E perguntam vocês: “Mas que diabo é que o senhor Guilherme Silva, o histórico deputado do PSD, está aqui a fazer com o Francisco Lopes?” – E eu respondo: “Nada!”... mas há uma estória por detrás desta fotografia, que passarei a contar.
Ontem fui almoçar a Borba. Abrindo um parêntesis, direi em abono da justiça, que se o grupo de amigos que ali se juntou no simpático restaurante “A talha” o tivesse feito unicamente para honrar a morte do borrego que deu a vida por aquele ensopado... teria valido a viagem, tão bom estava o raça do almoço!... mas não. Não foi isso que ali levou as 46 amigas e amigos de Borba (mais quatro) e os donos e funcionários do restaurante... mais eu. Tratou-se de um almoço de apoio à candidatura de Francisco Lopes à Presidência da República e eu fui convidado a participar, enquanto mandatário da candidatura.
Grande corrupio, na estreita Rua Mestre Diogo Borba. A porta do Centro de Trabalho do PCP está simetricamente colocada à frente da porta do local do repasto. As pessoas vão chegando e dividindo-se, ora pelo CT, ora pela velha sala decorada com enormes talhas já desativadas, mas carregadas de estórias de grandes colheitas de “Borba”.
O “Saramago” está tão à vontade num lado da rua, como no outro, como no meio, fazendo as honras das duas casas... embora a dele seja o PCP. O “Saramago” é um gato feliz, que gosta de festas na cabeça e cócegas na barriga e cuja felicidade se vê na qualidade e no brilho do pelo curto, compacto e cinzento. O “Saramago” engraçou comigo.
Começou o almoço. Depois de derrotado o ensopado e saboreado o vinho da casa, já há muito tinha percebido que o “pessoal” do restaurante também se sente tão à vontade ali, como no Centro de Trabalho, em frente. Chegou então a hora de eu dar sentido à minha viagem a Borba, dizendo sobre Francisco Lopes e a sua candidatura, aquilo que me vai na alma. Com um incentivo do “Saramago”, na forma de mais uma turrinha numa perna, pedindo uma festa na cabeça, levantei-me e falei para o “pessoal” do restaurante, para os restantes 46 amigos e amigas apoiantes da candidatura do PCP... e mais quatro.
Finalmente, os “mais quatro”. Estavam sentados numa mesa muito perto de mim, a única mesa que não estava mobilizada para o nosso almoço. Três pessoas que não reconheci... e o histórico deputado do PSD, o Dr. Guilherme Silva, que ouviu, em silêncio, tudo o que eu levava para dizer sobre a situação que atravessamos e o que representa exactamente cada candidato nessa situação.
O fim de festa foi do outro lado da rua. O “Saramago” guiou praticamente todos os presentes (menos quatro) para o PCP e começou a sessão informal de fados cantados e tocados, muito bem, por sinal!, por um homem da casa.
Depois de três ou quatro fados tive que regressar a Montemor. Ao som do “Canoas do Tejo” fui saindo discretamente e pedi ao “Saramago” que se despedisse por mim de todos os amigos e amigas que estavam lá dentro cantando em coro. Prometeu-me que sim... pela estreita nesga de um olhar verde claro e lá ficou, deitado sob um raio de sol que andava ali, aposto, propositadamente para ele. Promessa de mais sete vidas... de mais “Sete Sois”.
E os amigos e amigas lá dentro, cantando... cantando...
10 comentários:
Pelo menos um ficou com azia...
O homem (o dos 4) anda a viajar muito... na sexta jantou numa mesa ao pé da minha :)))
Continuação de bom trabalho por aí!
Abreijos.
Muito bom!
Cheio de pena de não terem sido 46 mais o teu homólogo de Santarém mais a Justine mais o "Mounty" (de Mountolive") para fazer companhia ao "Saramago" (estes gatos dados às literaturas...). Quero lá saber dos menos quatro figurantes...
Abraços
Como eu gostava de ter lá estado...
Um abraço.
Lindo,lindo o texto.
Os quatro a mais lá foram engolindo a caldeirada que decerto nem lhes soube bem.
Um beijo.
Que lindo texto! O "Saramago" devia ter direito a fotografia. Quanto aos quatro foi bom ouvirem em silêncio. Ás vezes o silêncio é ensurdecedor.
Faz-se caminho, andando.
Felicidade para o gato, amargura para os quatro.
Também subscrevo o/a maia, o Saramago devia ter direito a fotografia! :)
Beijos,
Gostei muito do texto. Parabéns, Samuel! Está mesmo bem escrito. Eu também lá estive, fazia parte dos 46. Não conheci os quatro ilustres mas penso que não lhes fez mal o almoço.
Quanto ao "Saramago", é mesmo um gato especial. Às vezes, até participa nas reuniões. Sem direito a opinião ou voto, é certo. Que pensará ele?...
Filipa:
Alguma coisa pensará... a verdade é que não vai embora. Isso deve ser um bom sinal... :-)))
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