quarta-feira, 25 de maio de 2011

Paulo Portas e a Arca de Noé


Era uma vez um pároco de aldeia. Não se pode dizer que o bom do padre fosse um vulgar mentiroso. Era, digamos, um mitómano com o vício de fazer homilias a puxar para o hiperbólico. De tal maneira que se viu forçado a fazer um contrato com o seu sacristão, homem de estudos e professor na EB 2,3 da vila. O contrato era simples: sempre que o atinado sacristão detetasse uma pisadela no risco da verosimilhança... puxaria a batina do sacerdote, com a ajuda de um cordão, instalado debaixo do púlpito e fora da vista dos fiéis.
Domingo, mais uma missa:
- E assim, irmãos, o nosso bom Noé, seguindo as ordens do Senhor, construiu uma arca para preservar as espécies, uma arca que, como bem se compreende, tinha para aí o tamanho de um destes porta-aviões dos americanos...
(Forte puxão na sotaina)
- Bem... pronto, irmãos... não seria do tamanho de um porta aviões, mas...
Entretanto, a filha do sacristão telefona-lhe para o telemóvel, pedindo-lhe autorização para ir num passeio com um grupo de rapazes e raparigas colegas de escola, para assistirem a um concerto, dormirem fora uma noite... e ainda por cima, pedindo dinheiro para tudo isto. A discussão ao telefone, mesmo em voz baixa, foi tão acalorada e acompanhada de gesticulação, que, ao fim de umas dezenas de involuntários puxões na sotaina do infeliz do padre, este já estava de cabeça perdida:
- Irmãos... um raio me parta já aqui, se a merda da arca não tinha pelo menos dois palmos de comprimento!!!
E pronto. Vá lá saber-se porquê, foi desta estória que me lembrei ao ler a evolução das ambições eleitorais do inefável Paulo Portas, que, ainda há pouco estava quase, quase, a assumir-se como “candidato a primeiro-ministro” e que agora, fazendo contas à ligeira subida do PSD, já “só quer” ter mais votos do que a CDU e o BE... somados, embora ainda insista que «as eleições são a três».
Quantos mais “puxões na sotaina” terá ainda que levar?

7 comentários:

Anónimo disse...

Aquele político devia levar tantos "puxões na sotaina" até que fosse pregar no vazio !!!....
Saudações
Vicky

Graciete Rietsch disse...

Bela história que documenta muito bem a luta mesquinna com que pretndem atenuar as suas semelhanças.

Um beijo.

do Zambujal (em viagens...) disse...

Onde que estava preso o cordel?
Ui!!!!
Quanto às "eleições a três", isto hoje está muito p'rós segundos sentidos.
Havia nexexidade?
Este Portas é o retrato da política "em negativo", ou seja, o que não deve ser...

Grande abraço

gina henrique disse...

Que rica estória que simboliza tão bem a ambição de Paulo Portas, pena que tanta gente ande tão atrofiada que nem força tem para lhe puxar convenientemente a sotaina !

Antuã disse...

Parece-me que o cordel não estava preso à sotaina, mas a outra coisa...

Fernando Samuel disse...

Na sotaina e não só...

Um abraço.

Anónimo disse...

Samuel
Onde o cordel estava preso já todos perceberam o pior é que pelo que parece o PP não tem onde prender o cordel e aí é que está o busilis da questão.
Vitor sarilhos