados com as condições encontradas».
E andámos nós a dar ouvidos aos “queixinhas” dos tarrafalistas que ali estiveram presos! E andámos nós, durante anos, impressionados pelos seus relatos de torturas e pelas mortes ali ocorridas, mortes que, como o livro agora esclarece, ocorreram, sim, «mas por razões que o autor não imputa directamente às condições carcerárias»!
Ou então, estórias como esta, vêm mais uma vez demonstrar que com o incentivo certo e um bom enquadramento da PIDE era possível “sacar” declarações destas, até a funcionários da Cruz Vermelha (que de vez em quando têm, ou tinham... estas recaídas até às suas origens de simpatia nazi).
Vem demonstrar também que a causa do branqueamento do fascismo tem, por estes dias, muita gente disposta a estar militantemente ao seu serviço, como é o caso deste javardo e “prestigiado investigador/jornalista”, que agora produziu este excremento em forma de livro.
PS: Antes que alguém me pergunte se sei o que está nas seicentas páginas do dito livro, não, não sei! E também não quero! Bastam-me estas linhas para já não me interessar por mais nada que lá venha escrito.
16 comentários:
Eu acho que, de facto, aquelas palavras que citas dizem tudo.
Quanto teria custado este branqueamento dos horrores sofridos no Tarrafal?
Um beijo.
Sublinhemos bem:
"segundo o relato do agente da PIDE/DGS que os acompanhou"
Judite Castro
Tudo isto me provoca uma enorme agonia. E eles vão ganhando terreno...
Um beijo.
Pois eu também só li estas linhas e não quero ler mais. Não li mais e não gosto. A liberdade de imprensa tem destas coisas. Qualquer javardo escreve o que quiser. Mas continuarei a defender a liberdade. Temos é de estar atentos. A Pide deixou vírus por aí. Os javardos pegam numa caneta ou num computador e vão escrevinhando por ali, por quaisquer dez reis de mel coado, o que lhes ditarem. Não pode ser de outro modo. Visitei o campo do Tarrafal em 2000. Foi das maiores emoções da minha vida. Tive vontade de gritar ali. Ninguém ouviria. A frigideira, isolada no campo, para não chegarem a ninguém os gritos ou a dor; a câmara de tortura; as celas sem luz, mais escuras à medida que se avançava, o sítio isolado do próprio campo, toda esta concepção de "arquitectura" era, afinal, para bem estar dos presos. Não há limite para a falta de vergonha! Realmente um fascista não é gente. Só tem forma física de gente: no mais são vermes.
Há por aí mais "investigadores/jornalistas".
Um bom alerta, Samuel.
O saneamento da história tem de ser travado!
De repente querem apagar o sofrimento imenso de seres humanos que sacrificaram a própria vida por uma causa, atirar-nos areia aos olhos aligeirando o terrorismo que ali se praticava, reverter a verdade dos acontecimentos... isto devia ser punido! Não se "brinca" assim com a história!
bjs,
Tomei a liberdade de partilhar o teu post no FB, é preciso lançar um alerta sobre tamanha mentira e vergonha. bjs
smvasconcelos:
A liberdade é também para isso...
Abraço.
Uma pergunta inocente.
Esse " prestigiado escritor, jornalista e outras coisas mais ", foi pago à linha ou à página ?
Tenho vindo a alertar para este fenómeno a alastrar por aí.
Estão a sair da toca como os coelhos.Ou os travamos,antes que se reproduzam mais,ou será cada vez mais difícil.
É necessário chegar aos meios de comunicação de grande audiência onde,também,estão a ser lavados.
Um abraço,
mário
O investigador jornalista em análise não será descendente do "médico" que lá estava apenas para passar certidões de óbito?
É um ultraje à memória de todos os que sofreram os horrores do Tarrafal.
Tudo isto fede. Já não haverá vergonha?
Abraço
Sócrates & Cavaco...algo baralhados porque foram a Cabo Verde e não li em nenhum lado que foram ao Tarrafal homenagear os antifascistas que por lá passaram e/ou morreram assassinados pelos fascistas.Já terão o "livro"com dedicatória do javardola?
Abraço
O estado colonialista português "alugava" cabo-verdianos ao estado irmão da África do Sul para trabalharem nas minas sem qual quer tipo de condições, sem um salário que lhes permiti-se algo mais que a subsistência, isso chama-se escravatura, esse javardola é uma vergonha para o próprio país, um traidor daqueles que lutaram para o derrube do estado fascista português que oprimiu tantas nações e tantos Povos, incluindo a sua nação e o seu Povo!
Mas os S&C são antifascistas? Olhe que não!
Lembro-me da visita (nos anos 60)ao Forte de Peniche de um tal Lord Russel of Liverpool: o homem também ficou encantado com as excelentes condições encontradas - e o seu encanto foi amplamente divulgado pelos jornais fascistas...
Um abraço.
Parece que o homenzinho, não se refere á época em que o Tarrafal servia de prisão para antifascista , mas sim a uma época posterior , quando serviu de prisão a membros dos partidos africanos de libertação.
E é um jornalista Cabo-Verdiano que escreve estas barbaridades, que pensarão por exemplo, os membros do PAIGC, que lá sofreram a repressão da ditadura.
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