segunda-feira, 16 de maio de 2011

EUA e Bin Laden – A beleza das coisas evidentes


("Gerónimo" - Tomás Lasansky)
Numa altura em que cerca de sessenta por cento dos norte-americanos que vieram para a rua festejar ruidosamente o assassinato de Bin Laden já se afirmam arrependidos de o ter feito... uns tantos, por rebate de consciência, os restantes por puro e simples cagaço, depois de terem tomado consciência de que aquele inútil acto de vingança não contribuiu nem contribuirá em nada para a solução da questão do terrorismo internacional, muito dele apoiado e financiado pelos próprios EUA, mais uma grada figura do regime de Obama vem tentar pôr água na fervura.
Para isso, Eric Holder, secretário de Justiça dos EUA e pelos vistos, detentor de uma lata do tamanho do Estado do Texas, declarou, candidamente que aquela operação militar «não foi uma missão de assassinato e que a rendição de Bin Laden teria sido aceite».
Mas é claro que sim!!!
...e se Gerónimo e os restantes chefes índios em vez de resistirem, tivessem pedido com boas maneiras... os famosos “peles-vermelhas” não teriam sido chacinados aos milhões(O governo dos Estados Unidos começou a exterminar populações indígenas inteiras, em eficientes operações de limpeza étnica, a começar com a temível varíola, contaminada em roupas e lençóis, que eram distribuídos entre estas comunidades, juntamente com os inúmeros conflitos criados pelo governo norte americano, onde o “winchester” dos soldados ianques falava mais alto. Os indígenas sobreviventes eram confinados em reservas cada vez menores e impróprias ao seu modo de vida, e aqueles que impunham qualquer resistência eram sumariamente executados.)
...e se os escravos, nas plantações de algodão, tivessem bons modos, nunca teriam sido chicoteados e teriam direito a salários em troca do seu trabalho.
...e se os cidadãos de Nagasaki e Hiroxima fossem pessoas mais cordatas, nunca teriam sido derretidos pelas bombas nucleares.

...e se Martin Luther King não tivesse sonhos, poderia ter vivido muitos, muitos anos.
...e se o povo do Vietname fosse um pouco mais simpático, nunca teria conhecido o cheiro do “napalm”.

...e se Salvador Allende colaborasse... não teria sido assassinado juntamente com mais de trinta mil chilenos e substituído por Augusto Pinochet.
...e se os mexicanos fossem bem educados, andariam livremente pelo território americano que já (sempre) foi seu... e não veriam os “coitados” dos gringos a verem-se obrigados, certamente com o coração partido, a construir um muro de centenas de quilómetros para isolar o México... logo eles, que é sabido detestarem muros.

...e et cetera, et cetera, et cetera... até ao Iraque, até às Honduras, até à Líbia, até à náusea.
Mas é claro que sim, mister Eric Holder!!!

20 comentários:

Anónimo disse...

Há casos em que uma contra-argumentação tem que ser merecida, isto é, o raciocínio do texto base tem que ser minimamente decente, razoável, não presecutório e honesto. Este não cumpre nada disso, limita-se a ser mais uma vez o exercício de uma obsessão zarolha contra o inimigo de estimação. Espanta-se a persistência mas não merece nem isso.

Talina disse...

excelente, vou partilhar, ou antes sem vergonha vou roubar, abraço Talina

Anónimo disse...

Ai, Samuel, e as nossas dores dos outros? O que foi feito aos índios norte-americanos também o fizemos aos do Brasil, transportámos quatro milhões de escravos (aliás os escravos foram a primeira receita das Descobertas) para o Novo Mundo, que nasceu como europeu com os piores defeitos do Velho, tivemos o nosso Vietname na Guiné, em Angola, em Moçambique, não tivemos um Luther king mas tivemos o Humberto Delgado, etc, etc, etc.
Samuel, ou nós somos nós todos, ou este tipo de acusações não faz sentido.
Sei que percebeste. Por isso não peço desculpa, porque, no fundo, não te contradisse.
Um abraço.
Daniel

Antuã disse...

Os responsáveis americanos não têm nenhum problema em acabar com a Humanidade!....

Maria disse...

Esse seu sentido de oportunidade e de desmascarar os podres alicerces dos "donos" do mundo!...
Também estou nauseada com estas tristes verdades!

Maria Pereira

Anónimo disse...

Excelente post, verdades duras como punhos.

Campaniça

Graciete Rietsch disse...

Que terrível História de chacinas têm os E.U.!!!!!!!
Claro que se os países forem obedientes, serão amigos e aliados,mesmo que
chacinem e maltratem também!
Magnífico "post".

Um beijo.

samuel disse...

Anónimo (01:22):

Sim, caro anónimo… é bem possível que isto não passe de uma "obsessão zarolha" da minha parte… talvez só superada pela sua aparente subserviência acéfala ao império de "estimação".
Agora que não se atreveu a dizer que alguma das coisas que aponto é mentira… lá isso não se atreveu. Já não é mau! :-)))

samuel disse...

Daniel:

Caro Daniel, até ter encontrado o excelente quadro do "Gerónimo", a imagem que estava para ser publicada era exactamente uma cena com escravos do Brasil…
Mas claro que sei que sabes que eu percebi…

Apontar este tipo de atrocidades aos outros não apaga, nem por um momento, aquelas que nós próprios já cometemos… e é uma lista e tanto!

Abraço.

Justine disse...

E que reine a hipocrisia instituida!

Anónimo disse...

