terça-feira, 23 de novembro de 2010

Pobres palhaços ricos!



Na ressaca da cimeira da NATO que colocou o país, sobretudo Sócrates, ao nível dos grandes do mundo, nas palavras do trafulha Obama, enquanto o país tenta gerir a fome de milhares de famílias e o desemprego de 700.000 trabalhadores, fica a memória da gigantesca campanha de desinformação e atemorização da opinião pública para o "caos da manifestação anti-NATO" e a passagem de cenas de violência... gravadas noutros países. Algumas pessoas terão ficado em casa por esse motivo, mas isso não impediu que a manifestação “Paz sim! NATO não!” fosse uma grande manifestação e que mesmo as outras, desorganizadas, anarcas e pequenas, tivessem decorrido sem incidentes dignos de nota.

Fica também a memória de três episódios (poderiam ser muitos mais) dignos dos verdadeiros “pobres palhaços ricos” (PPR) que escolhi para título e ilustração.

PPR 1 – Marcelo Rebelo de Sousa. Sempre ele! No seu desarranjo intestinal semanal, no domingo seguinte à manifestação, disse que aquilo lhe «tinha feito lembrar o filme “Adeus Lenine”», uma comédia (de humor discutível) feita para gozar com aqueles que preferiam – e ainda preferem – a RDA à Alemanha reacionária, egoísta e capitalista da senhora Angela Merkel que, curiosamente, mantém algumas das regiões da antiga RDA num estado degradado e de relativa miséria... mas adiante. Nem de propósito, sempre que assisto a partes da histérica sessão semanal de Marcelo Rebelo de Sousa, também me lembro de filmes “alternativos”. Desta vez foi “O jantar de idiotas” (o francês!) e já sei... já sei que o meu sentido de humor também é discutível...

PPR 2 – O ministro da Administração Interna, Rui Pereira, o seu Ministério... e a farsa dos carrinhos de choque, perdão... a polícia é que é de choque, os carrinhos são blindados... que chegaram agora. Chegaram, finalmente, já terminada a Cimeira em que eram "tão necessários" e apenas dois... a deixar grandes e justas perguntas sobre a oportunidade de um “investimento” de cinco milhões de Euros, em equipamentos exóticos para uma PSP sem dinheiro para fardamentos e carros-patrulha decentes.

PPR 3 – É o absoluto ridículo. Dos três “pobres palhaços ricos” o mais delirantemente patético. Por tudo: pela triste figura, pelo significado da atitude, pela cobardia. Numa Avenida da Liberdade cheia de cima a baixo por muitos milhares de manifestantes de todas as idades, em luta contra a NATO, sim, mas também em festa por Abril e pela PAZ, alguns mesmo fazendo-se deslocar em (perigosos?) carrinhos de bebé, como podem ler nesta deliciosa estória, desde o meio da manhã que a loja da luxuosa “Prada” estava nesta indigente figura: a tremelicar dos pés à cabeça, entaipada até ao pescoço... e a "fazer" pelas pernas abaixo. Isto numa Avenida da Liberdade, como dizia, em que pastelarias, lojas de “recuerdos”, quiosques, etc., até chegar às milionárias “Emporio Armani” ou “Louis Vuitton... estava “tudo aberto minha gente!”

Estamos fartos de saber que o ridículo não mata... mas é uma pena que nestas ocasiões não faça pelo menos, vá lá... dói-dói.

4 comentários:

Maria disse...

Refinadíssimo post! Também achei esquisita a 'montra' da Prada...
:)))

Abreijos.
(migas rima com empadas, certo?)

xatoo disse...

os fulanos da marca de luxo que entaiparam as montras jogaram com o assunto para fazer publicidade não institucional. Toda a gente vai querer saber de que loja é que se trata. Foi "um belo golpe" de marketing

Fernando Samuel disse...

Bem (tri)observado!

Um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Outro post bem esclarecedor.

Um beijo.