quinta-feira, 5 de maio de 2011

Almada – A beleza das coisas simples



Passados já uns dias sobre o 1º de Maio e sobre a selvagem ofensiva contra esta data celebrada e acarinhada pelos trabalhadores de praticamente todo o mundo, protagonizada por alguns mega-merceeiros da nossa praça... ando ainda a matutar no assunto.
Começando pelo fim, fica claro que esta ofensiva contra o 1º de Maio nada tem de económica, sendo exclusivamente política. Não passa de um abjecto aproveitamento do momento de “crise” para atacar mais um direito dos trabalhadores. Um símbolo de décadas e décadas de lutas e conquistas, que sempre concentrou o ódio dos patrões.
Continuando com uma “memória” pessoal, de carácter “histórico”, lembro que os anos da minha juventude, os anos 50, 60 e 70 do Século XX, ficaram marcados por toda a sorte de faltas, dificuldades, medos, angustias e privações. Que eu me lembre, nenhuma delas se devia ao facto de não haver lojas abertas aos domingos e feriados!
Seguindo para uma consideração económica, diria que os únicos que ganharam alguma coisa com estas "modernidades", assim como com a desmesurada dimensão das lojas, horários e oferta de produtos, foram os patrões, ao convencerem famílias inteiras a fazer dessas "mercearias hipertrofiadas" locais de passeio de fim de semana, onde acabam por gastar aquilo que não podem em compras de muitos artigos de que não precisam.
Chegando, finalmente, ao ataque ao 1º de Maio de 2011, quero destacar três dos mega-merceeiros e as “nuances” das suas “justificações”.
1. Sonae, Continente – Belmiro de Azevedo
Este não precisa de dizer rigorosamente nada. Basta que se mexa... para ficarmos a saber que está dizer ou a fazer uma qualquer canalhice... mas, na verdade, algumas lojas não estiveram abertas.
2. Leclerc – Não faço ideia de quem manda naquilo
Aqui, produziram uma “genial” frase publicitária para anunciar a sua abertura no 1º de Maio: «Vamos estar abertos no dia 1 de Maio, dia da mãe!». É efetivamente uma bela frase publicitária que remete imediatamente para a “mãe” do filho da dita que a escreveu. Também aqui, só algumas lojas abriram.
2. Pingo Doce – Alexandre Soares dos Santos
Este escroque foi mais requintado. Defendeu que o problema está na difícil situação do país. Apelou para o «direito ao trabalho». Segundo o fala-barato, sempre pronto a mostrar-se muito preocupado com Portugal e os portugueses, a situação não está para «irresponsabilidades» e o que «é preciso é trabalhar».
Nesse sentido, para convencer os “colaboradores” a irem trabalhar no 1º de Maio, ofereceu-lhes um dia de folga para gozarem noutra altura... o que anula o “ganho” do dia de trabalho no feriado. Ainda lhes ofereceu um pagamento de cerca de 200% do valor normal das suas horas de trabalho... o que faz cair por terra a tese da poupança e da produtividade.
Para além de tudo isto me ter lembrado o “Operário em construção” de Vinícius de Morais (Portantotudo o que vês 
/ Será teu se me adorares 
/ E, ainda mais, se abandonares 
/ O que te faz dizer não), termino com a notícia que inspirou o título desta já longa "conversa", a beleza das coisas simples.
Enquanto uns e outros discutem se esta ofensiva (como as anteriores) é mais política, mais económica, mais neoliberal, mais fascistóide... a Assembleia Municipal da cidade de Almada, soberanamente, tomava a decisão de passar a encerrar as grandes superfícies comerciais aos domingos e feriados à tarde.
Nem tudo em Almada e arredores será de uma beleza estarrecedora...  mas esta decisão foi!!!

18 comentários:

Anónimo disse...

