terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Contributos para um dicionário de “canalhês”


A língua portuguesa tem sido “enriquecida” ao longo dos anos por expressões e palavras muito caras ao capitalismo, sobretudo nesta fase decadente e asquerosa do neoliberalismo. Assim, para além de palavras que, inexplicavelmente, recusam qualquer tentativa de tradução para a lusa língua, como as famosas factoringvendingdownsising, marketing, outsourcing, know-how, management... and so on... perdão, e por ai adiante.
Para além destas, temos outras expressões, já em português, mas que revelam toda a criatividade que subjaz ao espírito do típico empreendedorismo (esta é uma) do “xico esperto” neoliberal (outra).
Lembrei-me disto enquanto escutava as mais recentes "conversetas" do primeiro-ministro e do ministro das Finanças, sobre os números da nossa economia... e também ao ler a notícia que me dava conta de uma brilhante solução da IKEA, na forma de uma “Fundação” num “offshore” (mais outra), solução "legal" que já lhe permitiu “poupar” milhares de milhões de euros em impostos, operação a que dão um nome que praticamente todos os bancos, grandes grupos económicos e empresas utilizam: “planeamento fiscal”.
Sem mais, aqui fica um singelo e curto contributo (a lista seria interminável) para o “Dicionário de Canalhês”, começando nas poucas que já referi, juntando mais umas tantas e acabando neste inefável “planeamento fiscal”.

Colaboradores – funcionários, empregados, assalariados, trabalhadores.
Paralelismo na formação dos preços finais – cartelização mafiosa, combinação de preços (por exemplo, nos preços dos combustíveis).
Empreendedorismo – sacar subsídio público, exploração, aldrabice, “xico-espertismo”
Neoliberal – capitalista ainda com menos escrúpulos que os restantes
Zona franca (offshore) – antro de vigaristas
Concertação social – negociata entre o governo e os patrões (quase sempre)
Fragilidades do ponto de vista prudencial – batota, contabilidade “martelada”
Planeamento fiscal – fuga ao fisco (sim, aquela fuga ao fisco que faz “quinar” e ser preso ou penhorado qualquer pequeno empresário ou um cidadão particular)

Sei que isto não deu nem para uma página do dicionário... mas também sei que a vossa imaginação é fértil.

8 comentários:

São disse...

Estou cada vez mais nauseada com o politicamente correcto, com a hipocrisia reinante e com a apatia da população.

Boa semana para vós.

trepadeira disse...

Lembro o suficiente para um dicionário mas,a significação é impublicável.

Um abraço,
mário

José Rodrigues disse...

Desempregado involuntário--ser humano que não quer trabalhar ao preço da uva mijona;Capitalista chulo chama-lhe madraço.
Homem/mulher Idoso--está na moda aparecer morto,apresentado nas TVs como bom nicho de negócio por bispos e afins.Artº72º(Terceira Idade)da CRP não cumprido.
Pontapé na bola--Grandes negócios de duvidosa proveniencia,alienador colectivo bastante eficaz.

Abraço

Anónimo disse...

Filhos de pata - Designa membros do governo que roubam salários a trabalhadores.
Vitor sarilhos

Fernando Samuel disse...

Politólogo - escriba que, porque é bem pago,nunca escreve sobre os aumentos dos preços.

Jornal de referência - o que mais se destaca na defesa dos interesses do seu proprietário.

.............................

Um abraço.

vovó disse...

Fernando Samuel:

altas definições!... para além das do cantigueiro :))
beijocasssss
vovómaria

lino disse...

Todas as palavras que referes em inglês têm tradução para a língua pátria, mas acham que é mais fino utilizar o inglês. Parolice!
Abraço

Graciete Rietsch disse...

Se eu fosse professora de Português adotava(com p ou sem p)de certeza esse dicionário.

Um beijo.