terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Ana Benavente e Lenine


«Jamais pertenceria a um Governo de José Sócrates… porque, se o fosse, já teria apresentado a minha demissão.»
«O PS tornou-se neoliberal.»
«Fazer do capital financeiro o dono e árbitro do desenvolvimento económico é uma capitulação face ao neoliberalismo que não é digna de um partido socialista.»
«O PS hipotecou o seu papel na sociedade portuguesa e deixou-nos sem perspectivas de um futuro melhor. Assumiu o papel que antes pertencia aos centristas do PSD, ocupou o seu espaço e tornou o país mais pobre, política e economicamente.»
Tudo isto são frases da militante e ex-governante do PS enquanto secretária de Estado da Educação no governo de Guterres, Ana Benavente. Na entrevista que deu à Revista Lusófona de Educação, adianta ainda aquilo a que chama “sete pecados mortais” deste PS:
1. Adoptou "políticas neoliberais e, portanto, abandonou a matriz ideológica socialista";


2. "Autoritarismo interno e ausência de debate, empobrecendo o papel do PS no país";


3. "Imposição de medidas governativas como inevitáveis e sem alternativa, o que traduz dependências nacionais e internacionais não assumidas nem clarificadas para o presente e o futuro";


4. "Marketing político banal e constante, de par com uma superficialidade nas bandeiras de modernização da sociedade portuguesa";


5. "Falta de ética democrática e republicana na vida pública e na governação";
6. "Sacrifício de políticas sociais construídas pelo próprio PS em fases anteriores";


7. "Falta de credibilidade, quer por incompetência quer por hipocrisia, dando o dito por não dito em demasiadas situações de pesadas consequências".
Se até aqui foram seguindo os desabafos de Ana Benavente, certamente compreenderão que eu esteja de acordo com quase tudo o que ela disse... e digo quase, porque lá pelo meio encaixou uma declaração dirigida especialmente a José Sócrates, em que diz:
«Tornou-se autocrata, distribuindo lugares e privilégios, ultrapassando até o "centralismo democrático" de Lenine.»
Aqui Ana Benavente “esticou-se” visivelmente, pois só se deve comparar aquilo que é comparável. O apontado autoritarismo de Sócrates, seja grande, médio, ou pequeno... é autoritarismo; o centralismo democrático... é centralismo democrático; e pelo menos da última vez que fui ver, não tinha que ver com autoritarismo. Mas isso seria toda uma outra conversa...
Claro que o abrutalhado Capoulas Santos, o responsável pela campanha de reeleição de Sócrates à frente do PS, já veio a público e com a “fina elegância” que todos lhe reconhecem, exercitar os seus insultos recorrentes, insinuando que tudo não passa de “despeito” de Ana Benavente... por não ter sido convidada para ministra.
Claro que o omnipresente Francisco Assis veio logo, igualmente, “desvalorizar” a entrevista da companheira de partido, embora de forma mais sibilina.  
Independentemente de ficar espantado com a velocidade a que se “desvalorizam” os militantes do PS que criticam Sócrates, o que eu gostaria mesmo de saber é quantos dias (ou horas) resistirá ele à frente do partido, assim que não tiver poder nem jobs para dar.

11 comentários:

António Alberbez Silva disse...

(...) gente a cair é o que à mais (...) portanto faça-se justiça ao poeta de uma vez por todas!

do Zambujal disse...

Mas porque é que não aproveita a oportunidade de se fazer eleger para o congresso, pergunta Assis, sim, porquê?, despeitada é o que ela é (não se nota na fotografia!)?
G'anda partido do centralismo de... direita.

Sempre com boa pontaria!

Um abraço

Antuã disse...

Esta Benavente também não interessa. Interessa muito mais Benavente do distrito de Santarém onde até há um António José Ganhão.

Anónimo disse...

É o folclore do PS, a Srª é do minho?

JOSÈ GAGO disse...

Esta senhora Benavente canta muito
bem, mas não me alegra nem um
bocadinho...
Por onde será que ela tem andado a
cantar até agora?
Para mim,é capaz de andar a ter aulas de canto...

Um abraço:

maia disse...

Merecem-se todos uns aos outros. Esta senhora já foi a todo-poderosa da educação e do partido de Guterres, que dizia sempre o PS e nunca o Partido Socialista. Ele lá sabia porquê! Autoritária e contribuindo sempre para o empobrecimento do sistema educativo. Isto que ela diz ( até nos levando a concordar, mas lá tem a alfinetada) é despeito. Onde tem estado esta socialista em estado puro? O que a situação mostra e o que ela esconde!!!

Eduardo Miguel Pereira disse...

"Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades"

"Casa onde não há pão, todos ralham ninguém tem razão"

E muitos mais ditos populares, carregados de sabedoria, podia aqui deixar para caracterizar o actual estado definhativo do PS Socrático, mas não vale a pena, até porque gastar sabedoria popular com gente dessa é uma ofensa ao Povo.

Manuel Norberto Baptista Forte disse...

«Jamais pertenceria a um Governo de José Sócrates… porque, se o fosse, já teria apresentado a minha demissão.»
Drª Ana Benavente, enquanto Secretária de Estado da Educação, que fez a Senhora em prol deste básico sector de qualquer País "apaixonado" !?.

Fernando Samuel disse...

A verdade é que o que os incomoda mesmo no centralismo democrático é ele ser... democrático.

Um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Como concilia a senhora Ana Benavente, autoritarismo com centralismo democrático? Impossível
pois, se é democrático, tem que vir das bases.

Um beijo.

José Carlos Pires disse...

Ana Benavente agora coloca mais à esquerda de sócrates um centrista tem a razão em si decorrente; pretendendo sócrates agradar à esquerda e em simultaneo à esquerda leve tem naturalmente oposição; sócrates não intersecta a esquerda do pcp; mas sócrates por vezes intersecta a esquerda do bloco embora não seja vísivel fora do domínio...