O Presidente da (pobre) República (que tal presidente tem) foi discursar na homenagem aos combatentes, por ocasião da passagem dos cinquenta anos sobre o início da guerra colonial provocada pelo levantamento em armas dos movimentos de libertação das ex-colónias portuguesas em África.
Em teoria... fez bem. Os soldados portugueses, angolanos, moçambicanos e guineenses, que lutaram e perderam a vida naquela guerra, merecem respeito. Mesmo não esquecendo que havia, como sempre há, dois lados na luta; mesmo não esquecendo de que a razão estava apenas de um dos lados: o daqueles que lutavam pela sua libertação e independência.
O problema é que se em teoria fez bem, na prática fez aquilo que costuma fazer... e isso ninguém merece. Entre muitas declarações (que os leitores mais masoquistas poderão ler aqui na íntegra), cometeu pérolas como as que se seguem:
«Saudamos com especial apreço, pelo muito que lhes devemos, os militares de etnia africana que, de forma valorosa, lutaram ao nosso lado. Todos, combatentes por Portugal!»
Como é óbvio que se referiu aos soldados negros que combateram pelo exército colonial, fico a pensar nesta estória da “etnia africana” e nos angolanos, moçambicanos, guineenses, cabo-verdianos e são-tomenses brancos, que continuam ainda hoje a viver e a nascer naqueles países. Serão de que “etnia”? Etnia marciana?!
«Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do País com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar».
Aqui, para além do asco pessoal pela designação “guerra do ultramar”, fica-se sem entender se a “cavacal” criatura acha que a guerra colonial foi uma causa “essencial ao futuro do país”... ou se ignora que, com excepção de alguns maduros que se alistavam como voluntários, alguns mesmo, por mais do que uma comissão de serviço, todos os jovens, cerca de um milhão, foram obrigados a ir para a guerra.
Este post não traz nada de novo, este tema já foi tratado noutros lugares e já não carece de maior demonstração o facto de Cavaco Silva ser detentor de uma tacanhez e ignorância de dimensões bíblicas... mas, pelo menos, há que lhe apontar uma “qualidade”: é perfeitamente estanque! O espírito de salazar entrou nele há muitos anos... e nunca mais saiu.
13 comentários:
Discurso bafiento e salazarento, muito de acordo com a cavacal figura mas que,a nós, portugueses nos envergonha. E ainda temos de aturar esta "figurinha" mais cinco anos. Irra!
Ò Samuel, então e não se arranja uma cadeirita de "perna bamba" para ver se o homem tem fim idêntico ao do ... outro ?
Diriam as comadres que tem um encosto...Não,não é mesmo mau carácter.
O empenhamento,o "empenhoramento".
Recordo isto:
Chegados a um lugar no Sul da Guiné encontramos escrito no fundo de uma caserena,em letras garrafais:
"Soldado cada coice da tua arma é um agradecimento da tua pátria".
Escreveu-se,por baixo,em letras não menos garrafais:
"Raios partam a pátria que agradece aos coices".
Um abraço,
mário
Para o homem de Boliqueime, Sta. Comba visita-se e revisita-se.
É verdade. Salazarento até às pontas dos cabelos.
Um beijo.
Ensaios para discursos de maior rasgo e a colocar em melhor oportunidade, que acredita estar próxima. O coiso é um optimista e acredita na reedição de Salazar. Quanto a mim, vai-se lixar...
Bafiento discurso essência (mutiladora) da mente eloquente, embargada em lembranças com cheiro a colónia "Lavanda".
- Ho Maria - Ainda te lembras quando estávamos em África?
- Sim Cavaquinho que bem me sentia "ajudando" aquela etnia.
Não se compare o incomparável.
Salazar tinha perfeita consciência daquilo que era e o que pretendia.
Este não faz a mínima ideia daquilo que anda a fazer no mundo. Falta-lhe a inteligência para se definir. Falta-lhe cultura para discernir conceitos.
"Ambamente" os dois filhos da pátria que os pariu.
Abreijos.
É salazarismo puro, bem ao estilo do homem que lhe escreve os discursos, Nunes Liberato e do outro que lhe beija mão e revê os textos, Paulo Teixeira Pinto.
No entanto, não sei se a figurinha aguenta mais 5 anos. Já passou a casa dos 70 e, ao que parece, não aguenta muito bem as cerimónias de estado. Recordam-se da queda, em que o tiveram de socorrer?
Nunca mais saíu... nem sairá...
Um abraço.
Samuel
Como tem sido dito eles andam aí e estão a tentar começar pela presidência. Há que manter os sensores abertos senão estamos f..... , que foi o que aconteceu a muitas mulheres dos amantes da guerra, que se ofereciam para ir para lá e trouxeram boas recordações da «etnia».
Vitor sarilhos
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