quinta-feira, 29 de outubro de 2009

“Operação face oculta”


O estalar desta nova sujeirada entre corruptos, envolvendo “variadíssimas empresas”, segundo as palavras do PGR, veio mostrar que sempre que já estamos quase a esquecer esse grande empreendedor, Armando Vara... zás!, o nome dele aparece ligado a mais uma porcaria qualquer, sendo que desta vez foi mesmo constituído arguido. Lembrou-me também um debate que vi num programa da televisão espanhola, que costumo seguir, programa feito por jornalistas que rotativamente vão comentando as notícias da actualidade.

Num dos últimos que vi, em que mais uma vez eles comentavam a verdadeira tempestade que se abateu sobre a Espanha, com as primeiras páginas dos jornais cada vez mais ocupadas por títulos que falam de autarcas corruptos, acusados e presos, dirigentes regionais do PSOE e do PP acusados de corrupção ou financiamento ilegal dos partidos, expulsos dos ditos e alguns, igualmente presos, empresários corruptos misturados com uns e outros, numa espécie de maré negra que varre o país, os jornalistas, que ao contrário da maioria dos nossos, não perdem tempo com rodriguinhos de “alegado” para cá ou “alegada” para lá, aplaudiam as iniciativas da justiça espanhola, exigindo, mesmo perante um tal volume de resultados, que esta não abrandasse nas suas investigações.

A certa altura, uma das jornalistas que mais vezes tenho visto no programa, disse, com graça, que uma das coisas que lhe faz medo é a ideia de se sentar à frente dum mapa de Espanha e ir espetando bandeirinhas em todos os lugares onde decorre uma investigação de corrupção, envolvendo empresários e políticos.

Uma pergunta fica no ar: serão os espanhóis assim tão mais corruptos do que os portugueses, ou é a justiça espanhola que se anda a mostrar bem mais expedita?

Outra pergunta, mas está é cá uma coisa minha: se a justiça portuguesa começar realmente a abrir os olhos e a ter meios para investigar a fundo, onde raio é que eu vou arranjar bandeirinhas que cheguem para “decorar” a parte do mapa ibérico que deixei em branco?

17 comentários:

alex campos disse...

Avizinha-se mais um bom nogócio da China: a importação de bandeirimhas a granel.

um abraço

APC disse...

Temo que não arranje, Samuel. Não há bandeirinhas que cheguem, o que deixa uma pergunta no ar: porque é que NUNCA lhes acontece nada?! Que "Cosa Nostra" temos nós que faz parecer a Máfia Siciliana uma organização de caridade?
O que me incomoda seriamente é que quando temos oportunidade de alterar as coisas, o povo/rebanho vota sempre nos mesmos. Serão burros?
Abraço

Maria disse...

Podemos começar todos a fazer bandeirinhas como 'TPC'... depois mandamos-te.
Que cores queres?

:)

Abreijos

Antuã disse...

Onde há Vara há porcaria.

svasconcelos disse...

Subscrevo o comentário do Spectrum.
Quanto às bandeiras,de é melhor desistir, suspeito que fossem tantas que não haveria armazém para as albergar...E nada acontece...
bjs,

Ana Camarra disse...

Não existem bandeiras que cheguem...


beijos

Carlos Machado Acabado disse...

É realmente assustador o estado de degradação, o nível de baixeza, a que chegámos, como país!
Mas eu continuo a pensar por muito politicamente incorrecto que seja: o pior de Portugal não são os políticos (que são, porém, horríveis, em geral): o pior de Portugal é mesmo "o povo" que os elege e se lhes entrega cegamente nas mãos.
Não há volta a dar a isto: o povo português é o verdadeiro obstáculo (senão o grande cancro!) da democracia, por muito que custe ter de dizer isto.
No estado de amorfa amoralidade e de escandalosamente bronca indiferença a que chegou, é!
Será que o Valentão Lateiro se elegeu a si próprio?
Será que o "outro" (o dos sete anos de cadeia) votou pelo eleitorado inteiro do concelho?
Não!
Essa gente é eleita por milhares e milhares de pessoas para quem (utilizando uma linguagem "kissingeriana"...) um filho da puta deixa tão imediata quanto automaticamente de sê-lo se tiver nascido na minha rua ou no meu bairro.
É esta mentalidade pequenina, paroquial, provincianóide e completamente saloia, indecorosa e amoral que gera (e alimenta) a corrupção e a pouca vergonha!
E eu até acabo por ter uma certa pena de pessoas como Isaltino de Morais (que ironia de nome, ham?) que, claramente, por uma razão qualquer que me escapa, não é "filho" (deve ser "enteado"...) deste "regime i/moral" que vai de "pê-ésse" a "pê-pê-dê" e volta e paga, afinal, por todos os outros, os que "freeportam" e "eurominam" por aí, na mais completa e indecorosa das impunidades.
Não percebo, francamente, como aquele mesmo Povo que saíu à rua em 25 e 26 e 27 (e por aí fora até Novembro de '75) de Abril juntando-se aos soldados,ocupando terras, fundando sindicatos e comissões de todo o tipo, liderando processos reivindicativos de toda a ordem é, afinal, o mesmo que elege, hoje, os Lateiros todos deste país e se deixa abjectamente comprar com aventais de plástico, esferográficas e bilhetes para concertos (!!) de Tonis Carreiras e quejandos!...
Que tristeza, é a única coisa que me ocorre dizer!
Que tristeza e que desperdício, um "Abril" (um Vasco Gonçalves, um Cunhal, um Zeca, um Maia) oferecidos de mão beijada a esta gente!...

vovó disse...