Mensagem aos visitantes do Cantigueiro
Meus Caros, não quero armar-me em moralista, mas permitam-me que emita umas quantas opiniões pessoais.
O Cantigueiro, como qualquer outro blog, funciona um pouco como uma sala da casa do Samuel, que no-la abre para dois dedos de conversa sempre que nos apetecer. Por isso me parece uma falta de respeito tratá-lo mal quando não se concorda com o que ele diz. De vez em quando eu tenho manifestado opiniões contrárias, e, por vezes, a sua opinião é absolutamente inconciliável com a minha. Nesses casos, dou uma espreitadela e saio calado, para não ser incorrecto. Nem sempre me calha passar por cá, mas tenho a certeza de que o Samuel sabe perfeitamente quando o meu silêncio significa discordância. E fica o recado dado.
Outra coisa que me parece falta de respeito é o abuso de pseudónimos e anonimatos absolutos. É um pouco como se fôssemos visitar alguém usando máscara ou burka. Não me refiro por exemplo a algo como “Vovó Maria”, que logo no primeiro dia identifiquei, mas a outros nomes, por vezes até de mau gosto. Sei que, para a generalidade dos leitores do Cantigueiro, tanto faz eu assinar Daniel, como Daniel de Sá, ou como “Um Tipo das Ilhas”. Mas fica o meu nome e assumo a responsabilidade, inclusive judicial, se houvesse caso para isso.
Assim, a coberto da não identidade, não falta quem diga absolutas parvoíces, desculpai-me a dureza do termo, e fica totalmente impune, ainda que a opinião geral o condene, o que não produz efeitos práticos. Porque é deprimente assistir a ataques grosseiros ou a afirmações como a morte de Bin Laden ser falsa ou os americanos terem sido os autores da destruição das Torres Gémeas. Talvez a primeira “teoria da conspiração” forjada a respeito da América tenha sido o ataque a Pearl Harbour (ou Harbor, como eles dizem). Inventou-se que os americanos obrigaram os japoneses ao ataque para terem razões para entrar na guerra. E foram eles que salvaram a Europa… Pois, até se diz que não chegaram à Lua…
Meus amigos, não sou pró-americano nem sou contra. Sei que têm cometido barbaridades, das quais o Vietname terá sido a maior. Mas também tenho a certeza de que eles foram vítimas em Pearl Harbour e no World Trade Centre (ou Center), e que, sem a América, o Mundo seria muito menos evoluído e menos livre. Se isto não é verdade, que alguém mo prove, por favor.
Desculpa-me, Samuel. Desculpai-me vós todos.
Abraços.
Daniel de Sá

Anónimo disse...

Samuel, eu deveria estar calado depois da verborreia anterior. Mas quero dizer que este é dos tais artigos que eu assinaria com muito gosto. É deprimente e revoltante que se privem os trabalhadores, quase sempre no feminino e dos mais mal pagos deste país, do direito de descansarem nos dias que antigamente a tal se destinavam. Tanto mais que eles também têm família. No Reino Unido nem havia futebol ao Domingo!
Os milionários que referes são dos maiores malfeitores deste país. Enriquecem "exportando" muito do nosso dinheiro para comprar produtos lá fora, levando a que fechem fábricas nossas e as ervas daninhas cresçam nos campos, e pagando um quase nada a quem trabalha por eles e para eles ao Domingo, feriados e nos outros dias.
Um abraço.
Daniel

vovó disse...

Caro Daniel! continuo em absoluto acordo consigo, nos dois comentários.
ver o Daniel aparecer e comentar, nesta casa que não é minha, mas que também, eu frequento todos os dias, é um prazer, um privilégio e uma mais valia! :)
tenho (temos) que ir a S. Miguel, para "aquele abraço" ao vivo e a cores! :)
beijocasssss
vovómaria :)

Antuã disse...

Os capitalistas são arrogantes, vigaristas, provocadores, castrados mentais e o resto é conversa.

Anónimo disse...

Eu, nativa de Almada, senti um calorzinho bom no peito quando soube da decisão tomada pela A. M.de Almada.
Almada não é só um exemplo na Cultura, particularmente no Teatro.

Campaniça

samuel disse...

Daniel (de Sá... tipo das ilhas):

Eu, que "sofro" alguns, não poderia estar mais de acordo com o que dizes sobre o anonimato,,, sempre que ele não é uma questão de discrição ou modéstia, mas uma forma de poder atacar e insultar, cobarde e anonimamente.

Sobre as famosas "teorias da conspiração"... estamos conversados. :-)))
Seja como for, compreendo as pessoas que por excesso de proselitismo e défice de informação, acabam por vezes a, num mesmo texto, condenar um acto... e ao mesmo tempo, achar que não aconteceu. Mas não gosto de ver!

