Cavaco Silva – Uma escolha difícil

Com coisas a acontecer no mundo, bem mais importantes do que saber dos pormenores da “xicoespertice” de Cavaco, vai sendo altura para as estórias ligadas aos seus investimentos e património irem perdendo o viço e o próprio se ir reduzindo à sua irrelevância.

Seja como for, a “vida exemplar e o carácter impoluto” do nosso presidencial pascácio são uma fonte inesgotável.

A fantástica valorização das ações do BPN ficou aí, inevitavelmente ligada ao favorecimento, aproveitamento de informação privilegiada, tráfico de influência.

O banco dos seus amigos e ex colaboradores, não passava de um coio de ladrões, que conseguiram deixar no banco um rombo de mais do dobro das verbas que o Estado vai este ano transferir para todas as Câmaras municipais do país, incluindo as Regiões Autónomas, mais as Juntas de Freguesia.

A estória patética da casa algarvia da Coelha, está mais mal contada a cada dia que passa. Primeiro, a ver se “pegava”, trocaram as propriedades, uma casa com mais de trinta anos, por uma muito maior, nova e à beira do mar... pelo mesmíssimo valor, para não pagar impostos. A coisa não pegou, o fisco caiu-lhes em cima e lá tiveram que pagar... à força; ou, na versão da cavacal explicação, de forma absolutamente «legítima e transparente». A ligeira diferença de valores, de que Cavaco fala no seu comunicado, era, afinal de mais de oitenta mil euros; a sisa terá sido calculada sobre o valor de uma casa que nunca existiu... etc., etc., ad náusea...

Como disse no início, vamos rapidamente começar a deixar de ouvir falar destas minudências e, caridosamente dar ao pobre homem o benefício da dúvida. Lembremo-nos de que à época ele era apenas um «mísero professor». Além disso, estou a ficar farto de andar nesta vida de «vil baixeza». Portanto, vamos admitir que:

1. Cavaco não se apercebeu do carácter dos seus ministros e secretários de Estado que eram, afinal, em vez de servidores públicos, simples delinquentes. Foi burlado.

2. Cavaco não se apercebeu, mesmo sendo um economista de “excelência”, de que comprar ações que não estavam cotadas na bolsa e depois vendê-las, sempre sem ser na bolsa, tendo apenas num ano ganhos de cento e quarenta por cento... não é normal. Foi enganado.

3. Cavaco não se apercebeu, nem da vizinhança que tinha na Coelha - os mesmos figurões dos parágrafos anteriores - nem dos truques que andavam a ser feitos com os valores das propriedades, da tentativa de fuga aos impostos e das casas virtuais. Foi ludibriado.

Tudo isto é perfeitamente possível... só que deixa pouquíssima escolha para uma classificação do cidadão Aníbal Cavaco Silva. É, como parece, um vulgar aldrabão... ou, afinal, não passa de um pobre idiota?