Diz-me o cabeçalho do “Google” que “hoje é dia de festa cantam as nossas almas para o menino Garrett uma salva de palmas”. Nasceu a 4 de Fevereiro de 1799, portanto, há já 212 anos.
Numa passagem das suas “Viagens na minha terra”, Garrett fez uma pergunta que ficou famosa:
«Quantos pobres são necessários para fazer um rico?»
Passados que são 157 anos sobre a sua morte, o escritor e político não precisaria de fazer esta pergunta. Bastar-lhe-ia ver os telejornais, ler jornais e olhar à sua volta para ter a sua resposta.
Veria, por exemplo, notícias de que numa altura em que entram em vigor os cortes nos salários, uma altura de tremendo desemprego, de aumentos de impostos para os mais fracos, cortes de pensões, de abono de família, de credenciais de transporte para doentes pobres, de milhares de falências de pequenas e médias empresas, de trabalho cada vez mais precário... veria notícias, como dizia, contando que no meio de tudo isto, três bancos privados portugueses (BES, BCP e BPI) cometeram a proeza de, em 2010, verem aumentados os seus lucros, atingindo os mil milhões de euros, cerca de 2,7 milhões de lucro por dia... ao mesmo tempo que conseguiram reduzir o pagamento de IRC dos cerca de 200 milhões de 2009, o que já era pouco, para uns vergonhosamente insultuosos 35 milhões em 2010.
Almeida Garrett teria aqui uma parte substancial da sua resposta!
Adenda: Um leitor habitual e atento, habitualmente atento, sugere-me que acrescente esta informação que vem igualmente ajudar bastante a perceber quantos pobres são precisos para fazer um rico... ou vários: «Só nos primeiros 9 meses de 2010, 21 grandes grupos económicos arrecadaram de lucros líquidos perto de 10 mil milhões de euros, mais 150 mil por cento do que em igual período de 2009.»
É obra!!!
É obra!!!
11 comentários:
Pois é mesmo verdade, mesmo para os países capitalistas onde dizem que as desigualdades sociais não são tão gritantes.
A algum povo explorado eles irão buscar algo que contribua para a sua prosperidade.
Um beijo.
Mas há presságios. Hoje, passeava com o meu cão por uma velha rua desta deprimida e abandonada cidade de Gouveia e ganhei o meu dia: vi, ao fundo da rua, comprido, elegante, senhor de si, atravessar um gineto. Trazia o pelo molhado certamente de ter atravessado uma ribeira que fica muito próxima. Meteu para o quintalito de uma senhora que protegia todos os cães abandonados da cidade e que agora, vencida pela doença, está num lar. Fui atrás dele, só para o ver, só pela sua beleza, o seu à vontade no mundo. Vi-o ainda saltar um muro muito alto e desaparecer entre a erva do lado de lá. Que o deus dos ginetos o proteja dos caçadores... e dos protectores. Vai, criatura livre, vai!
Que tem isto a ver com o Garret? Tudo. Ele também era um gineto, dono de si e compadecido dos outros. E sempre elegante. Quem sabe se isto não é um presságio? Quem sabe se os nossos burgos não irão ser tomados pelos ginetos, como - aqui - já estão a ser pelas raposas a que muita gente dá comida. Antes eles do que as pandilhas de imbecis e f. da p. que governam este pobre país.
Luis Nogueira
Ouvi a notícia ontem no telejornal. Isto, neste país, é ESCANDALOSO!!!!!!
Beijo.
Viajando pela nossa terra se verifica como se enriquece.
Antuã
É para esses que trabalham os sócrates cá do sitio, não temos a garra das gentes do Egipto, mas a certeza é que tal como lá aqui temos que tomar as rédeas do poder, estes artistas estão-se a abotoar com o que é de todos. Desde o, até aqui, impoluto Cavaco que já se viu a rês que é,tudo rouba quem dá o seu melhor para receber uns miseros tostões. HÁ POVO LEVANTA-TE, porra!
Já agora, acrescenta aí que «só nos primeiros 9 meses de 2010, 21 grandes grupos económicos arrecadaram de lucros líquidos perto de 10 mil milhões de euros, mais 150 mil por cento do que em igual período de 2009»...
Um abraço.
Luís Nogueira
Explique-me por favor o que é um gineto pois eu para mim penso que seja um cavalo ou então estou à nora e gostava de saber o que é.
Vitor sarilhos
Vítor sarilhos:
Não vá dar-se o caso de o Luis não aparecer por cá... aí vai:
O gineto, ou gineta, é um bicharoco carnívoro, que anda de noite pelas árvores e pelos matos, alimentando-se do que apanha (ratos, passarada, etc.) e é da família do gato almiscarado, dos mangustos... essa seita... que os entendidos na coisa chamam "Viverrídeos". Também dá para ver aqui:
http://www.lookfordiagnosis.com/mesh_info.php?term=Viverridae&lang=3
Adenda: É evidente que eu também não sabia... :-))) :-)))
Abraço.
Amigo Vitor:
Cavalo, (plural "cavais" em socratês) é, ou pode ser, ginete, i.e., terminado em e. Os espanhois chamam ginete ao conjunto cavalo-cavaleiro (lembre-se que o de baixo é quase sempre mais inteligente do que o de cima) e até muito tarde, século XVIII ainda se usava na cavalaria militar: o "3º de Ginetes de Lisboa", por exemplo.
Gineto (terminado em "o")é um belíssimo felino, comprido, com uma cauda pelo menos do tamanho do corpo, malhado, preto, cinzento e branco, menos encorpado do que o lince, por exemplo, e o chamado "gato montês" e o toirão. Pode também comparar-se com o mangusso (ou mangusta) africano, asiático e o nosso furão. Gineto, com maiúscula, é uma das personagens de "Os Esteiros" do Soeiro Pereira Gomes, figura inspirada pelo grande nadador (Travessia da Mancha) e meu camarada de Partido, Baptista Pereira de Alhandra.
Espero não o ter aborrecido com esta minha explicação, e mande sempre
E, Samuel, obrigado pelo espaço e pela tua paciência.
Luis Nogueira
Luis Nogueira:
Bela explicação... e excelente o pormenor de "Esteiros"!
Disponha do estabelecimento à vontade! :-)))
Abraço.
Meus amigos
Muito obrigado pela explicação/informação sobre o ginete e também sobre o gineto.
Agradecido
Vitor sarilhos
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