sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Eu, eu, eu, eu, eu...


Não é costume fazer posts sobre mim próprio... mas uma, chamemos-lhe assim, novidade no estilo de alguns comentários produzidos por vários dos meus “anónimos de estimação”, justifica-o.
Na verdade, alguns desses “inimigos íntimos” decidiram já nem fazer de conta que lêem os textos que escrevo, passando directa e exclusivamente para os comentários de carácter pessoal. A maior parte deles, dadas as considerações “filosóficas” profundas e os termos escolhidos, não chegam a ver a luz do dia.
Um, em particular, talvez por um problema de limitação de horizontes musicais, parece pensar que todos somos “Tonys Carreiras”, cobrando pelo trabalho nos recitais de canções verbas astronómicas.
Não me interessa explicar-lhes como funciona o universo precário do tipo de intervenção artística que - com orgulho – escolhi, nem queixar-me pelo facto de este e aquele, anonimamente, dizerem que nem mereço o ar que respiro. Não! Pelo contrário, talvez apenas para auto-animação, prefiro lembrar a estória do violinista... ...
Ora, andava um violinista em tournée pela África, quando, numa travessia por um parque reserva natural, toda a caravana decidiu acampar para passar a noite. Estava uma daquelas noites africanas, iluminada de estrelas e povoada pelos mais variados sons... e o violinista não resistiu à tentação de ir, com o seu violino, integrar-se naquela fantástica “orquestra”.
Para não incomodar ninguém, afastou-se bastante do acampamento. Sentou-se junto a uma grande árvore, fechou os olhos e tocou... tocou como nunca!
Passados uns bons minutos de êxtase, abriu os olhos e viu, horrorizado, que estava cercado por uns cinco ou seis leões que, aparentemente, o ouviam atentamente, sentados, completamente estáticos.
Na esperança de que a sua música, ou a demora, fizessem algum dos elementos da comitiva acampada vir em seu auxílio, o violinista não parou de tocar, tocar, tocar... para grande prazer da felpuda plateia.
Nisto, do nada, aparece um novo leão que avança decididamente para o grupo, passa pelos outros leões... e estraçalha fatalmente violino e violinista. Diz um dos outros, desolado:

- Pronto!!! Tinha que vir o raio do surdo estragar tudo!!!

5 comentários:

Maria disse...

A tua capacidade de contar estórias sobre TUDO é inesgotável!

Abreijos :D

ferroadas disse...

Boa.

augusta disse...

Como posso deixar de este blog visitar?!!
adorei este estória de leões e de surdos.
surdos... ui... quantos andam por aí... daqueles que armados em leões são surdos. surdos que podendo ouvir não ouvem... surdos que não querem ouvir...
.
Beijinho, Samuel.

Antuã disse...


O que não falta para aí é leões surdos. Por isso é que a pinbalhada impera.

pintassilgo disse...


A mediocridade é sustentada pelo capital. É um hino à estupidez.