Não concordo que se misture tudo numa grande "caldeirada". O nós, neste caso, é injusto e desadequado.
Não me passa pela cabeça considerar o povo americano responsável pelo genocídio de que os índios foram alvo.Também não me parece que o povo português o tenha sido pela horrivel colonização e escravatura de países africanos e do Brasil.
A questão, a meu ver,
é outra, mais
profunda e complexa.

Campaniça

trepadeira disse...

E ainda faltam aquelas que outros,subservientes acéfalos,fizeram,e fazem,por eles.

Um abraço,
mário

Anónimo disse...

Boas tardes
Sobre o que foi "dito", nada a acrescentar, é ainda pouca a ferocidade das palavras.
Também a mim me provocam nauseas, os U.S.; assim como o passado português de "comerciantes" de pessoas e todas mas todas as atrocidadesm cometidas ao longo da história, pelos mais variados motivos...
Só, temos de acrescentar, porque não foi dito, talvez por esquecimento, o que se passou para lá da "cortina de ferro", assim como ainda se passa para lá das "muralhas dos orientes". E ficamos, então, com uma visão absolutamente real do mundo e, principalmente da natureza humana!
É bom que perceba, que, não tiro uma virgula ao que escreveu, mas lamento, esqueceu o outro lado!:((((

Fernando Samuel disse...

É claro que sim, mr. eric holder...
Excelente post!

Um abraço.

samuel disse...

Anónimo (17:02):

Caríssimo… mesmo ponderadas as várias sensibilidades com que olhamos para os diferentes factos históricos, para lá ou para cá, seja de que cortina for… este post era sobre uma declaração de um governante norte-americano. Por isso achei que apenas deveria fazer uma pequenas lista de "benfeitorias" dos EUA, para ilustrar a hipocrisia do cavalheiro.

Só por isso, não por ter "esquecido" (e porque já tenho poucos anos de vida), é que não fiz uma resenha completa de todos os crimes praticados na humanidade, desde que há registos.

Estou certo que compreende. Presumo que o amigo não deve, quando lhe perguntam as horas, responder:
São 18h em Lisboa… mas já agora, também são 17 nos Açores, 14 no Rio de Janeiro, 1 em Pequim, 21 em Moscovo, 13 em Nova Iorque… … :-)))

Anónimo disse...

Lamento ainda mais o que ainda não foi dito acerca da história dos E.U.A. e como o exército, comandado por anglo-saxónicos, racistas, exterminou as tribos índias.
No caso dos Apaches, Geronimo foi apenas o caso de uma resistência, mas também houve a de Victorio, de Cochise, de Nana, de Mangas Coloradas e de Chato.
O exército americano usava os próprios Apaches (com uniforme azul) para lutar contra os resistentes.
Assim que acabou a resistência de Geronimo, os apaches que lutavam do lado do exército, foram recolhidos, desarmados, presos e mandados para as reservas.
O mesmo se passou nas guerras contra as tribos Cheyenne e Lakota ou Sioux.
Como exemplo, a rendição de Crazy Horse, dos Lakota, também foi aceite, para se converter, a seguir, numa missão de assassinato.

(Jorge)

Pedro disse...

O problema é que estes crimes não são uma simples excentricidade de um tipo qualquer doido varrido, não é uma simples questão de bons e maus.
São uma verdade inseparável de um sistema de poder, de uma organização social/económica, do imperialismo bacoco cuja violência é um dos principais pilares. Repara-se que hoje em dia investe-se muito (como nunca) em armamento, ou seja em algo que serve para destruir, e esta produção de armamento é inseparável da ambição de dominação planetária e do seu sistema (capitalista). Os EUA investem mais em armamento do que Chinas, Rússias, Indias, Alemanhas, etc todos juntos.

Anónimo disse...

Pedro, o ex-CIA, exilado na Suíça, Vernon Walters, explicava como a União Soviética tinha caído, pois investira mais de 30% do seu orçamento no exército. Ria-se, dizendo que nenhum país pode gastar essa cifra no exército.
Neste momento, os EUA já gastam mais de 30% do seu orçamento no exército.
Há quem escreva, em artigos independentes americanos, que a existência desta estrutura política norte-americana está por um fio, pois a pobreza nos EUA alastra de uma maneira galopante.
Aquilo que aconteceu na União Sovética, nos finais dos anos 80, está a acontecer agora nos EUA de Obama.

(Jorge)

Pedro disse...

E creio que podemos afirmar que a URSS foi um estado que desde a revolução viu a sua soberania ameaçada, foi alvo de tentativas de intromissão externa e mesmo vítima de uma invasão bárbara dos nazis. Não me parece porém que se possa dizer o mesmo dos EUA. Na última Seara Nova há um artigo interessante de António Mascarenhas Pessoa que refere o facto dos EUA, em 2010, terem um orçamento militar de 680 mil milhões de dólares!

Anónimo disse...

Pedro, este é um bom comentador americano que escreve para um blog chamado "Freedom Daily". Chama-se Anthony Gregory. Se quiser leia este artigo sobre a queda do império americano: http://www.fff.org/freedom/fd1012f.asp
Há que pensar que os EUA têm uma despesa brutal com o exército. As contas passam pela manutenção das bases espalhadas em todo o Mundo (cerca de 700), abastecimento dos inúmeros veículos de guerra, desde aviões, a tanques, a carros militares; ao pagamento das tropas e tantos outros exemplos de desperdício do dinheiro do estado.
Depois, há a mentalidade bélica que lhes vem do «Manifest Destiny». Esta ideia que são os melhores do Mundo e que nenhum outro país interessa, será sempre o seu calcanhar de Aquiles.
Saudação fraterna

(Jorge)