Spectrum e Carlos M. Acabado:
subscrevo-vos na íntegra!

vovó Maria

Anónimo disse...

Viva,
Chamemos antes de operação plástica, pois vai ser mais uma entre tantas a que temos assistido.
Quanto às bandeirinhas recomedar-lhe-ia uma visita ás "lojas chinesas"... bom mas o problema é que já ardeu o armazém abastecedor.
Haverá alguma ligação com a sua necessidade de bandeirinhas e mais uma "operação"?
Um abraço
J bras

CS disse...

Vivemos num "Estado de Direito": os ladrões têm o direito de roubar, o povo de os eleger, a justiça de não funcionar e os contribuintes de pagar. E um PS que dá abrigo a toda essa canalha.

anamar disse...

Mais prático pintar tudo de uma só côr...
Ou então vamos pela sugestão da Maria..
:))

Fernando Samuel disse...

E se por cada caso arquivado puseres também uma bandeirinha, então é que a «decoração» fica um mimo...

Um abraço.

Hilário disse...

Estou de acordo com o Fernando Samuel.

Seria uma lindissima «decoração».

Um Abraço

Luis Nogueira disse...

De facto, já não há cachaço para tanta bandarilha. E os que se puseram na sombra, o Judas e restante pessoal da "loja dos trezentos", a Fátima não sei de onde, o gajo de Matosinhos. Vá lá, o corrupto da Guarda ainda apanhou qualquer coisa, mas reformou-se cedo.
Não digo que seja exclusiva, mas parece pecha da Internacional Socialista. Só algumas men´~oes honrosas:
Betino Craxi
Felipe Gonzalez
Carlos Andres Peres
Golda Meir
Manos Guerra...

Porque é que o Soares, depois de ter saído um livro que trazia coisas à superfície, nunca foi investigado. E outros, e outros e outros.
Ah, ladrões!

Luis Nogueira

Carlos Machado Acabado disse...

O mais grave "disto" tudo é que chegámos a um extremo tal de loucura e de baixeza---de consistente "disfuncionalidade democrática" e especificamente jurídica nacional---em que até o acto de nos congratular com a realização objectual da Justiça (algo que DEVIA idealmente ser louvado) pode, afinal, em última instância, configurar uma espécie de caucionação indirecta mas perfeitamente admissível (de cumplicidade objectiva nossa) na prossecução da própria IN-justiça e, na realidade, no caucionamento implícito mas efectivo, objectual, de todo o 'sistema', como se diz no futebol, em toda a escandalosa disfuncionalidade e objectiva perversidade deste.
Ou seja, nós movemo-nos, afinal, num mundo em que, em lugar do "token Negro" ou da "token woman" dos americanos dos anos '6o, temos hoje o ou os "token corrupt", fulanos como o Isaltino que são claramente "atirados à fogueira" para manter a ficção e a ilusão global (a "ilusão de... ética") de que Portugal NÃO é (quando, todavia, na realidade, cada vez se parece com um...) país de bandidos, corruptos, chicaneiros e mafiosos.
Eu até já me coíbo de felicitar-me, como cidadão (caso, obviamente, se confirme a culpabilidade dele e a respectiva sentença tansite em julgado) pelos sete anos do Isaltino.
Quando ele "apanha" esse tempo e outros que não
temos a mínima dúvida que são uns chicaneiros e uns corruptos de todo o tamanho se passeiam por aí, continuando a enriquecer e a "cantar de galo" de forma escandalosa, isso não abona, de facto, NADA da eficácia e do rigor dos sistemas, nem político, nem judiciário.
Trata-se, pelo contrário, no fundo, de um expediente de que ambos se servem para continuarem, um e outro, iníquos e cronicamente disfuncionauis, praticando uma política e (mais grave ainda!) uma "(in) justiça" discricionária, "significada" e de classe.
Ou seja: chegámos a um ponto em que até A PRÓPRIA CONCRETIZAÇÃO DA JUSTIÇA nas suas formas concretas, objectivas, apenas traz consigo uma intensificação e unm reforço da própria injustiça, ficando cada um de nós com ainda maiores dúvidas de toda a ordem (éticas, morais) sobre aquilo que REALMENTE desejar e aplaudir...

Carlos Machado Acabado disse...

Erratum: faltou, como é fácil perceber, um "mos" em "congratular" na linha cinco (5) do meu comentário anterior.
Só dei por isso depois pelo que não podia, em consciência, deixar de fazer esta correcção...
[Para alguma coisa serviram, afinal, os "puxões de orelhas" (mais verbais que físicos, no meu caso, é verdade...) que me fartei de apanhar da minha saudosa professora da «primária», a inesquecível D. Delmira do "Académico"...]

samuel disse...

Per tutti:
Todos foram bem claros e certeiros nos comentários... mesmo quando parecem feitos a brincar.
Entretanto, a situação vai-se degradando... esperemos por resultados!


Abreijos!