Quanto ao "anti-americanismo", felizmente não gasto desse produto. Infelizmente, porém, o tanto que gosto e admiro as coisas "americanas" de que gosto e que admiro... não é o suficiente para "compensar" o resto. Por isso, tento quanto posso, manter em vasos separados as canalhices produzidas pelo "império" à escala global e as coisas que amo, quase todas criações artísticas, ciência, humanidade... feitas por gente boa que há por lá aos milhões.
Pena... que não sejam (ainda) suficientes para mudar aquilo e fazerem da sua "américa" realmente um "sonho" e não o pesadelo em que se tornou.

Um grande abraço.

Ana Martins disse...

E FEcham todo o dia no 25 de Abril e 1º de Maio assim como no Natal e Ano Novo!
Grande autarquia!
Cá por Coimbra nem cheiro disso!

trepadeira disse...

Passo a passo,passo a passo.
Às vezes impaciento-me.

Um abraço,
mário

Graciete Rietsch disse...

Apenas quero exprimir a minha satisfação pela decisão da Assembleia Municipal de Almada sobre as grandes superfícies e o meu desacordo com o uso do anonimato, principalmente quando se atacamm ideias e pessoas.
Eu própri tenho muitas dúvidas sobre a existência e a morte de Bin Laden e outras coisas mais , mas assumo-o e não me escondo atrás do anonimato.

Um beijo.

Anónimo disse...

não foi só o leclerc que se lembrou do bodo às mães. o google tb

http://temposmodernos.blogs.sapo.pt/43386.html

Anónimo disse...

Meus Caros amigos, especialmente Vovó Maria e Samuel, obrigado pela complacência com que receberam as minhas críticas.
Samuel, a questão da América boa ou pérfida depende de facto da perspectiva com que se a olha. Quando eu penso nos EUA vem-me à ideia de imediato, por exemplo, um Mark Twain, um Bob Dylan, uma Joan Baez, um Louis Armstrong, um John Steinbeck, uma Rosa Parks, um Fulton Sheen, um Leonard Bernstein… Mas, claro, basta uma decisão instantânea de um qualquer Bush para virar do avesso o mundo de harmonia que aqueles tentaram criar e em parte conseguiram.
Abraços.
Daniel

samuel disse...

Daniel:

... e o Paul Robeson, o Pete Seeger, uma porção de gente da lista negra do "alucinado" McCarthy... mais uma data de malta nova que faz coisas fantásticas... :-)))

Abraço.

Fernando Samuel disse...

E viva a Assembleia Municipal de Almada!

Um abraço.

Anónimo disse...

Caro senhor Daniel(1º visitante).
Como não gosto de passar por parvo (segundo o senhor) convido-o a visitar o Resistir.info a partir do ataque ás torres gémeas para ler muito do que se passou e concerteza mudará de opinião. Eu acompanhei e tenho diversos artigos gravados. Também aqui neste ataque se passou o mesmo que em Pearl Harbour : O presidente dos EUA não se interessou pelo assunto que se estava a passar.
Quantyo a eles salvarem a Europa na 2ª guerra é interessante a sua visão ou então leu muito pouco sobre o assunto. É que toda a gente sabe o tempo que eles demoraram a entrar na guerra esperando que o Hitler conseguisse bater os soviéticos. E só para saber quantos americanos morreram? É que soviéticos foram 20 milhões ou é mentira?.
Lá que diga que tem as suas ideias é uma coisa outra é querer chamar parvas ás ideias dos outros.
Vitor sarilhos

Anónimo disse...

Caro Vítor Sarilhos
Meti-me em sarilhos, não foi? Ainda se fosse em Sarilhos Grandes, poderia comer umas deliciosas enguias. Assim, sou simplesmente parvo. Já percebi, apesar de o ser.
Daniel de Sá

Anónimo disse...

Daniel de Sá, deu-lhe corda agora vai ter Sarilhos! E nota-se que é "especialista" em II guerra mundial, versão Tratado Russo-Alemão...

Vila do Porto

Anónimo disse...

Ai, Vila do Porto da minha alma, de ontem para hoje mudei de opinião. Já acredito em tudo. Que os americanos provocaram o ataque a Pearl Harbour, que nunca puseram as botas na Lua, que se atacaram a si mesmos nas Torres Gémeas, na quadratura do círculo, em fantasmas, que os comunistas comem criabcinhas ao pequeno-almoço, tudo, tudo, desde que evite sarilhos.
Um abraço.
Daniel

Anónimo disse...

Daniel de Sá, espero que tenha entendido que o "especilista" era o outro e nas matérias indicadas! E faz bem, Sarilhos só se forem Grandes...