Tomé Feteira morreu. Foi, finalmente, reencontrar-se com Salazar, o seu ídolo, que tão ruidosa e festivamente chegou a homenagear em Santa Comba Dão, nas célebres “romarias” ao ditador morto. Tomé Feteira viveu dezenas de anos com aquela que foi sua secretária, amiga, confidente, mulher, a Dona Rosalina Ribeiro, agora assassinada. A família do multimilionário fascista morto, que sempre tratou a companheira de Tomé Feteira como “a amante”, nunca a aceitando como portadora de quaisquer direitos, moveu céus e terra, nos últimos tempos, para lhe tirar tudo até ao último cêntimo, da parte da fortuna que “herdara”. Agora já não precisam de fazer mais nada para lhe tirar o dinheiro. A Dona Rosalina também morreu. Assassinada!
Por muito que os interesses em conflito sejam óbvios, tal não é suficiente para decidir quem matou e porquê. Por muito patética e algo suspeita que seja a tentativa de envolver num pântano de suspeitas e insinuações o advogado que durante anos defendeu, contra toda a família do milionário, os interesses da mulher que alguém, muito providencialmente, se encarregou de fazer desaparecer da face da Terra, a verdade é que, por enquanto, nada garante a inocência ou culpa seja de quem for nesta estória suja.
Então, se até agora nunca me tinha interessado minimamente por este assunto, porque é que decidi escrever sobre ele? Porque Duarte Lima, ex deputado do PSD, advogado de profissão e que, até agora, só tinha para mim um ponto a seu favor, que é ser um interessante organista praticante de música sacra, subitamente, foi violentamente atacado e enlameado pelo seu colega advogado, o conhecido José Miguel Júdice, que representa os “legítimos” herdeiros. Este foi o toque que fez desequilibrar a balança.
São muito raras as pessoas que não subam instantaneamente na minha consideração... depois de serem atacadas por essa figura repelente que é José Miguel Júdice.
E pronto. Sigam as investigações... e no fim se verá.
Adenda: Atendendo ao “lamiré” dado logo pelo primeiro comentário... e antes que o mal-entendido alastre, devo esclarecer que a alegada “subida na minha consideração” por parte de Duarte Lima é apenas uma piada, provocada pela alergia grave que tenho ao outro causídico. Reforço ainda a ideia de que só este “fait-divers” entre advogados manhosos me fez olhar para o monte de lixo que é todo este caso.
16 comentários:
Cuidado!...
Para mim "São farinha do mesmo saco" e sendo assim ... que "Venha o Diabo e escolha"!
Vai começar mais uma lavagem de roupa mais que suja. Os dois são capazes de tudo.
Abreijos, a 'ouver' a Mayra Andrade :)
Samuel:
Não o conheço pessoalmente mas baseada no que tenho lido e apesar de não ser tão "inteligente como alguns dos comentadores habituais", esclareço que nem me passou pela cabeça que Duarte Lima não estivesse incluído nas tais "muito raras as pessoas.." que refere.
Afinal o meu “lamiré” (=tom)é coincidente com a conclusão da sua adenda.
(E só não digo "Yes Sam" porque a expressão me faz lembrar uma outra que não é muito do meu agrado)
Este caso é um retrato, aquilo que, em tempos, se chamava um "instantâneo". Com crime puro e simples (!?) pelo meio.
Há que lhe pegar com luvas e pinças.
Um abraço
E ainda a tele-novela vai no princípio...
A vida deste Feteira é cheia de contradições, mas se ele morreu salazarento, não o foi toda a vida, ele esteve ligado á oposição á ditadura durante largos anos.
Não estou a limpar a imagem do personagem , e toda esta história mete nojo, mas é só uma precisão histórica.
Anjos:
☺ ☺ ☺
Abreijos.
Anónimo (10:09):
Fica feita a precisão histórica... obviamente sem “limpeza” de imagem. ☺ ☺
Prestais homenagem ao organista ou à música sacra?
Rosalina, se fores à praia
se tu fores ver o mar...
cuidado não te descaia
o teu pé de catraia
em óleo sujo á beira mar.
Uma coisa é certa: qualquer pessoa atacada pelo Júdice é - pelo mneos no momento do ataque... - melhor do que ele. Depois se verá - mas pior do que ele, não é fácil encontrar...
Um abraço.
Ainda me lembro. O melhor presente
que tive foi sem dúvida aquela flóber.
Toda a garotada da terra colaborou no meu
entusiasmo. Íamos para o campo,
pam pam, pardal aqui, pam pam, pardal ali.
A única arrelia que tive com ela foi
quando um dia, sem querer, pam,
acertei em cheio na tia Albertina.
Para castigo não me deixaram ir ao enterro
Desculpa mas eles são diferentes: Um não tem barba o outro tem...
Um toca orgão o outro toca todos os instrumentos...
abraço
Suq:
Bem sacado o texto da "flóber" do Mário Henrique Leiria. Devia ser mais lembrado... e lido.
Absolutamente de acordo e escusado será acrescentar que apesar do Duarte Lima ter aceite defender o "elo mais fraco" deste ensarilhado de interesses pouco claros e com muitissimo dinheiro à mistura, a verdade é que só o fez porque estão em causa muitos, mesmo muitos milhões!Viva a Justiça e os advogados dos ricos!
Samuel:
Se o autor Mário Henrique Leiria foi "lembrado" fico feliz e se a assassinada foi "re-lida" também!
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