segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Um almoço com o “Saramago”




E perguntam vocês: “Mas que diabo é que o senhor Guilherme Silva, o histórico deputado do PSD, está aqui a fazer com o Francisco Lopes?” – E eu respondo: “Nada!”... mas há uma estória por detrás desta fotografia, que passarei a contar.

Ontem fui almoçar a Borba. Abrindo um parêntesis, direi em abono da justiça, que se o grupo de amigos que ali se juntou no simpático restaurante “A talha” o tivesse feito unicamente para honrar a morte do borrego que deu a vida por aquele ensopado... teria valido a viagem, tão bom estava o raça do almoço!... mas não. Não foi isso que ali levou as 46 amigas e amigos de Borba (mais quatro) e os donos e funcionários do restaurante... mais eu. Tratou-se de um almoço de apoio à candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República e eu fui convidado a participar, enquanto mandatário da candidatura.

Grande corrupio, na estreita Rua Mestre Diogo Borba. A porta do Centro de Trabalho do PCP está simetricamente colocada à frente da porta do local do repasto. As pessoas vão chegando e dividindo-se, ora pelo CT, ora pela velha sala decorada com enormes talhas já desativadas, mas carregadas de estórias de grandes colheitas de “Borba”.

O “Saramago” está tão à vontade num lado da rua, como no outro, como no meio, fazendo as honras das duas casas... embora a dele seja o PCP. O “Saramago” é um gato feliz, que gosta de festas na cabeça e cócegas na barriga e cuja felicidade se vê na qualidade e no brilho do pelo curto, compacto e cinzento. O “Saramago” engraçou comigo.

Começou o almoço. Depois de derrotado o ensopado e saboreado o vinho da casa, já há muito tinha percebido que o “pessoal” do restaurante também se sente tão à vontade ali, como no Centro de Trabalho, em frente. Chegou então a hora de eu dar sentido à minha viagem a Borba, dizendo sobre Francisco Lopes e a sua candidatura, aquilo que me vai na alma. Com um incentivo do “Saramago”, na forma de mais uma turrinha numa perna, pedindo uma festa na cabeça, levantei-me e falei para o “pessoal” do restaurante, para os restantes 46 amigos e amigas apoiantes da candidatura do PCP... e mais quatro.

Finalmente, os “mais quatro”. Estavam sentados numa mesa muito perto de mim, a única mesa que não estava mobilizada para o nosso almoço. Três pessoas que não reconheci... e o histórico deputado do PSD, o Dr. Guilherme Silva, que ouviu, em silêncio, tudo o que eu levava para dizer sobre a situação que atravessamos e o que representa exactamente cada candidato nessa situação.

O fim de festa foi do outro lado da rua. O “Saramago” guiou praticamente todos os presentes (menos quatro) para o PCP e começou a sessão informal de fados cantados e tocados, muito bem, por sinal!, por um homem da casa.

Depois de três ou quatro fados tive que regressar a Montemor. Ao som do “Canoas do Tejo” fui saindo discretamente e pedi ao “Saramago” que se despedisse por mim de todos os amigos e amigas que estavam lá dentro cantando em coro. Prometeu-me que sim... pela estreita nesga de um olhar verde claro e lá ficou, deitado sob um raio de sol que andava ali, aposto, propositadamente para ele. Promessa de mais sete vidas... de mais “Sete Sois”.

E os amigos e amigas lá dentro, cantando... cantando...

10 comentários:

salvoconduto disse...

Pelo menos um ficou com azia...

Maria disse...

O homem (o dos 4) anda a viajar muito... na sexta jantou numa mesa ao pé da minha :)))

Continuação de bom trabalho por aí!

Abreijos.

do Zambujal disse...

Muito bom!
Cheio de pena de não terem sido 46 mais o teu homólogo de Santarém mais a Justine mais o "Mounty" (de Mountolive") para fazer companhia ao "Saramago" (estes gatos dados às literaturas...). Quero lá saber dos menos quatro figurantes...

Abraços

Fernando Samuel disse...

Como eu gostava de ter lá estado...

Um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Lindo,lindo o texto.
Os quatro a mais lá foram engolindo a caldeirada que decerto nem lhes soube bem.

Um beijo.

maia disse...

Que lindo texto! O "Saramago" devia ter direito a fotografia. Quanto aos quatro foi bom ouvirem em silêncio. Ás vezes o silêncio é ensurdecedor.
Faz-se caminho, andando.

Pintassilgo disse...

Felicidade para o gato, amargura para os quatro.

svasconcelos disse...

Também subscrevo o/a maia, o Saramago devia ter direito a fotografia! :)
Beijos,

filipa disse...

Gostei muito do texto. Parabéns, Samuel! Está mesmo bem escrito. Eu também lá estive, fazia parte dos 46. Não conheci os quatro ilustres mas penso que não lhes fez mal o almoço.
Quanto ao "Saramago", é mesmo um gato especial. Às vezes, até participa nas reuniões. Sem direito a opinião ou voto, é certo. Que pensará ele?...

samuel disse...

Filipa:

Alguma coisa pensará... a verdade é que não vai embora. Isso deve ser um bom sinal... :-)))