Enquanto os dirigentes do mundo “civilizado” presentes na Cimeira de Lisboa se ocupam com reuniões sobre reuniões e refeições sobre refeições em que fazem lá o que quer que seja que fazem os criminosos de guerra e os seus sabujos nestas ocasiões, o cidadão, ávido de saber as novas linhas com que se coserá o “mundo livre”, é arrasado por uma avalanche de informações sobre os assuntos que realmente contam para os exércitos de “jornalistas” que cobrem a cimeira em diretos intermináveis, a saber:
Quantos jornalistas estrangeiros acreditados há por metro quadrado, quantos aviões sobem e descem, quantos basbaques andam à volta do aeroporto para ver os aviões subir e descer, quantos mirones acampam nas bermas para ver passar não sabem quem, quantos “populares” são capazes de dizer “Barack Obama”, quantos desses acham que “isto é bom para Portugal desde que dê algum cá à gente...”, quantos carrões andam para lá e para cá, quantos são blindados, quantos minutos de atraso teve o porco Berlusconi, quantas garrafas de água, quantos sumos, quantas prendas de cortiça para as senhoras e cavalheiros (para além da coleira para o cão do Obama), quantas compras vão fazer as primeiras damas à Baixa (O que vestirão por baixo? Alguma terá trazido o amante? E o porco Berlusconi... quantas trouxe?), quantos quartos de hotel foram reservados, quantos... quantos...
E entrevistam-se já uns aos outros... e reviram os olhinhos em êxtase, sempre que veem um excerto de um noticiário estrangeiro em que se fale da Cimeira e se mencione o nome de Portugal... para nossa grande e eterna glória nacional! Somos a capital do mundo!!! – disse o calhordas do Ministro da Defesa Augusto Santos Silva na televisão... e o jornalista não se riu.
Desgraçadamente, a “nossa” comunicação social, que devia ser uma das importantes colunas do edifício da cultura, da cidadania, da consciência coletiva dos portugueses... está nas mãos de “negociantes de papel”, servidos por fiéis lacaios, ou por simples imbecis.
* Peço perdão ao grande Jacques Tati, que não tem culpa nenhuma, nem da NATO, nem da minha mania das “referências”...
7 comentários:
Lendo-te , passo ao mundo do "suponhamos"... porque nada quero ver ou ouvir...
B.f.s.
Abreijo
Sempre com belos e interessantes textos.
Mas reparei agora que aderiu ao pato ortográfico...
Lamento, Caro Samuel, mas não volto mais aqui...
Paulo Assim:
Também... não é preciso ser cruel... :-)))
Confesso que estava convencido de que iria resistir muito mais tempo... mas há dias em que perco a pachorra para discutir com o "Word" novo do Mac.
Vingar-me-ei aqui na caixa de comentários, onde poderei continuar com os actos, os pactos e os factos (esta acho que não faz parte) e as actualidades que me derem na gana.
Abraço.
Onde estão os jornalistas de referência.
E o sindicato de Jornalistas não poderia ter uma posição mais activa, na dignificação da profissão?
Estava a brincar, claro. Voltarei sempre.
:-)
Mas o pato de fato é uma coisa infame, de uma crueldade para a Língua Portuguesa jamais vista. Tratam-na como mercadoria de hipermercado, um reles iogurte com prazo de validade.
Pacto não, pato nunca!
Os média estiveram à altura da cimeira do crime...
Um abraço.
Que belo texto Camarada.
Acho que Jacques Tati teria ficado bem feliz por ter sido escolhido para ilustrar este texto.
Um beijo grande.
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