Já cansa, para lá do que é suportável, a dolorosa parolice de certo “jornalismo” português que, infelizmente, invadiu tudo o que é meio de comunicação social.
A cobertura despesista, nova rica e bacoca, que as televisões nacionais fizeram do casamento dos dois meninos ricos ingleses, sendo um neto da Rainha e ela, neta da sua estimável avó... que não sei quem seja, esteve ao nível da náusea. Quanto aos parolos “jornalistas” para lá enviados, incumbidos de fazer diretos ridículos, estavam enfiados em cubículos, seguindo a cerimónia em minúsculos monitores de vídeo... o que quer dizer que teriam comentado melhor e em melhores condições se estivessem em Lisboa, no seu local de trabalho, ou até em casa, seguindo o casório pelas imagens fornecidas pela televisão britânica.
O que irrita mais é pressentir que muitos destes “jornalistas”, embora se reclamem republicanos, são suficientemente parolos para, lá no fundo e por razões inexplicáveis, acharem que um, Rei, uma Rainha, um príncipe, ou uma princesa, “valem” mais do que um Presidente da República livre e democraticamente eleito, ou os seus filhos e netos. Na verdade, se algum Presidente ousasse (e alguns ousam... ah! se ousam!) casar um neto ou uma neta com aquela obscena exibição de soberba e uma tão pornográfica despesa... cairia – e muito bem! – o Carmo e a Trindade.
Depois desta lamentável exibição de bacoquice, a “cerveja em cima do bolo” (como diz um humorista da nossa praça) é esta notícia de que a Camilla “das não sei quantas”, casada com o Príncipe Carlos... repetiu um vestido que já tinha usado uma vez em Portugal.
Portanto, nas cabeças dos “jornalistas” que escreveram e aprovaram a publicação desta extraordinária “notícia”... isto é uma informação importante. Mais, isto deve querer dizer que acham normal – quiçá, desejável e justificável – que a mulher do Príncipe nunca repita uma única peça de roupa.
Entretanto, sem que a maioria destes "jornalistas" se aperceba e uma boa parte dos restantes faça por ocultar, as páginas da História vão passando, carregadas de gente, de lutas, de dificuldades, de injustiças, de guerras, fomes... essas sim, reais!
O que será preciso fazer para voltarmos a ter jornalismo feito por verdadeiros jornalistas... ou, entretanto, enquanto estes não aparecerem, pelo menos uma informação produzida por pessoas normais?
13 comentários:
Um dia , quem sabe?
As esperanças têm que ser abrangentes...
Abracinho
Por tal razão eu chamo aos actuais jornalistas "prostitutos da notícia" (claro, nem todos)
Eles vão atrás do dinheiro, não importa o tipo de trabalho que lhes é proposto, pouco importa o tipo de notícia. É muito triste!
Enquanto perdem tempo com a anti-notícia, em Portugal muitos milhares de trabalhadores estavam nas ruas reivindicando uma vida melhor e mais justa. Hoje as capas dos jornais ocultaram esta realidade.
Bjs,
GR
De facto, a saloice( com perdão para os verdadeiros e dignos saloios) dos profissionais da c.s. que nos aparecem, desceu já abaixo da linha de água. O nível do deslumbramebto parolo deles é tal que, às vezes, além de me sentir agoniada, sinto uma sensação física de quase vómito.
Que tristeza! Que vergonha!
Campaniça
Pior de tudo é que nem puseram a questão de o que FMI, ou a Tríade, poderão achar de tanto despesismo.
Mas a parolice continuou em Roma, com uma Fátima Campos Ferreira em verdadeiro êxtase com o novo beato.
São todos muito republicanos e laicos, mas depois vai-se a ver....
Abraço
Os portugueses são tão parolos como os ingleses!!!
O tempo que perdem a ver casamentos reais e beatificação acelerada de Papas!!!
E as notícias importantes? A presença do FMI? O roubo descarado que está a ser feito ao Povo Português? As eleiçôes? A luta?
Tudo isso fica para"depois logo se vê".
Felizmente que nem todos são parolos. Por isso a luta não esmorece.
Um beijo.
Concordo com a sua observação dos factos. E fiquei satisfeita de ver nos comentários a referência à rápida beatificação do Papa.
Não me parece que a corte inglesa tenha feito muita despesa. Já tudo existe: a guarda, os tapetes encarnados. Vai ver que muito inglês ofereceu aspectos vários... Foi uma questão de pôr a render todo o aparelho da monarquia.
Mas foi um exagero a transmissão televisiva para os países estrangeiros. Tudo muito disparatado.
A propósito do papa, e a propósito
de jornalismo...
Acabo de ler no correio da manhã, que o falecido papa - agora santo,
ou coisa assim parecida - Afinal foi o papa que venceu o cumunismo..!
Eu não sabia... Mas já agora, do que é que eles estão a falar...?
não fui, não vi, nem tão pouco ouvi... apesar da minha operadora móvel ter tido a gentileza de me enviar um sms atempadamente.
abraço d'outroeu
O povo diz que ;com papas e bolos se enganam os tolos,..."jornaleiros pagos por nós".
Abraço
Bem - muito bem - observado.
Um abraço.
Samuel
Aqui aparece comentado que os "jornalistas" portugueses se esqueceram das manifs do 1º de Maio. Ora isso não é verdade pois toda a gente pôde ver os "jornalistas" na provocação montada pelo PS por intermédio de Ferro Rodrigues o tal que "desapareceu" quando se começou a falar da sua ligação ao processo Casa Pia. E também apareceram os ditos FDP no Rossio para filmar os abraços do Proença UGT a Ferro e aos CDSs que por lá apareceram. Acontece que as "mulheres jornalistas" tinham ido todas parar ao "casamento" do filho que eu espero dure mais que o do pai. Sobre o "beato Salu" não falo pois ao contrário da Igreja fico à espera dos milagres que ele fará.
Vitor sarilhos
O mais grave disto é a RTP, que deveria ser serviço público, alinhar neste festival dos parolos
E como se não bastasse esta sexta-feira parola, da nobreza alheia passámos para um sábado beato, de princesas de papa, para papas santos, santos padres, milagres e etc.
Estava-se mesmo a ver, domingo, o dia dos santos e dos casamentos, já não houve tempo fôlego para falar do Dia de Trabalhador, a não ser para revelar que o Ferro Rodrigues também tem tiques de Vital Moreira.
Um abraço de um homem santo, casado e trabalhador
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